como esquecer
o cheiro desesperador
do teu corpo?
o cheiro do pavor
na fuga esgueirada
em meio às pessoas
na plataforma do metrô
às cinco da manhã
na estação itaquera
finjo que não percebo
os caçadores de escalpos
eles vasculham bloqueios
e farejam escadas rolantes
e farejam escadas rolantes
à procura de suicidas
depressivos e incautos.
akira – 10/11/2010.
Um antissoneto? Afinal, nesse 3-4-4-3 mais parece uma valsa dois pra lá-dois pra cá.
ResponderExcluirMas a verdade é que a delícia do sentimento volátil, mas profundo, está ali, em cada verso, anestesiando a nervura da contratura da urbe, para virar calda de chocolate, oásis para nossos sentidos (e sentimentos) todos.
Que criatividade! Imagino que baseada em fatos ou possibilidades reais. O poema é tétrico, mas me faz lembrar das profissões sujeitas a lidar com os infortúnios, os coveiros, os policiais, os médicos, os metroviários...
ResponderExcluirEscobar e Chorik
ResponderExcluirConcordo que é volátil como o são as possibilidades, e tétrico também.
Na verdade é sobre um pressentimento, uma vertigem rápida, uma sensação de perigo no meio da multidão.
Quanto à tetricidade(?) das profissões, talvez os momentos mais trauma/estressantes para o metroviário, principalmente para os operadores de trem, agentes de estação e agentes de segurança são nas ocorrencias de suicídios. E algumas estatísticas são proibidas por lei, discussão que não cabe nesse espaço.
Pra não dizer que não falei de Escalpos
ResponderExcluirNestas tardes frias
o dia não morre,
adoece.
não envelhece, definha
escalpelado vivo
esquartejado vivo
pelos tigres de papel.
E de que forma mudar o rumo?
Da horda não se vê a alma
nem a calma se a vê.
Ha um empurra-empurra constante
e a falta de espaço
é argumento, aumento, cansaço.
nestas manhãs tão frias
os dias não nascem,
se avessam
nas calçadas entorpecidos:
não são anjos decaídos
nem estrelas decadentes
são somente pobres diabos
um número, ainda que macabro,
é apenas um número, não-gente.
Nas encostas dos morros
a palmeira solitária é escalpo
a cabeleira soterrada na lama, é escalpo
a liderança na Bolsa é escalpo.
Gilberto Braz - 12/11/2010.
escape
ResponderExcluirjá cá longe eu
fico pensando no metrô
pela manhã um caos
no fim do dia o apocalipse
agonia entre bons e maus
milhares de figuras
se engalfinhando entre as portas
num confuso duelo
brigam por um pedaço de metro
entra gordo e sai magrelo
quero ter paz e tempo
escapar da dor pungente
comigo aprendo nova direção
ando pela josé guilherme eiras
preservo meu coração.
sacha arcanjo (12/11/2010)
Delirio
ResponderExcluirEu tive a visão
como toda visão esta também era translucida.
Via atravez de você a sua alma sibiliar
como a cobra,
que preenche o vazio do deserto com seu guiso.
Estar na sua presença
exige-me uma força aterradora
Sacie-me de ti em ato suicida
ultima cena extasiante.
Fugir era impossivel
já estavas toda tatuada dentro de mim
como uma raiz assustadora,
a sugar minhas ultimas gosta de seiva.
Carlos Alberto Rodrigues - 12/11/2010 - 17:19.
Próxima estação...
ResponderExcluirE fosse tu um tigre
e fosse eu papel
e fosse o sol de vidro
e fosse freio o céu
ainda assim despertava
ainda assim viciado
ainda assim suicida
ainda assim não realizado
esperando o toque atrás da linha amarerla
plataformado e conciso
em filas, (ou desertos?)
na serpente que preciso e
invado, esperando
,sem
querer(?)
,por
corpos, abraços
e jamais pelas almas
[queessasnãocabemali]
por conta do espaço ocupado
pelos incontáveis traumas
(Akira, meu amigo, essa é minha parca forma de dizer que poema está ducaralho! Obviamente, meu texto é uma acessório para que o brilho do seu, seja ainda mais intenso... grande abraço velho samurai.
P.S. na verdade, o poema tem uma forma diferente, mas acho que o editor do blogger não aceita... por isso te mandei uma cópia por e-mail)
Próxima estação...
ResponderExcluirE fosse eu um tigre
e fosse eu papel
e fosse o sol de vidro
e fosse freio o céu
ainda assim despertava
ainda assim viciado
ainda assim suicida
ainda assim não realizado
esperando o toque atrás da linha amarerla
plataformado e conciso
em filas, (ou desertos?)
na serpente que preciso e
invado, esperando
,sem
querer(?)
,por
corpos, abraços
e jamais pelas almas
[queessasnãocabemali]
por conta do espaço ocupado
pelos incontáveis traumas
Tiago Araujo – 15/11/2010.