quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O jardim de Hideko (6)

hideko, amanhã a morte virá ao seu jardim, tocará flores e folhagens, e especialmente, as pedras consumidas pelo silencio das nossas tristezas incineradas;

e então ficaremos juntos à sua espera, com mãos inertes e braços pendentes de submissão aos caramujos condenados a subir com suas ventosas de cola deslizante, pelas nossas pernas, costas e faces nuas, para alimentar-se do adubo e da caspa dos nossos cabelos;

hideko, amanhã o sol virá ao seu jardim, escorregará com generosa luminosidade pelas palavras abertas e pelos calos, juntas e cicatrizes das plantas podadas centenas de vezes pelos bisturis do tempo;

e então ficaremos juntos à sua espera, com nossas mãos molhadas de igrejas e desapegos, perfumes indecifrados e sabedorias de mantras e portais milenares.

akira – 29/12/2010.

2 comentários:

  1. Carlos Alberto - zelador do Brooklin30 de dezembro de 2010 às 01:24

    Grnde Akira,

    Sintom-e muito orgulhoso de ser amigo de um cara que tem competencia de escrever um poema, como este, que depois que a gente lê fica com um setimento de alegria a ao mesmo tempo de orfandade por ele ter terminadoe e não ter continuação.....poema lindo ...muito lindo.

    parabéns

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  2. Pungente pra caramba, linda homenagem. Caiu minha ficha agora.

    Abraços

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