porque sou incapaz
das tarefas mais simples
como trocar uma lâmpada
consertar o chuveiro
ou ajustar o alarme
do telefone celular
porque sou incapaz
de administrar agendas
assuntos e compromissos
dias, horários, locais
e o maior dos pecados
sou um desastre
com datas que comemoram
aniversários e casamentos
porque minhas mãos
são incapazes de ternuras
alegrias e emoções banais
e meus olhos há muito
não se comovem mais
com o por do sol que cai
além dos arranha-céus
porque sou incapaz
de gestos de aproximação
e palavras de afeto
ante o riso cristalino
de crianças brincando
mas que quando sozinho
choro em silencio a solidão
e o abandono de todas elas
porque fui moldado
no barro de povos primitivos
à imagem e semelhança
de ascenstrais navegantes
guerreiros poderosos
guiados por ventos e estrelas
em migrações continentais
porque sou assim
sou um condenado às viagens
e às longas temporadas
de caça e pesca
e morro aos poucos
a cada parafuso que aperto.
akira – 08/10/2010.
Ola Akira,
ResponderExcluirJá salvei meu domingo ao ler este belo poema teu.
Parabéns.
Baita poema, nihonjin, daqueles que só os japas paraguaios sabem escrever.
ResponderExcluirDa mesma cepa, fui lavrado,
ResponderExcluirA cada dia o tempo se esvai,
E sempre me sinto cobrado
Embora nada faça a mais.
Do que mirar,
Ė o que me resta nesta,
Dez/do dez/doismiledez,
Pela 4ª vez nos 50
Apertando mal os fusos
E os parafusos
Xicoedú – 11/10/2010.
Puta poema velho.
ResponderExcluirAcho que é o tempo que nos torna assim "sábios e incapazes"
LuizCasé – 11/10/2010.
Parabéns, Akira!
ResponderExcluirSuas palavras conseguiram fazer rolar lágrimas até mesmo de uma pedra como eu!
Fiquei profundamente emocionado ao lê-las.
Muito obrigado por compartilhar conosco.
Abraços cheios de saudade.
Luiz Gongora – 12/12/2010.
tino
ResponderExcluiracredito de verdade
na coisa mais divina
na sutileza do vento
no segredo da menina
na transparência da água
na verdade cristalina
como martim luter king
lutando pela igualdade
busco ser compreendido
quando prismo a vontade
miro já cá no futuro
um raio de liberdade
porque sou incapaz
de matar uma moriçoca
mas consigo ser bidu
quando vou comer pipoca
sei do gosto pelo tino
pois mal gosto me sufoca.
se conserto o chuveiro
com instinto curioso
não sei consertar parede
acho muito perigoso
meia-colher ou meia-boca
meu tino é de preguiçoso.
sacha arcanjo (19102010)
miro
ResponderExcluire firo
o papel (tela) branco
branca tênue pura vontade
de esverdecer
depois morrer
na poesia madura
caída aos pés
do akira
miro e firo
esfrio
apodreço
mas umedeço
mas frutifico
mas florifico
mas renasço
e refaço
o mesmo caminho
dos pés do akira