domingo, 17 de outubro de 2010

Íngua

tenho medo
o perigo mora
na rua deserta
na noite escura
piscam alertas

tenho medo
o perigo mora
após a esquina
sombra no desvão
revela a retina

tenho medo
o perigo mora
dentro da favela
menino magrela
preto, banguela

tenho medo
o perigo mora
em caroço de osso
tumor de virilha
íngua de pescoço.

akira - 17/10/2010.

11 comentários:

  1. O perigo mora no medo
    olho o bar e os jogadores
    na sinuca.
    Na nuca,
    a erva e o cachimbo,
    liguei um oito um!
    X nove ou morte do menino.
    E recebo, cifrado,
    O poema do medo.
    Pois é, poeta,
    A noite escura
    Atravesa túneis e janelas
    e pega carona no trem,
    O menino, salvo,
    foi preso.

    Xicoedú.

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  2. íngua (2)

    tive medo
    ao marcar uma consulta
    O médico medica
    e parece que te insulta
    quer que você fale
    de uma coisa que se oculta

    tive medo
    uma íngua no pescoço
    um pé quase adormecido
    um nó no intestino grosso
    um furúnculo na virilha
    um prato de rango insosso

    tive medo
    um pretérito falido
    me recompus como gente
    sou da tribo do garrido
    feito fênix me refiz
    da cinza o mais polido

    tive medo
    agora já velho jovem
    ainda pedra no sapato
    com idéias que se movem
    íngua que incomoda
    até que outros provem.

    sacha arcanjo (19102010)

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  3. acho que eu estou aprendendo a identificar vocês antes de ver o nome de quem escreveu...

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  4. íngua (3)

    o perigo mora no medo
    que além do delator produz
    a dissimulação e o segredo
    o herói, o judas e o jesus
    o sagrado é mero arremedo
    a espada é siamesa à cruz.

    akira – 20/10/2010.

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  5. Clarice
    Poetas são dissimulados e fingidores, é do caráter e da natureza deles. Como é que voce identifica cada um?

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  6. Iran
    Vou atrás do seu livro. Só preciso de um tempinho para organizar-me, depois comento.
    Akira.

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  7. o medo incrusta meu coração
    cruza a esquina crua e escura
    medo de falar com meu irmão
    o medo meda a medula

    Fingir que não vemos miséria
    Que nos causa apreensão
    Uma sensação deletéria
    Deixando nossa vida no vão

    Adailton Alves – 21/10/2010.

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  8. medo

    talvez, algum dia chore
    sim, as lágrimas molharão a cutícula da unha de cada pé
    não, encharco o travesseiro altas noites

    e dançar com fé.

    sempre, com muito medo
    todo dia, matar um monstro novo
    vida sim vida não, repetalar alma

    e dançar de novo.

    cg.




    íngua n'alma

    o amor de mim
    não esconde o medo
    de ser completo
    imperfeito
    feito amor sem fim

    cg.
    2
    Das profundezas de mim
    as vezes um corvo sai, assim
    feito um coágulo mal
    de uréia e puro sal.

    Me afina a pele e mole
    adoça a língua e finda
    a carrancuda cara e sara .
    cg
    21/10/2010.
    (cg é claudio gomes).

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  9. Tive um sonho que estava assustado
    havia algo caminhando ao meu lado
    era uma vara de cana de açucar
    mijando alcool
    umedecendo o tabaco do meu cigarro
    avisando que o meu pulmão iria pegar fogo.
    deitado numa sala adormecido, a tv ligada
    e o jogo já havia começado...
    Corinthians contra um time mal treinado
    um gavião rasgou a cortina e entrou pela janela
    totalmente pelado, virei de lado e o medo levou um susto
    com a minha pose de tarado.
    O meu medo é de mim mesmo e é malvado
    o arrepio me deixa adoentado
    broxo, travo e alço voo com cara de coitado.

    Ciço do Som ( Medo de todo instante)
    21/10/2010.

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  10. Dia desses, andando de ônibus,
    no corredor da Rebouças,
    Um Xapa mostrou monha chapa:
    LESÃO FATAL NO FÍGADO.
    Trombei com a parede,
    Já condenado à morte,
    Não tinha visto o lado da lei.
    Nem quiz ver.
    TGO e TGP
    Jamais me imaginei
    Rompendo o macartismo,
    além da hipocrisia,
    A fraterna história que nos liga:
    "era menor de idade ainda
    e já tinha "x" crimes de morte."
    Delataria ou não?
    Xicoedú – 21/10/2010.

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