quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sachê de Sacha


Escrevi dias atrás um poema chamado "batata frita"
com alguns pitacos sobre a ocorrencia da solidão na
cidade grande, que bate dentro do nosso peito em
certos momentos e nem sabemos porque. Momentos
que ficam marcados por alguns detalhes captados pelos
nossos sentidos como visão, olfato, audição e tato, e no
caso da "batata frita", a solidão ficou apreendida em
alguns cheirosbem definidos como os de maionese, óleo
de cozinha vencido e catchup.

Conversando uns dias depois com o Edsinho, eu disse
da minha dificuldade de escrever sobre cheiros porque
eu não tinha a memória dos cheiros, quer dizer, para
identificar um cheiro eu precisava ficar exposto ao cheiro,
ou seja,não adiantava eu pensar em alho para sentir o
seu cheiro. Então ele me pediu para falar um tempero ou
comida e fechou os olhos, eu falei - ovo frito, e ele - senti
o cheiro de ovo frito, e eu falei - molho de tomate, e ele –
senti de novo. Afora o fato de que já tinhamos uma caixa
de Original (de garrafa), fiquei maravilhado e com muita
inveja dessa capacidade.

Segunda passada, na reunião de eleição do ipedesh, falei
dessa conversa sem pé nem cabeça com Sacha Arcanjo e
demos boas risadas porque assim como eu, o Sacha
também não tinha a capacidade da memória do cheiro,
assim como eu, ele vivia em eterna amnésia de cheiros,
só conseguindo cheirar com o cheiro presente.

Hoje ele mandou-me uma resposta para o "batata frita",
o “batata palito”, um poemaço como só o Sacha é capaz
de fazer. Aliás, vou calar-me para não virar sachê de
Sacha.


Um abraço do Akira.


batata palito

não sabia o que comer
pedi um prato com peixe
veio a batata palito
parecia mais um feixe

um feixe com cheiro forte
de óleo de soja no prato
que aumenta o triglicerídes
e afeta o nosso olfato

senti os cheiros e pensei
no meu nobre camarada
que não associava cheiros
com a palavra citada

comi sem muito prazer
porque estou modificado
como de acordo com dieta
caminho e carrego meu fado.

sacha arcanjo (160211).

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