segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Visita singular

azul de tão negro
metálico e cintilante
um beija-flor obtuso

voava cego de fome
no limite do cansaço
treze, trocando fusos

até que quase morto
com o radar avariado                             
variando em parafuso

seus olhos delirantes
viram  a sorte grande
deste inverno confuso
        
anú de tão anilado
indígena e africano                     
um beija-flor cafuso

no último instante             
encontrou por acaso
meu jardim recluso

completo de azaléias
e primaveras no auge
dos desejos excusos                                                             

mas, oh, quanto azar
flores inadequadas
para seu bico intruso

de natureza tubular
afunilado e impropício
alongado e em desuso

neste inverno rigoroso
nesta visita singular
deste jardim, excluso.

akira – 15/08/2010.

5 comentários:

  1. Não sei se a visita aconteceu de fato, mas a imagem é bonita.
    Só hj li seu comentário sobre o Enem. Que grande palhaçada, né?
    Não sou muito de ler poesia, mas o blog tem isso de bom: faz a gente se aventurar em outros campos.
    Um grande abraço.

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  2. O beija-flor citado visita nosso jardim com frequencia e traz com ele outros tantos..

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  3. Faltou apenas dizer
    que dito cuitelinho
    veio visitar seu muso.

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  4. Os poetas que me perdoem, mas sinto dizer que a visita não é tão romantica.. ele vem é se alimentar do nosso pé de sakura

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  5. Oi, Akira, vim pra retribuir a visita lá no Blag, dei uma passeada no teu jardim em meio a esses mistérios, como o pé de sakura e o beija-flor metálico e cintilante. Ou cuitelinho, como lembrou Chorik. Parabéns pelos versos e pela militância das artes - ela é necessária! Voltarei mais vezes! Um abraço!!! (Nílson).

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