quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Meus poetas preferidos (15)

Nilson Galvão
Pense num poeta muito bom, mas muito bom mesmo, desses que voce não consegue não gostar e deixa na cabeceira da cama, ao alcance das mãos.
Pense num poeta tão bom quantos os melhores que voce conhece, tipo Edvaldo, Cláudio Gomes, Sacha ou Gilberto Braz, só para ficar em alguns exemplos.
Pensou? Fica esperto, então, porque vou te apresentar mais um e considere a dica uma cortesia da casa, um presente de Natal.
Seu nome é Nilson Galvão e não vou ficar aqui enchendo lingüiça sobre o seu trabalho, mesmo porque não é minha praia, e simplesmente postarei alguns dos seus poemas a seguir. Voce que tire as suas conclusões.
Mas voce vai gostar, ah, disso tenho certeza, e vai querer mais. Acesse, então, o seu Blog, o BLAG, o http://nilsonpedro.wordpress.com, estrela luminosa que se destaca na blogosfera poética, e aproveite para encomendar o Caixa Preta, seu livro de estréia lançado recentemente. Garanto qualidade e procedencia, o preço é super-acessível e tem mais, devolvo o dinheiro do meu bolso se voce não gostar da poesia do Nilson.
Akira – 24/12/2010.





Ciranda
Somos crianças da história,
brincamos de seus enredos.
A história, corda esticada,
faz arte de nossos medos.


Insólito
Sou um ramo insólito
da árvore pousada
na franja do abismo:
há um ninho de serpentes,
um macaco e sua prole, a
ave do paraíso. A primeira
mulher se aproxima, com ela
o primeiro homem. Adivinho
suas razões. Sou um ramo
insólito da árvore pousada
na franja do abismo.


Sal e pimenta
Creio nas horas enfermas: quando nos
enroscamos num canto qualquer como
os gatos costumam fazer, e nem choramos.
Nas horas enfermas não choramos: curtimos
a dor em sal e pimenta para conservá-la
melhor. E penduramos a dor como no
açougue: sangrando, sangrando, até ficar
exangue e pronta para ser levada por aí,
alimento nas intempéries. Creio nesse poder
que temos , um poder intransitivo, uma
espécie de pulsar.


Aleivosia
Cuidado com tudo isso
que não te espera,
que tudo isso que não
te espera nada mais é
que teu fado: e eis que
vem vindo algo mais
que à noite não se vê, não se
distingue na floresta
das viagens, das insônias,
dos meandros deste ser
que se desvela.
Cuidado sobretudo com
as palavras que deixaram
de existir.

3 comentários:

  1. Oi, Akira, feliz da vida em retornar à blogosfera e encontrar aqui esse teu generoso, carinhoso post. O que dizer? Gratíssimo! O que fazer? Aceitar este presente de Natal como se deve: com toda felicidade! E continuemos a fazer poesia: ela nos salvará, pelo menos do lugar-comum!!!

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  2. :amigo japakira além de digitador de lira, cê tá treinando prá olheiro! foi bom você trazer esse enegê pra quadrilha de palavreiros amansadistas. O cara fala! Salve !

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  3. Cláudio,
    o cara fala e quando ele fala somos obrigados ao silencio imposto pelas palavras ditas com superior qualidade.
    A propósito, devo um exemplar do Caixa Preta (simplesmente genial) para voce, precisamos combinar uma forma da encomenda chegar às suas mãos. Salve, salve.

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