quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
flá
tive que ameaçar
com as torturas
mais dolorosas
tive que chantagear
com uma greve de fome
de mais de um mês
tive que cortar os pulsos
e implorar de joelhos
mas finalmente consegui
flá perez disse sim à casa amarela
ela, poeta imensa e essencial
confirmou que virá sim
ao 40º sarau da casa amarela
e de quebra fará o lançamento
do seu livro ANTROPOFLÁGICA
alguém vai querer perder?
vai ser no dia 21/11/2015
vai ser num sábado às 16h
vai ser na casa amarela:
rua julião pereira machado, 07
são miguel paulista - são paulo (perto da sabesp
e em frente ao colégio hugo takahashi)
canção para homenagear clarice
feliz aniversário, clarice
não vou chover no molhado
e ficar repetindo, enfatizando
e reiterando que te amo
feliz aniversário e pronto
um bom lugar
música: xavier, fernando tavares e ronaldo ferro
letra: akira yamasaki
voz e violão: ronaldo ferro
baixo: francisco xavier
tem um lugar
muito distante
dentro de mim
onde nem eu
consigo chegar
tão longe assim
um bom lugar
lá não existe
nada de ruim
é onde eu irei
quando estiver
perto do fim
música: xavier, fernando tavares e ronaldo ferro
letra: akira yamasaki
voz e violão: ronaldo ferro
baixo: francisco xavier
tem um lugar
muito distante
dentro de mim
onde nem eu
consigo chegar
tão longe assim
um bom lugar
lá não existe
nada de ruim
é onde eu irei
quando estiver
perto do fim
clóvis 12
mãe é mãe sempre
e para provar o dito
a do clóvis foi a única pessoa
que compareceu ao seu velório
enterro e missa de sétimo dia
sobre o seu caixão
apenas uma coroa de flores:
- saudades da sua mãe
ninguém mais veio
para o adeus final
nenhum amigo
ou colega de serviço
nem seus filhos vieram
somente ela ficou até o fim
na doença, agonia e morte
mesmo que por obrigação
akira - 22/12/2015.
apenas uma coroa de flores:
- saudades da sua mãe
ninguém mais veio
para o adeus final
nenhum amigo
ou colega de serviço
nem seus filhos vieram
somente ela ficou até o fim
na doença, agonia e morte
mesmo que por obrigação
akira - 22/12/2015.
véspera de natal
1
aqui na vila onde moro
no jardim das oliveiras
parece que não é natal
aqui na vila onde moro
no jardim das oliveiras
parece que não é natal
de cada dez casas aqui
dez não fizeram este ano
a decoração tradicional
2
sopram ventos de infâmia
neste natal de temores
rancores e descrença
um rio de ódio monstruoso
germina no útero do medo
e separa o país em dois
o ódio, serpente devoradora
de inteligência e argumentos
conduz às armas
as armas aos tiranos
os tiranos, às tiranias
então os homens de boa vontade
viram espécie em extinção
caçados à bala
3
talvez esse natal
ainda pegue no tranco
e até engate uma segunda
mas pelo andar dos trenós
ele vai ficar mesmo
em ponto morto
akira - 24/12/2015.
dez não fizeram este ano
a decoração tradicional
2
sopram ventos de infâmia
neste natal de temores
rancores e descrença
um rio de ódio monstruoso
germina no útero do medo
e separa o país em dois
o ódio, serpente devoradora
de inteligência e argumentos
conduz às armas
as armas aos tiranos
os tiranos, às tiranias
então os homens de boa vontade
viram espécie em extinção
caçados à bala
3
talvez esse natal
ainda pegue no tranco
e até engate uma segunda
mas pelo andar dos trenós
ele vai ficar mesmo
em ponto morto
akira - 24/12/2015.
estrangeiro
tenho algumas vezes
estremecimentos sutis
espécies de oscilação
na linha do horizonte
da pele da minha razão
um sentimento vago
a estranha impressão
de ser um estrangeiro
dentro do meu coração
akira – 28/12/2015.
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
oliveiras blues 8
dois tipos
de motoqueiros na noite escura
entregadores de pizza
e guardas noturnos
dois tipos
de vampiros na noite gelada
mercadores de corpos
e traficantes de drogas
dois tipos
de lobos na noite da lua sórdida
uivam o sono dos justos
em peles de cordeiros
o pastor de almas
que afana as economias dos fiéis
e o político que desvia
a grana da merenda escolar
dois tipos
de cavalos ainda estão de pé
feridos de morte
na noite derrotada
um deles sangra
pelos cortes e reza o pai nosso
o outro relincha de pavor
e implora perdão ao diabo
akira – 30/08/2015.
terça-feira, 23 de junho de 2015
minha rua
moro na rua assis freitas
esquina com a adriane garcia
e paralela à joelma bittencourt
que fica em bem frente
ao colégio gilberto braz
e próxima às praças francisco xavier
lígia regina, angela vilma
e joão caetano do nascimento
tenho no centro da retina ferida
do meu olho esquerdo quase cego
uma bola azulada e desesperada
parecida com o céu da minha infância
quando anoitecia e eu
não encontrava o caminho de casa
e malgrado o avanço das pesquisas
com as células tronco
nenhuma clínica oftalmológica
consegue descobrir a causa
da minha lesão
por conta da minha escuridão
quando acordo todos os dias
ajoelho e imploro com fé:
minha santa bianca velloso
minha santa rogéria reis
minha santa cris de souza
valei-me minhas poetas santas
da minha cegueira salvai-me
moro na rua escobar franelas
no número edsinho tomaz de lima filho
na vila luka magalhães
no bairro rosinha moraes
na cidade rafael da silva
do estado de sacha arcanjo
e posso ser encontrado ainda
na caixa postal do sarau da maria
e no cep éder lima
tenho uma flor silvestre
nas mãos deformadas
por calos de foices e enxadas
sou apenas um plebeu sujo
descalço e desajeitado
quebrando louças milenares
neste salão de nobres saberes
e pobres poderes
só tenho uma flor inculta
nas minhas mãos de borracheiro
e moro na rua josé pessoa
número selma bento baia
cep claudemir dark'ney santos
e sempre aperto a tecla sap para ver
se entendo alguma coisa
costumo banhar-me
no rio punky além da lenda
e na lagoa márcia barbieri
costumo dormir olhando as estrelas
um dia num banco do jardim de hideko
e noutro no colo doce e meigo
da praça queila rodrigues
só tenho uma flor iletrada
nas minhas mãos analfabetas
e procuro o incomum
nos lugares comuns
moro num país enorme
banhado pelo oceano raberuan
moro num país infinito
de nome edvaldo santana
e qualquer morte é bentivinda
ganhei um presente emocionante do meu compadre sérgio fantini
Há poetas que dominam todos os recursos técnicos da língua e fazem poemas habilidosos - mas não têm o que dizer; há aqueles que não sabem quantos versos tem um soneto, e não conseguem passar sua sincera emoção em versos capengas; e há várias nuances entre esses dois modelos. Akira Yamasaki tem muito o que dizer e usa sem receio a poesia para isso. E, apesar de dominar os ingredientes das receitas, dosa seu uso para contagiar o leitor sem artificialismo. Seu "Bentevi, Itaim" é de uma beleza singela, que não disfarça a potência poética do autor.
35º sarau da casa amarela
data: 21/06/2015 - domingo
horário: a partir das 15h
local: casa amarela
endereço: rua julião pereira machado, 07
são miguel paulista - são paulo (próximo à sabesp e em
frente ao colégio hugo takahashi)
convidados especiais:
. pérola negra, cantor
. francis gomes, poeta e cordelista
- lançamento do livro "semeando versos colhendo cordel"
. ademir assunção, poeta, compositor e jornalista
- lançamento dos livros "pigbrother" e "até lugar nenhum"
palco livre e microfone aberto
traga sua poesia e sua canção
traga sua alegria e sua emoção
quem vier será bentivindo
quem chegar será benchegado
endereço: rua julião pereira machado, 07
são miguel paulista - são paulo (próximo à sabesp e em
frente ao colégio hugo takahashi)
convidados especiais:
. pérola negra, cantor
. francis gomes, poeta e cordelista
- lançamento do livro "semeando versos colhendo cordel"
. ademir assunção, poeta, compositor e jornalista
- lançamento dos livros "pigbrother" e "até lugar nenhum"
palco livre e microfone aberto
traga sua poesia e sua canção
traga sua alegria e sua emoção
quem vier será bentivindo
quem chegar será benchegado
sé
sé
música: evandro navarro
letra: akira yamasaki
vozes: ronaldo ferro e evandro navarro
filmadora: francisco xavier
um nóia já ancião
e dez homem de fé
disputam territórios
no marco zero da sé
pútrida a noite descai
fedem na praça da sé
o cheiro secular
que não se esvai
de mijo, bosta e chulé
e dez homem de fé
disputam territórios
no marco zero da sé
pútrida a noite descai
fedem na praça da sé
o cheiro secular
que não se esvai
de mijo, bosta e chulé
sábado, 6 de junho de 2015
o buraco d'oraculo realiza homenagem ao mpa
em sua IX mostra de teatro popular de são miguel paulista,
no sábado passado - 23/05, o buraco d'oráculo prestou
uma singela mas emocionante homenagem ao movimento
popular de arte, o mpa, agrupamento de artistas que atuou
na região de são miguel paulista no período de 1977 a
1986 e exerceu poderosa influência no desenvolvimento
artístico do bairro. em nome de todos os companheiros
que fundaram e construíram a história do mpa fui lá com
edvaldo santana, sueli de oliveira, sacha arcanjo, zulu de
arrebatá e sueli kimura para receber e agradecer ao povo
do buraco pelo reconhecimento e homenagem. e como
não podia ser de outra forma tudo acabou em poesia e
cantoria em plena praça. muito obrigado, comadres e
compadres do buraco d'oraculo, deixo aqui a nossa
eterna gratidão por este gesto de amizade, afeto e
generosidade.
akira - 25/05/2015.
arte
o governador passa
um dia vira nome de rua
de escola ou de praça
a arte do povo
passa de boca em boca
de mão em mão e fica
akira - 25/05/2015.
governos são frágeis
governos são falsos
a arte é constante
a arte é permanente
e o artista perseverante
sacha - 25/05/2015.
1º de abril
cheguei na curuçá
vindo do interior
japinha pé de chinelo
no dia 01/04/1964
fumei dos 14 aos 48
e parei a pedido
de andré, meu filho
no dia 01/04/2000
junto com raberuan
fiz o primeiro sarau
da casa amarela
no dia 01/04/2011
hoje aos meia três
espero o primeiro de abril
do ano que vem pra ver se lá
consigo parar de beber
akira - 26/05/2015.
bentevi, itaim na banca da poesia
vou com o maior prazer
na banca da poesia
confesso que estou estou
honrado demais pelo convite
dedo mole 30
cruzei com o prezado
no cumbuca cheia do pernambuco
dando uma carteirada
nunca imaginaria isso dele
pra furar a fila da feijoada
ele olhou pra mim sem me ver
com seus olhos de bolas de gude
e eu fiquei me perguntando
se ele está cego mesmo
ou se é candidato ao oscar
eu fiquei me perguntando
o que é que meu amigo prezado
faz questão de não enxergar
andando sem cão guia e bengala
pelas ruas do oliveiras
o que será que ele viu
quando pediu uma mesa e sentou
numa cadeira destas de plástico
pra não ver com seus olhos de cego
o tudo e o nada?
akira – 06/06/2015.
pombas urbanas na casa amarela
comadres e compadres, a casa amarela recebeu na manhã de 24/05/2015 - domingo, com imensa alegria e não menos honra, a visita do pombas urbanas com quatro grupos de teatro gerados em suas oficinas, para uma troca de figurinhas, saberes, experiências, conhecimentos e reflexões, com o pessoal da casa amarela e com remanescentes do movimento popular de arte, o mpa, numa atitude colaborativa entre artistas populares de no mínimo três gerações diferentes que atuam na região. no fim a conversa acabou girando em torno da história do mpa mas já ficou marcado um novo encontro para um dos próximos blablablás quando esta ação colaborativa entre os grupos será aprofundada. no encerramento do evento teve até espaço para rápidas apresentações do grupo filhos da dita, primeiro grupo nascido nas oficinas de teatro do pombas urbanas, a quem a casa amarela agradece pela manhã maravilhosa proporcionada, e de poemas e canções dos poetas e músicos presentes.
japinha
onde vai essa japinha
de cabelos compridos
e olhos indefinidos?
essa japinha onde vai
com uma rosa nos cabelos
e uma roseira no vestido?
vai dançar no alberta
vai beber no astronete
ou comprar fruta na feira?
quem sabe a japinha
vai ficar aqui mesmo
no forró do oliveiras?
akira - 27/05/2015.
vai beber no astronete
ou comprar fruta na feira?
quem sabe a japinha
vai ficar aqui mesmo
no forró do oliveiras?
akira - 27/05/2015.
vem aí o mais imperdível de todos os saraus da casa amarela: o 35º
data: 21/06/2015 - domingo
horário: a partir das 15h
local: casa amarela
endereço: rua julião pereira machado, 07
são miguel paulista - são paulo (próximo à sabesp e em
frente ao colégio hugo takahashi)
convidados especiais:
. pérola negra, cantor
. francis gomes, poeta e cordelista
- lançamento do livro "semeando versos colhendo cordel"
. ademir assunção, poeta, compositor e jornalista
- lançamento dos livros "pigbrother" e "até lugar nenhum"
palco livre e microfone aberto
traga sua poesia e sua canção
traga sua alegria e sua emoção
quem vier será bentivindo
quem chegar será benchegado
sobre ademir:
Ademir Assunção (Araraquara/SP, 1961) é poeta e jornalista. Publicou livros de poesia, contos, romance e jornalismo, entre eles LSD Nô (1994), A Máquina Peluda (1997), Zona Branca (2001), Adorável Criatura Frankenstein (2003), A Voz do Ventríloquo (2012 – Prêmio Jabuti) e Faróis no Caos (2012). Gravou os CDs Rebelião na Zona Fantasma (2005) e Viralatas de Córdoba (2013). Integrou diversas antologias internacionais como Pindorama: 30 Poetas de Brasil (Buenos Aires/Argentina, 2000), New Brazilian & American Poetry (New York/EUA, 2003), Perfectos Extraños – Seis Poetas de Brasil (Cidade do México/ México, 2004) e 90-00 – Cuentos Brasileños Contemporáneos (Lima/Peru, 2009). Letrista de música, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Madan, Patrícia Amaral, Titane, Mona Gadelha e banda Nhocuné Soul. É um dos editores da revista literária Coyote, junto com os poetas Rodrigo Garcia Lopes e Marcos Losnak.
banca forte
rapáááá!!!! ontem à noite foi especial e emocionante como
somente uma vez na vida com muita sorte, pode ser para
alguém. fui lá com sueli kimura. ligia regina, eder lima,
euflávio góis, sacha arcanjo e josé pessoa também
foram comigo. fui lá eu, um tiozinho sexagenário, para me
encontrar com os poetas meninos e meninas da banca da
poesia, que é mais um projeto bem sucedido do movimento
aliança pela praça - o map, que tem protagonizado na cena
cultural em são miguel paulista um belíssimo momento de
resistência cultural ocupando há alguns anos, praças e
escolas no bairro com ações de arte e cultura. fui lá, falei,
gritei, cantei e dancei.
fui lá e disse que também fiz parte de um grupo de artistas
nos anos 1970 e 1980, que tinha um nome parecido com o
do map, o mpa - movimento popular de arte, que também
promovia atitudes de resistência cultural, era sim um outro
momento histórico, com ocupação de praças e escolas no
bairro com atividades artísticas e culturais. fui lá e falei uns
poemas daquele período.
fui lá ontem à noite e falei com o rosto banhado de lágrimas
depois que os meninos e meninas da banca falaram alguns
versos do meu livro bentevi, itaim, que se um abismo de
mais de 35 anos de história separa o mpa do map estamos
unidos pelo mesmo dna, o da resistência cultural, mesmo
que em contextos diferentes. abismo facilmente superado
por pontes construidas com tijolos de poesia, arte, amizade
e generosidade.
fica aqui a minha gratidão eterna à molecada do map. não
tenho dúvidas que essa banca é forte mesmo. pódis crê.
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