quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cinco ésses (2)

bebo demais
não consigo parar de beber
acho que vou morrer
de tanto beber

bebo desde sempre
desde os catorze anos
bebo, bebo e depois vomito
depois volto a beber
não sou um bom exemplo
afaste as crianças

bebo no pernambuco
na nininha e no osvaldinho
no vavá, no andré, no rubão
e no baixinho também
ressaca eu sempre curo
com outra dose

bebo em casa e no futebol
de manhã, de tarde
de noite e de madrugada
bebo sozinho se não tiver companhia
só no serviço eu me seguro

bebo conhaque, uísque e vódca
vermute, cerveja, vinho e etecétera
mas o meu forte é a cachaça
são francisco, cincoenta e um
ipióca ou serra grande
tanto faz como fez
não consigo diminuir
o galope acelerado do cavalo
da minha aflição sem cura

bebo pra caralho
indistintamente
infinitamente
eternamente
as minhas assombrações
não adormecem nunca.

akira - 30/12/2010.

5 comentários:

  1. Akira, embora me ache boa com as palavras, nem sei o que dizer. Li, reli e reli seu poema. Fui lá atrás e li o outro Cinco ésses. Achei lindo! Li outros poemas na sequência. Acho que vou te ler mais.
    Grande abraço.

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  2. Martha, poetas não são lidos nesse país. Só em saber que alguém leu, releu e releu um poema meu, já fiquei comovido.

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  3. cinco esses (3)

    gostei de ler
    gostei de ver
    me identifiquei
    sou dessa casta
    que no chão se arrasta

    gosto de ter
    gosto de ser
    assim e assado
    quase inconveniente
    um bebum inconsequente

    gostei da loa
    gostei da boa
    da jurubeba
    da talagueta
    da que dá enxaqueca

    sou como tu
    sou como todos
    bebo porque é líguido
    bebo prá distrair
    bebo prá me divertir

    na adolescência vinho
    nos 20 vodka
    nos 30 gin
    nos 40 dreyer
    e nos 50 beer

    nos 60 medo
    nos 70 talvês medo
    nos 80 quem sabe?
    nos 90 tomar todas
    nos 100 foda-se!

    gosto do gosto
    gosto do tosco
    gosto do saber
    ser só sol sal seleta
    os esses da meta.


    sacha arcanjo (03012011)

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  4. E eu que ja bebi
    e ja fumei?
    bêbado, sorri
    trêbado, chorei

    não sei quanto vivo ainda
    quanto tenho da Divina
    penso apenas nas horas
    ao lado da santa nicotina

    que no Osujo me transforma
    no deus sem corpo, sem alça
    no name
    filho da puta da Desforra
    cara, cor, bafo e sexo de fumaça.

    Tiago Araujo – 05/01/2011.

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  5. Uns dizem
    que já nasci no pote
    que já usei da lata
    que já tava no ombro da primeira gota
    que ardeu nas costas do escravo do engenho.

    Eu digo
    que ainda falta muito.
    Cléston Teixeira – 11/01/2011.

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