noite suja do itaim paulista
não traga hoje, eu suplico
para dentro do meu coração
a tristeza homicida
das favelas florescidas
às beiras dos seus córregos mortos
não derrame nos meus ouvidos
o aço fervente das navalhas
da sua dor enferrujada
partida em infinitos estilhaços
espalhados pelos becos devorados
na escuridão medonha
dos points de prostituição
e crackolândias lancinantes
não despeje nos meus dentes
hoje não
a corrosiva tristeza fétida
dos pássaros noturnos que aplaudem
com uivos metálicos e dilacerantes
a sombra pavorosa dos abismos velozes
sobre desempregados, bêbados e viciados
sem falar das suas crianças cinzentas
nos semáforos sem futuro
não embrulhe hoje o meu estômago
com o cheiro das canções suicidadas
por águias rapineiras pousadas
nas cabeças dos espantalhos vigilantes
em entradas e saídas da cptm
na vila mara, itaim e jardim romano
que vomitam nas ruas pobres
oh noite suja
seus estudantes tristes
e seus trabalhadores derrotados.
akira -03/01/2011.
Ola amigo Akira,
ResponderExcluirQue beleza de poema meu caro...que coisa mais triste e ao mesmo tempo profunda...parabéns
Minha aflição sem cura, caro zelador do Brooklin, tem dias que vejo algumas coisas que o vômito sobe até a garganta, até o cérebro.
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