quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Cida
na zona leste
amanhecida
a manhã é cida
akira - 28/08/2013.
(haikaizinho de pé torto para a minha irmã e comadre
cida ferrari dos santos, escritora que nos anos setenta
escreveu dois livros essenciais para o conhecimento e a
compreensão da resistência e da luta dos movimentos
populares da zona leste por melhores condições de vida,
derrubada da ditadura e democratização do país. um
deles, o "zona leste, meu amor", reli na 2ª feira - 26/08,
com lágrimas incontroláveis nos olhos ao relembrar dois
grandes amigos, dentre outros, e heróis do povo presentes
nas páginas do livro: o messias da favela do robrú, já
falecido, e o elgito boaventura do 1º de outubro de quem
nunca mais tive notícias. comadre cida teve recentemente
alguns problemas de saúde mas só estamos aguardando a
sua pronta e total recuperação para recebê-la no sarau
e/ou blábláblá da casa amarela para falar sobre seus livros
e sobre os heróis anônimos da resistência popular nos anos
de chumbo na zona leste de sampa. um grande abraço,
minha comadre.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
16º sarau da casa amarela, uma lição de vida com Alessandro Buzo
quando digo que sou o cara mais desligado do mundo
ninguém acredita mas é a mais pura expressão da
verdade. apesar de morar no itaim paulista / curuçá
há 49 anos eu não sabia da existência de alessandro
buzo até o início deste ano quando fui apresentado a
ele no sarau dos umbigos, em uma edição em que a
galera dos umbigos estava homenageando o meu
chapa edvaldo santana e na ocasião o buzo estava lá
com uma câmera e alguns holofotes entrevistando os
presentes ao evento e sem mais essas ou aquelas ele
disparou um convite para eu lançar o meu livro, o
“bentevi, itaim”, e ao edvaldo para lançar o seu cd, o
“jataí”, na livraria suburbanos convictos, em um sarau
que ele realiza às 3ªs feiras no bixiga. como eu não o
conhecia perguntei ao meu amigo daniel marques, um
dos organizadores do sarau dos umbigos quem era o
tal de buzo e então eu soube que ele era um poeta do
itaim paulista, um contista, escritor, cineasta, um
cara
ligado ao hip hop e fazia um quadro sobre movimentos
culturais na periferia para o sptv da globo. imaginem,
um cara assim, nascido e morador na itajuibe, quase
ao lado da minha casa e eu nunca tinha ouvido falar
dele, sou um desligado mesmo. se eu fiquei meio de
nariz torcido com o buzo no começo, pensei, um cara
das quebradas do itaim fazendo matérias para a globo
sobre arte e cultura na periferia, isso desapareceu
quando estive na suburbanos convictos para lançar o
meu livro e, com mais calma, ele me resumiu a sua
trajetória de vida, a infância pobre e difícil no
itaim,
os subempregos na juventude, o envolvimento com
drogas, o trem da central lotado no pico e o destino
de anonimatos ou coisas piores que já vem traçado
no dna dos que nascem nas quebradas da periferia e
o resgate para a vida através da arte, - fui salvo das
drogas e da miséria pelo hip hop, ele diz, fazendo da
adversidade o seu negócio quando escreve um livro de
contos e poemas sobre suas experiências dolorosas
no percurso itaim ao bráz e vice-versa no horário de
pico no último vagão da variante, o vagão do baseado
onde centenas de vezes fiquei muito louco por tabela.
- tudo começou no vagão do baseado, ele diz. puta
história, pensei, precisa ser contada no sarau da casa
amarela e sem pensar duas vezes eu o convidei. e não
é que ele veio ontem? veio, sim, para nos dizer que é
possível construir um caminho com honestidade,
ternura e generosidade sem ter que pisar nos manos e
nos compadres.
akira – 26/08/2013.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Matinê
nem vou contar
para que ninguém
morra de inveja
plena segunda
quatro da tarde
eu e sueli kimura
no cinema do sonda
comendo pipoca
e assistindo wolverine
akira - 20/08/2013.
para que ninguém
morra de inveja
plena segunda
quatro da tarde
eu e sueli kimura
no cinema do sonda
comendo pipoca
e assistindo wolverine
akira - 20/08/2013.
Desterro
na luz da tarde
um vento de desertos
apaga nos meus olhos
camadas ressequidas
de emoções exiladas
viro uma por uma
milhares de páginas
de lembranças banidas
e não encontro mais
a rua da minha casa
onde foi que me perdi?
onde foi que não voltei?
fiquei do outro lado
da rua da sua casa
sob a garoa da saudade
ficou no meu coração
enterrado para sempre
o punhal do seu perfume
akira – 18/08/2013.
um vento de desertos
apaga nos meus olhos
camadas ressequidas
de emoções exiladas
viro uma por uma
milhares de páginas
de lembranças banidas
e não encontro mais
a rua da minha casa
onde foi que me perdi?
onde foi que não voltei?
fiquei do outro lado
da rua da sua casa
sob a garoa da saudade
ficou no meu coração
enterrado para sempre
o punhal do seu perfume
akira – 18/08/2013.
Pedro, de Raberuan
"pedro" é uma das mais belas e dolorosas canções de raberuan
que foi registrada pelo ipedesh no projeto memória musical em
são miguel paulista, em 2004, no cd "tião", de raberuan.
"tião"
foi gravado no musical em mi estúdio, com arranjos emocionantes
de mizão e mizinho de carvalho, direção musical de raberuan, e
teve produção e direção geral de edsinho tomaz de lima e akira
yamasaki. a edição do clipe é de cieila nogueira e as fotos são de
autoria de sueli kimura e foram registradas no 1º sarau da casa
amarela, no dia 01/04/2011.
akira - 17/08/2013.
domingo, 11 de agosto de 2013
Pássaro sonhador
filha, eu não quero
que você caia e se machuque
que arranhe joelhos e mãos
mas sei que agora é hora
de você aprender a andar
de bicicleta, skate ou patins
filha, eu sinto muito
se você chorar de decepção
com o mundo e as pessoas
mas este é o seu momento
e não posso impedir você
de aprender a voar sozinha
então vá agora, filha
oh, meigo pássaro sonhador
e se atire no infinito azul
com suas asas de utopias
mas antes prometa voltar
se precisar de mim um dia
akira – 11/08/2013.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Ganhei de presente de João Caetano
Feliz aniversário tio Akira Yamasaki:
Akira expõe pra toda a gente
Essas duras marcas do tempo
Poemas que servem de unguento
Para a dor que nos arrebenta
É a dor que o tempo sempre traz
A quem tanta vida contempla.
João Caetano do Nascimento.
Akira expõe pra toda a gente
Essas duras marcas do tempo
Poemas que servem de unguento
Para a dor que nos arrebenta
É a dor que o tempo sempre traz
A quem tanta vida contempla.
João Caetano do Nascimento.
Ganhei de presente de Gilberto Braz
De Akira.
aqui
há
um cara
de pele amarela
curtida
que nem pele
nordestina
de olhos
úmidos
pela vida
e que semeia
até onde
a pedra
apodrece
onde não dá poesia
ele cava
e joga duas sementes
como quem não quer nada.
é assim
que a palavra cresce.
gilberto braz.
aqui
há
um cara
de pele amarela
curtida
que nem pele
nordestina
de olhos
úmidos
pela vida
e que semeia
até onde
a pedra
apodrece
onde não dá poesia
ele cava
e joga duas sementes
como quem não quer nada.
é assim
que a palavra cresce.
gilberto braz.
Ganhei de presente de José Vicente de Lima
Conhecí o Akira Yamasaki no final
dos anos setenta, pouco
depois da fundação do Movimento
Popular de Arte. Naquela
época todos eram amigos ligados por
ideais. As amizades de
fato eram as já existentes entre
aqueles que se uniram em
torno de um objetivo comum pela arte e pela cultura. O Akira
tinha seus amigos, eu tinha os
meus. Nunca tivemos tempo
pra sentar e trocar idéias sobre
poesia ou política. Não
tivemos chances reais de conhecer
um ao outro mais
profundamente. Então tudo se
baseou no respeito. Eu
escrevia poemas, então prestei
atenção aos poetas do MPA.
Muito bons poetas, devido ao
farto material que possuíam
vindos da dificuldade de viver
num momento difícil da nossa
história e da vida sofrida dos
imigrantes nos bairros da
periferia. Estávamos em plena
ditadura militar. Vigiados e
censurados o tempo todo. Era um
tempo romântico cheio de
artistas quase inocentes e
idealistas. E na poesia, o Akira
sempre foi o mais inquieto, o
mais visceral, o que não tinha
medo de se expor e por conta
disso ganhou um respeito
incondicional de todos aqueles
que o rodeavam na época,
muitos desses que ainda hoje o
cercam. Não poderia ser
diferente comigo. A minha
admiração por esse grande poeta
trago comigo desde aqueles anos
e ela só cresce quanto mais
velhos ficamos. Tivemos coisas
em comum. Nos distanciamos
um do outro pelas circunstâncias
da vida, mas nunca nos
desligamos. E com a chegada
dessas redes sociais à internet
tivemos á chance de nos
reaproximar. Foi lendo o blog do
Akira que me veio a vontade de
voltar a escrever poemas com
mais freqüência, coisa que havia
abandonado por falta de
motivação e que durou longos anos. Penso que
conversamos
mais nos últimos dois anos do
que em todo o tempo que o
MPA existiu. Tive a oportunidade
de conhecer o homem, o pai
de família e o amigo Akira
Yamasaki. Hoje tenho muito orgulho
de fazer parte de sua vida e de estar entre
seus amigos. Sei da
sua sinceridade e do seu
respeito e espero continuar merecendo
a sua consideração. Hoje é
aniversário do Akira e eu faço aqui
todas as minhas homenagens a
esse grande poeta e grande
amigo.
Zé Vicente 08.08.2013.
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