terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sarau da Casa Amarela com Fábio Lima


Pessoal, vem aí o 9º Sarau da Casa Amarela com
uma programação imperdível, misturando poesia,
música e artes plásticas. Será no dia 09/03/2012
no formato de sempre, ou seja, microfone aberto
a todas as expressões e linguagens artísticas
presentes.
De quebra teremos nesse dia um convidado pra lá
de especial, o imenso poeta e compositor FÁBIO
LIMA, excepcional vocalista do Semente Africana,
importante e tradicional grupo musical que é
coração e vóz da Cidade Nova, que recitará seus
poemas, cantará suas canções e falará sobre a
imensidão da sua arte e carreira.
E como se tudo isso fosse  pouco teremos ainda a
abertura da exposição de arte abstrata que o poeta
e artista plástico HERON ALCANTARA realizará na
Casa Amarela, combinando vários segmentos de  
expressão como pintura em tela até esculturas com
material reciclável. Detalhe importante: cada
trabalho é acompanhado de um poema relacionado
à obra.

9º SARAU DA CASA AMARELA

Data             09/03/2012
Horário         20h30
Local            Casa Amarela
                   R Julião Pereira Machado, 07
                   (rua do Colégio Hugo Takahashi
                   próximo à Sabesp)
                   São Miguel Paulista – São Paulo
Convidado     Fábio Lima
Realização     IPEDESH e Alucinógeno Dramático

Akira – 28/02/2012.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Guerra de Interesses, de Gildo e Roberto Claudino

Compartilho clipe com a música "Guerra de Interesses",
de autoria de Gildo Passos e Roberto Claudino, que faz
parte do repertório do CD do Gildo, que estamos
finalizando pelo Projeto Memória Musical em São
Miguel Paulista. Para quem não sabe Roberto Claudino
é um poeta imenso e genial da Zona Leste de Sampa, se
não me engano, nascido na Penha, que participou do
Movimento Popular de Arte, o MPA, quando montou
com Gildo, Eder Vicente e outros músicos e poetas, o
Grupo Migalhas na Mesa que incendiou o cenário
musical da região na década 1980.
As fotos do clipe emblematizam aqueles anos loucos
quando os nossos palcos eram as praças, éramos
jovens, e tudo era possível.

Akira - 26/02/12.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cicatriz

eu era só um menino num imenso pomar
à sombra de mangueiras e pés de ponkan
por pássaros complascentes testemunhado
um avô bêbado e triste dançava para mim

canções imemoriais de pânicos e ausencias
trazidas de um país distante e melancólico
por homens e mulheres de olhos puxados
em longas travessias de noturna diáspora

eu era um menino só numa tarde qualquer
numa cidade pequena e perdida do interior
onde aprendia os mistérios do verbo partir
durante horas eternas na estação de trem

até que um dia, anjos errados e errantes
cicatrizaram gestos, palavras, movimentos
e o coração nostálgico de um velho bêbado
no destino e nas mãos do menino amarelo

akira – 25/02/2012.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Espera

onde espero você
pássaros e flores
são sobreavisados

conforto e canções
eles irão oferecer
quando você chegar

quando espero você
as horas rastejam
lentas como lesmas

ao seu lado, depois
num piscar de olhos
vaza o tempo de mim

akira – 24/02/2012.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Alguma coisa

alguma coisa caiu
fez barulho de metal
no piso da minha alma
semelhante ao punhal

alguma coisa caiu
foi a chuva no telhado
talvez o vento varrendo
meus silencios pesados

alguma coisa caiu
enlouqueceu os rumos
das rosas dos ventos
no céu do meus prumos

alguma coisa caiu
no chão dos olhos meus
um desespero de asas
fez barulho de adeus

akira - 23/02/2012.

Origamis

quando sinos cobram
em alto e claro som
pelo troco da desdita
do pássaro indagante

quando o peso infame
de mil dores indígnas
dobra o corpo e o mar
do pássaro incitante

quando baixam marés
e os choros regressam
do muro da garganta
do pássaro intrigante

quando bolha de sabão
o entendimento degenera
e se dissolve nos olhos
do pássaro instigante

origamis de grous azuis
no catre da emergencia
adormecem nas mãos
do pássaro inquietante

akira - 23/02/2012.

Cão triste

um cão caminha triste
sem raiva nem culpa
sem amigos ou donos
o rabo entre as pernas

sem sonho ou memória
meio torto de um lado
um cão caminha triste
tristeza de cabeça baixa

akira - 23/02/2012.

Riachos e oceanos

imploro, meu deus, liberta-me desse limbo
não aceito a sentença firmada em seu cartório
não mereço o catre imundo desse purgatório
porque dentro de mim ainda tenho oceanos
e crianças cegas empinam pipas no meu céu
nos meus pés riachos murmuram planos
cidades, futuros, utopias e poemas malditos
que cortam a neve dos meus cabelos insanos

akira - 23/02/2012.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bloqueio

meu fio d’água
de versos limitados
definhou de repente
evaporou ao vento
ressecou no sol
esturricou

restou em seu lugar
escura e deserta grota
estéril e desolada greta
onde não nasce mais
nem mesmo capim ruim
ou míseros versos
de pé quebrado

akira – 09/02/2012.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Desse Fruto, clipe caseiro

Estávamos numa segunda-feira à tarde, no início de 2010,
no Bar do Wlad em Ermelino Matarazzo, estávamos eu,
Osnofa e Raberuan, enchendo o rabo de pinga e cerveja,
tentando morrer um pouco mais rápido e escolhendo o
repertório do “PRA MIM”, CD do Osnofa, que seria gravado
pelo Projeto Memória Musical em São Miguel Paulista.
Lembro que fui contra a inclusão de “Desse Fruto” no CD
porque já tinha sido gravada por gente do naipe de Edvaldo
Santana, Veronica Ferriani e Zélia Duncan e achava que
não valia a pena desperdiçar uma faixa com essa canção
quando haviam tantas outras inéditas do compositor e
poeta à espera de registro, mas fui convencido por Osnofa
e Raberuan que argumentaram que gravariam a música na
mesma pegada, andamento e sonoridade com que foi
composta em 1979.
“Desse Fruto” é uma canção de Osnofa, Edvaldo Santana e
Akira Yamasaki. No “PRA MIM” ela foi interpretada por
Osnofa e teve arranjos de de Mizão e Mizinho de Carvalho,
E Direção Musical de Cléston Teixeira e Raberuan, com
Produção e Direção Geral de Edsinho Tomáz de Lima e
Akira Yamasaki. A Montagem e Edição do Clipe é de Sueli
Kimura e o resultado é esse a seguir.

Akira – 05/02/2012.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

João Caetano, o meu poeta mais preferido

Prezado Adalberto Akira:

Eu sou o João Caetano. Nem sei  se você ainda se lembra de mim.
Faz, creio eu, quase trinta anos que não o vejo, nem a Sueli. Dia
desses, não lembro quem, me disse que o Raberuan estava doente.
Não tinha mais contato. Pela internet, ao procurar pelo Raberuan,
descobri o blog da Sueli e o seu. Descobri também que o Raberuan
tinha morrido.
Descobri mais. Que seus filhos cresceram. Que a Clarice já e uma
moça, enfim, o tempo correu, deixando apenas rastros na ladeira
da memória e o futuro continuar a ser construído.
Como vai você. Como está o pessoal?
De minha parte, continuo morando no velho Itaim, procurando, à
medida do possível, continuar fiel aos princípios e dando murro em
ponta de faca. Tenho dois bebês, uma menina com 28 anos e um
menino com 25.
Mande um abraço pra Sueli também.
 
Em tempo – Ao ver o blog de vocês, revivi um pouco os velhos
tempos e resolvi arriscar a perpetrar uma pequena brincadeira
decassílaba que posto abaixo.
 
Abraço do velho (e bota velho nisso) amigo
 
João Caetano – 20/01/2012.

João

Nunca esqueci voce e o tenho na conta de amigo querido e amado,
como Cézar Baiano e Raberuan que perdemos no ano passado.
Nunca esqueci voce e várias vezes quase procurei voce para pedir
desculpas por algumas atitudes do passado motivadas por
intransigencias idiotas e palavras mal colocadas, mas não sabia
como seria recebido. Por isso esse "recado de um velho amigo"
aliviou a minha alma e tirou um fardo das minhas costas, voce não
imagina a minha alegria em receber essa mensagem. Fiquei muito
feliz com seus dois bebês, puxa, quase as mesmas idades de André
e Clarice, quero conhecê-los um dia.
Continuo no Jardim das Oliveiras, continuo no Metrô e em matéria
de murros em pontas de facas já sou diplomado. Fiquei mais feliz
ainda por constatar que a sua mão continua justa e precisa na
garimpagem dos versos, se voce permitir gostaria de postar a sua
"pequena brincadeira decassílaba" no meu blógue.


Um grande abraço do Akira.
26/01/2012.

Adalberto Akira:

Fiquei muito feliz com a sua resposta. Quando a gente remexe as
cinzas do tempo, as brasas se avivam e tudo volta de novo a
incendiar. Revivi os velhos tempos de nossa breve, mas
inesquecível convivência. Tempos que mudaram minha vida.
Tempos que deixaram marcas.
Ao descobrir seu blog , vi fotos, revi rostos, relembrei  de
tantas pessoas amigas. Pois é, o  tempo passou. Fiquei mais
velho. Uma das vantagens  e desvantagens  da velhice é
mergulhar nas lembranças e viver acossado pelo esquecimento. 
De nossos entreveros, confesso que esqueci, mas não me
esqueci de um poema seu, que até hoje sei de cor: “Pássaro
Cigano”. Sinto nele retratada um pouco da minha vida.
E é isto que ficou.
E por falar em vida, espero ainda revê-lo, enquanto estamos
vivos. Fica a dor pelos nossos amigos mortos. O Severino,
agora o Raberuan, o Cezar Baiano (da morte dele eu também
não sabia). Quero saber dos outros como estão, o que estão
fazendo, etc?
Me liga, vamos marcar um dia desses pra gente  conversar e
você me passar notícias dos amigos. Quanto ao poema, “Rimas
ao tempo”, fiz ele carregado pela emoção de redescobrir você e
a Sueli  através do blog. Portanto, considero-o como sendo seu.
Faça dele, o que achar melhor. Ele era mais longo, mas podei
alguns versos. Ao reler, com os cortes, achei que ficou um pouco
sem sentido.  Daí, fiz umas pequenas, poucas mudanças, como
você verá abaixo.

Abraço:
 
João Caetano – 30/01/2012.

Rimas ao tempo

Muito se perde no varrer do vento
As coisas viram pó, merda, excremento
E a gente corre com os passos lentos
Frágeis naufrágios no barco do tempo
Dores que se afogam sem um só lamento.
Mas ressurgem, indômitos rebentos,
Nas vidas mornas, sem contratempos,
Cantos de vida, gritos de contento
Restos de aurora em nosso firmamento.
Mágica poção, de um estranho ungüento,
Passado que escapa do esquecimento
Fonte de vida, aos lábios sedentos,
De nossas chagas, cura os ferimentos
Por tantas mortes, um renascimento.

João Caetano - 30/01/2012.