O Akira, o kara, diz generosamente
em sua resenha
sobre a abertura do 14º
sarau da Casa Amarela que
viu de olhos fechados a certa altura, o som do sax,
parte de mim, e da voz de
“riacho cristalino”, da
Ligia, parte de nós,
anunciar aos “quatro ventos das
ruas de São Miguel” que a
poesia teria feito morada
na Casa Amarela. Não vejo
figuras de linguagem
nessa imagem.
Principalmente pelo fato de
compreender que toda
palavra que sai da boca do
poeta, e que todo som que
sai da voz-instrumento,
ou do instrumento-voz se
torna poesia ao se
descortinar ou se fazer
desvelar num instante
acontecimento.
O filosofo poeta obscuro
morador da floresta e seus
caminhos e descaminhos
diria que a arte ao desvelar-
se faz acontecer a
verdade! Verdade não absoluta,
não dogmática, não cientifica,
não positivista, não
racionalista, mas que
nasce no espírito humano do
artista em sua relação com
o mundo. Assim como
Carlos Moreira num momento
de encantamento –
“com o fogo roubado dos
deuses (…) com a loucura
necessária (…) com a chama,
já lhe tocado os dedos
os olhos a língua... nos
permitiu que fossemos
tocados. Todos. Nós (Eder
e Ligia), o Claudio Gomes,
o João Caetano, o Zezão, o
Escobar, a Sueli, as Celias
(Ribeiro e Yamazaki) o
Gilberto Brás, o Big Charlie, o
Silvio Araújo, o Silvio
Kono, o Quinho, o Ceciro
Cordeiro, o Gueguê, enfim,
todos. Os que carregam a
mesma ânsia. Mesmo desejo.
Mesma vontade de se
banhar nas águas vivas da
cachoeira da justiça.
E por falar em justiça,
creio que se o Akira Yamasaki,
dono das mais lindas sagas
poéticas não tivesse nos
olhado nos olhos (meu e da
Ligia) com aquela luz que
escapa em suas ondas
quânticas e não nos tivesse
impregnado com sua
verdade, talvez não tivéssemos
nos permitido à abertura
dos véus. Talvez nossa
singela musica não tivesse
escapado e alçado vôos
rasantes por sobre a Casa
Amarela do mundo. Eliot,
com sua permissão: “O que
podia ter sido e o que foi
tendem para um só fim, que
é sempre presente.”
Éder Vicente.
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