segunda-feira, 21 de novembro de 2011

No quintal do Sacha


o endereço da poesia

assim como o vento, a poesia
tem milhares de endereços
tantos que eu não sei contar

mas um deles, o particular
é em são miguel, eu conheço
quem quiser pode anotar

fica na rua célia cabelo
o número é sacha arcanjo
e o cep é raberuan

akira yamasaki
(acho que é de 2004).

Um comentário:

  1. Lamentavelmente não temos fotos nem imagens das festas do MPA na casa de Sacha Arcanjo e Célia Cabelo, trinta anos atrás, na ebulição e quebradeira geral do MPA nascendo, quando projetos, poesias, canções e namoros brotavam do chão do quintal, como erva daninha e capim ruim, e tramávamos ações, revoluções e mudanças com os olhos cheios de estrelas, cachaça e vinho do Casteluchi, e certezas que os ventos sociais e políticos semeavam em nossas cabeças e corações.
    "No quintal do Sacha", canção de beleza extraordinária que o genial poeta e compositor Raberuan deixa-nos de herança, aponta para um horizonte de vida alicerçada no amor, na amizade, na solidariedade e na tolerancia entre as pessoas, como nas relações humanas, sociais, artísticas e culturais que habitavam com música, poesia e devaneios o Quintal do Sacha.
    O truque de envelhecer fotos recentes tiradas no Quintal do Sacha, com personagens das novas gerações de frequentadores vivendo os loucos e insquecíveis anos setenta, acaba emblematizando uma direção e um destino apontado pelo poeta na canção: o espírito da estrela-guia para continuarmos em frente e iluminarmos o túnel para as gerações vindouras ainda está enterrado no Quintal do Sacha, desde o dia que desatinamos, destrambelhamos e desmantelamos, e perdemos o rumo.
    Perecisamos desenterrar a estrela no Quintal do Sacha, aconselha o mote.
    Tenho orgulho de ter participado junto com Mizão e Mizinho de Carvalho, e Escobar Franelas, da limpeza sonora do "Quintal do Sacha", a partir de uma "demo" que gravamos há cerca de dois meses atrás no Estúdio dos Mi's, quando ainda restava um fiapo de voz a Raberuan, e o que posso dizer é que gostei demais do resultado final, com o violão do Mizão e as cordas do Mizinho corrigindo e maquiando as imperfeições da gravação que tínhamos, e gostei sobremaneira da solução encontrada por Escobar para sincronizar a poesia da canção com as imagens do clipe.
    Nessa "demo" temos uma vinte e cinco canções que acho que é material riquíssimo para um novo trabalho, apesar das últimas canções gravadas em condições muito precárias devido o adiantado da doença do Raberuan.

    Akira - 21/11/2011.

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