sábado, 5 de outubro de 2013

Vamos ao Cardume, de João Caetano

Vamos ao Cardume 

A noite de 20 de setembro de 2013 ficará marcada na memória 

de muita gente. Quem esteve na Casa de Farinha, em São Miguel 
Paulista, viu e viveu momentos de poesia, de iluminação e de 
convivência fraterna. Ali, tivemos uma lição de vida. Aprendemos 
que a existência pode e deve ter cores diferentes das cores 
cinzentas que nos impõem no cotidiano. A vida pode ter as mil 
cores da poesia. O grande poeta – e tomo a liberdade de 
chamá-lo com orgulho de amigo- Carlos Moreira nos levou a 
navegar no mar inquietante da poesia. Carlos Moreira veio lá das 
lonjuras de Rondônia até as lonjuras de São Miguel Paulista para
lançar o seu mais recente livro “Cardume” e nos enfeitiçar com a 
leitura de alguns dos poemas da coleção de joias raras que 
compõe o livro.
Só isso valia a noite, mas tivemos mais. Tivemos a presença de 

Adriana Brunstein que também leu alguns textos de sua autoria. 
E o que ela escreve é inconfundível. O toque irônico, o humor 
duramente cáustico a encobrir uma imensa ternura pela vida e 
pelo ser humano, perdido sempre e dolorosamente no caos da 
existência. Adriana parece nos gritar em seus textos que a única 
saída é rir de nossos próprios dramas.
Só isso já valia a noite, mas tivemos mais. Assistimos, em 

primeiríssima exibição, o documentário de João Brito, . 
“Futricando na Vila Mara”, sobre os tempos de “morança” do 
músico Hermeto Paschoal na Vila Mara, que fica a menos de um 
quilômetro de onde estávamos .
Só isso já valia a noite, mas tivemos mais. Escobar Franelas lançou 

a revista “Ramo”, uma coletânea que ele heroicamente editou com 
auxílio de Luka Magalhães, reunindo poetas da região. No 
lançamento houve uma homenagem ao poeta e saudoso amigo 
Severino do Ramo, cujo sobrenome batizou a revista.
Só isso já valia a noite, mas tivemos mais. Tivemos a leitura de

 poemas, feitas pelos poetas da região, além de apresentações 
musicais de Eder, Lígia e Banda; de Sacha Arcanjo; Banda 
Baquirivu e Yuri Cortez.
O tio Akira é um sujeito entusiasmado . Quando se entusiasma, 

costuma exagerar, lembra até o velho padre da velha piada. Lá pelas 
tantas, ele falou que ali estava a maior concentração de poetas por
metro quadrado do Brasil. Pensando bem, dessa vez, se ele 
exagerou, não exagerou muito.
Foi uma alegria rever velhos e encontrar novos amigos e amigas. 

Foi uma festa conhecer Adriana Brunstein, uma incontável alegria
reencontrar Carlos Moreira e Nayara Almeida e conhecer os filhos de 
Carlos. Meu obrigado a todos e todas que nos proporcionaram o raro 
instante de pura poesia. A vida é isso.

João Caetano - 21/09/2013.



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