quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Boleto


hoje de manhã cedinho

o tempo veio atrás de mim

com boletos e faturas

de cobranças nas mãos

 

com contratos e prazos

promissórias, pré-datados

e todos os pecados passíveis

de punição na boca impiedosa

 

e com a mesma frieza glacial

dos agiotas e dos serial killers

nos olhos eternos

 

akira – 31/10/2012.

Voyeur



como camuflar o cheiro
de uma dália vermelha
noturna e solitária?

como ignorar o impácto
dos seus seios adormecidos
incendiando a manhã?

akira – 31/10/2012

Um momento histórico: Sacha e Raberuan no 1º de maio de Ermelino



01/05/2012 – Ermelino Matarazzo.
O capitão da PM disse que havia um público
de mais de 30.000 pessoas nesse dia o que
evidentemente é um exagero, mas a verdade
é que tinha gente pra caráio, gente saindo
pelo ladrão. No palco, com a consciencia e a
certeza de que participávamos e éramos
testemunhas de um momento histórico que
nunca mais seria repetido, estávamos lá
Rodrigo Marrom, Luisinho Gago, Claudemir
Dark'ney Santos, Tiago Araujo, eu, Sacha e
Raberuan. Um momento histórico porque
depois da separação anos atrás, Sacha e
Raberuan nunca mais fizeram um show juntos,
sei lá porque, perda de tesão, mágoas não
resolvidas ou simplesmente por falta de uma
oportunidade que os juntasse, a verdade é que
nunca mais reviveram aquela química e magia
que somente juntos eles conseguiam produzir
no espaço sagrado de um palco ou picadeiro.
Um momento histórico, posso dizer em alto e
bom som, que aconteceu porque eu e só eu
pedi para Sacha e Raberuan que fizessem o
show juntos, travestidos como Sacha e Raberuan
dos velhos tempos, mais que pedi, insisti, persisti,
ameacei, supliquei, chantageei, até que por fim
os venci pelo cansaço. Na verdade, na verdade,
acho que era tudo que eles queriam mas não
davam o braço a torcer, e precisavam de alguem
que fizesse essa ponte, ufa, eu só não sabia que
seria tão difícil. Um momento histórico porque
nesse dia baixaram nos Sacha e Raberuan os
mesmos Sacha e Raberuan de antigamente que
conseguiam fazer um público que não conhecia
o seu trabalho, cantar "Jangadeiro", "Compadre
Zeca" e "Chão Americano" sem nunca ter ouvido
estas canções antes. Pena que não temos
nenhum registro de áudio dessa apresentação
histórica e sobraram apenas essas fotos que foram
clickadas pelo incrível Eduardo Murena da Silva,
numa Kodak daquelas bem fubá que eu tinha.
Eu estava lá, véio, e tenho orgulho de ter juntado
Sacha e Raberuan para essa apresentação e de
lambuja ainda falei uma meia dúzia de poemas.
Pena que isso nunca mais se repetiu.

Akira - 30/10/2012.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tanto faz



vou dormir assim mesmo
de manhã tomo um banho
ninguem verá diferença

akira – 31/10/2012.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Bom dia, meu amor

que bom que o desejo
sobreviveu pela manhã
quando fronhas e hálitos
madrugaram dormentes

que bom que o desejo
pairou durante a manhã
em céus de esquecimentos

entretantos e entredentes

que bom que o desejo
doeu nos ovos totalmente
em dor completa e matinal
em dor inquieta e urgente

akira – 29/10/2012.

"Bentevi, Itaim" na Casa das Rosas

Aviso aos navegantes: Estarei no dia 03/11/2012, na Casa 
das Rosas, no Sarau "A plenos pulmões", de Marco Pezão, 
Carlos Galdino e Jaime Matos, realizando mais um 
 lançamento do livro/CD "Bentevi, Itaim", Estarei em 
companhia dos meus comparsas Silvio Kono e Silvio de
Araujo, poetas, músicos e compositores que dispensam
maiores apresentações. Confiram a programação abaixo e
apareçam por lá, garanto que não se arrependerão.

Um abraço do Akira.


SABADO 03 DE NOVEMBRO
AS 19:30 HS NA CASA DAS ROSAS
TEM SARAU A PLENOS PULMÕES

Varios Lançamentos :

. Lançamento do Livro do poeta Akira Yamasaki, com Livro 
. Lançamento + CD, chamado "BENTIVI, ITAIM" ,
  interpretado pelo musico e compositor Silvio Silvio de Araujo.
. Lançamento do Livro da poeta Flá Perez, "POESIA SE 
  ESCREVE COM T"
. Lançamento do CD poesias cantandas Dandy Poeta Poeta, 
  chamado " MÚSICA EXPRESSÃO DA FALA "

ENTRADA FRANCA MICROFONE E PALCO ABERTO
Av. Paulista ,37 Casa das rosas
Apresentação : Marco Pezao, Carlos Galdino e Jaime Matos
 

domingo, 28 de outubro de 2012

"Guaxinim", de Severino do Ramo e Éder Vicente, com Gildo Passos

Severino do Ramo, poeta genial que militava no MPA 
no final dos anos 70 e início dos anos 80, estava sempre 
um passo à frente e um degrau acima de todos nós, 
pobres mortais, que gravitávamos à sua volta. Nos dias
de hoje com a causa e a tragédia dos Guarani - Kaiowás
pipocando nas mídias, vale lembrar "Guaxinim", poema
de Severino do Ramo musicado por Éder Vicente, talvez
em 1979 ou 1980, não sei precisar a data.
No dia 11/05/2012, no Sarau da Casa Amarela, o
grande Gildo Passos tirou "Guaxinim" do limbo e
emocionou a todos os presentes no evento ao cantar o
massacre dos Potiguares, tribo da qual Severino era
descendente. Akira.


"Curumim Aiçó", de Severino do Ramo, Sacha e Raberuan, com Luiz Casé.

A tragédia indígena no Brasil sempre foi tema com 
presença forte na arte produzida pelo Movimento 
Popular de Arte, o MPA de São Miguel Paulista, 
no final dos anos 70 e início dos anos 80. 
No MPA, o genial poeta Severino do Ramo foi o 
cara que mais se aprofundou no tema do genocídio 
dos índios brasileiros, cantado e denunciado por ele 
em inúmeros poemas comoventes e transbordantes 
de lirismo, inconformismo e generosidade. Uma 
amostra do engajamento de Severino do Ramo é a 
canção "Curumim Aiçó", poema de Severino que foi
 musicado por Sacha e Raberuan, e interpretado 
pelo grande Luiz Case no disco do MPA. Ouçam e 
não tenham vergonha se chorarem. Akira.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

2ª feira



o poema não é
esse sol que passa
essa nuvem que passa
esse dia que passa

o poema não é
esse carro que passa
essa mulher que passa
esse homem, essa criança
essa vida que passa

o poema não é
esse filme que passa
na cabeça da balconista sonhadora
simpática mas ridícula
na sua touca higiênica de redinha
que lava o copo e serve
esse copo de cachaça
ao namorado que beija
o braço nú dessa moça apaixonada
que preenche essa vida de graça

o poema não é
o pão quentinho dessa padaria
esse copo de cerveja
essa tarde besta
essa folga de segunda-feira
essa farmácia vazia
essa lágrima inoportuna
sem lugar nem porquê

o poema não é
esse posto de gasolina
essa tarde escaldante
essa mulher grávida que grita no orelhão
esse número de candidato a vereador
essa ambulância do samu
que passa avisando
que o tempo passa

o poema não é inútil
mas não tem utilidade
não salva vidas

o poema talvez seja
apenas um caminho
uma inscrição sem importância
no muro da escola:
- jéssica, pôrra
  eu te amo

akira – 22/10/2012.

domingo, 21 de outubro de 2012

Nilson Galvão, poeta de cabeceira



Nilson Galvão é um poeta baiano a quem admiro
muito, inclusive, tenho um livro dele, o "Caixa
Preta", que é essencial e de cabeceira. Eu o
conhecia somente digitalmente mas na última
5ª feira tive a oportunidade de abraçá-lo
pessoalmete, junto com meu irmão de fé
Escobar Franelas, quando fomos encontrar
Nílson e Emilia que fizeram um razante por
Sampa de dois dias.
Ficamos de bate-papo num boteco da Augusta e
a impressão que tive é que ao vivo ele é mais
fascinante e cativante ainda, e jovem demais
para tanta maturidade poética.
Desse encontro, um senão: a conversa foi tão
boa e produtiva que acabamos perdendo a noção
do tempo e eu acabei perdendo o último
micro-ônibus que faz o rodízio Metrô Itaquera ao
Metroclube, onde tinha deixado meu carro.
Paciencia, em plena uma da manha, ainda
dominado fortemente pelas imagens e
impressões da conversa com Nilson, Emilia e
Escobar, fiz na canela o escuro, deserto e longo
trajeto para o Metroclube.

Akira – 12/10/2012.