Vamos ao Cardume
A noite de
20 de setembro de 2013 ficará marcada na memória
de muita gente. Quem
esteve na Casa de Farinha, em São Miguel
Paulista, viu e viveu momentos
de poesia, de iluminação e de
convivência
fraterna. Ali, tivemos uma lição de vida. Aprendemos
que a existência
pode e deve ter cores diferentes das cores
cinzentas que nos impõem no
cotidiano. A vida pode ter as mil
cores da poesia. O grande poeta – e
tomo a liberdade de
chamá-lo com orgulho de amigo- Carlos Moreira nos
levou a
navegar no mar inquietante da poesia. Carlos Moreira veio
lá das
lonjuras de Rondônia até as lonjuras de São Miguel Paulista para
lançar o seu mais recente livro “Cardume” e nos enfeitiçar com a
leitura
de alguns dos poemas da coleção de joias raras que
compõe o livro.
Só isso valia a noite, mas tivemos mais. Tivemos a presença de
Adriana
Brunstein que também leu alguns textos de sua autoria.
E o que ela
escreve é inconfundível. O toque irônico, o humor
duramente cáustico a
encobrir uma imensa ternura pela vida e
pelo ser humano, perdido sempre e
dolorosamente no caos da
existência. Adriana parece nos gritar em seus
textos que a única
saída é rir de nossos próprios dramas.
Só isso já
valia a noite, mas tivemos mais. Assistimos, em
primeiríssima exibição,
o documentário de João Brito, .
“Futricando na Vila Mara”, sobre os
tempos de “morança” do
músico Hermeto Paschoal na Vila Mara, que fica a
menos de um
quilômetro de onde estávamos .
Só isso já valia a noite,
mas tivemos mais. Escobar Franelas lançou
a revista “Ramo”, uma
coletânea que ele heroicamente editou com
auxílio de Luka Magalhães,
reunindo poetas da região. No
lançamento houve uma homenagem ao poeta e
saudoso amigo
Severino do Ramo, cujo sobrenome batizou a revista.
Só isso já valia a noite, mas tivemos mais. Tivemos a leitura de
poemas,
feitas pelos poetas da região, além de apresentações
musicais de Eder,
Lígia e Banda; de Sacha Arcanjo; Banda
Baquirivu e Yuri Cortez.
O
tio Akira é um sujeito entusiasmado . Quando se entusiasma,
costuma
exagerar, lembra até o velho padre da velha piada. Lá pelas
tantas, ele
falou que ali estava a maior concentração de poetas por
metro quadrado
do Brasil. Pensando bem, dessa vez, se ele
exagerou, não exagerou muito.
Foi uma alegria rever velhos e encontrar novos amigos e amigas.
Foi uma festa conhecer Adriana Brunstein, uma incontável alegria
reencontrar Carlos Moreira e Nayara Almeida e conhecer os filhos de
Carlos. Meu obrigado a todos e todas que nos proporcionaram o raro
instante de pura poesia. A vida é isso.
João Caetano - 21/09/2013.
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