quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Caçadores de escalpos

para eliana e chorik


como esquecer
o cheiro desesperador
do teu corpo?

o cheiro do pavor
na fuga esgueirada
em meio às pessoas
na plataforma do metrô

às cinco da manhã
na estação itaquera
finjo que não percebo
os caçadores de escalpos

eles vasculham bloqueios
e farejam escadas rolantes
à procura de suicidas
depressivos e incautos.

akira – 10/11/2010.

8 comentários:

  1. Um antissoneto? Afinal, nesse 3-4-4-3 mais parece uma valsa dois pra lá-dois pra cá.
    Mas a verdade é que a delícia do sentimento volátil, mas profundo, está ali, em cada verso, anestesiando a nervura da contratura da urbe, para virar calda de chocolate, oásis para nossos sentidos (e sentimentos) todos.

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  2. Que criatividade! Imagino que baseada em fatos ou possibilidades reais. O poema é tétrico, mas me faz lembrar das profissões sujeitas a lidar com os infortúnios, os coveiros, os policiais, os médicos, os metroviários...

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  3. Escobar e Chorik
    Concordo que é volátil como o são as possibilidades, e tétrico também.
    Na verdade é sobre um pressentimento, uma vertigem rápida, uma sensação de perigo no meio da multidão.
    Quanto à tetricidade(?) das profissões, talvez os momentos mais trauma/estressantes para o metroviário, principalmente para os operadores de trem, agentes de estação e agentes de segurança são nas ocorrencias de suicídios. E algumas estatísticas são proibidas por lei, discussão que não cabe nesse espaço.

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  4. Pra não dizer que não falei de Escalpos

    Nestas tardes frias
    o dia não morre,
    adoece.
    não envelhece, definha
    escalpelado vivo
    esquartejado vivo
    pelos tigres de papel.

    E de que forma mudar o rumo?

    Da horda não se vê a alma
    nem a calma se a vê.
    Ha um empurra-empurra constante
    e a falta de espaço
    é argumento, aumento, cansaço.

    nestas manhãs tão frias
    os dias não nascem,
    se avessam
    nas calçadas entorpecidos:
    não são anjos decaídos
    nem estrelas decadentes
    são somente pobres diabos
    um número, ainda que macabro,
    é apenas um número, não-gente.

    Nas encostas dos morros
    a palmeira solitária é escalpo
    a cabeleira soterrada na lama, é escalpo
    a liderança na Bolsa é escalpo.

    Gilberto Braz - 12/11/2010.

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  5. escape

    já cá longe eu
    fico pensando no metrô
    pela manhã um caos
    no fim do dia o apocalipse
    agonia entre bons e maus

    milhares de figuras
    se engalfinhando entre as portas
    num confuso duelo
    brigam por um pedaço de metro
    entra gordo e sai magrelo

    quero ter paz e tempo
    escapar da dor pungente
    comigo aprendo nova direção
    ando pela josé guilherme eiras
    preservo meu coração.

    sacha arcanjo (12/11/2010)

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  6. Delirio

    Eu tive a visão
    como toda visão esta também era translucida.
    Via atravez de você a sua alma sibiliar
    como a cobra,
    que preenche o vazio do deserto com seu guiso.
    Estar na sua presença
    exige-me uma força aterradora
    Sacie-me de ti em ato suicida
    ultima cena extasiante.
    Fugir era impossivel
    já estavas toda tatuada dentro de mim
    como uma raiz assustadora,
    a sugar minhas ultimas gosta de seiva.

    Carlos Alberto Rodrigues - 12/11/2010 - 17:19.

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  7. Próxima estação...

    E fosse tu um tigre
    e fosse eu papel
    e fosse o sol de vidro
    e fosse freio o céu


    ainda assim despertava
    ainda assim viciado
    ainda assim suicida
    ainda assim não realizado

    esperando o toque atrás da linha amarerla
    plataformado e conciso
    em filas, (ou desertos?)
    na serpente que preciso e

    invado, esperando

    ,sem
    querer(?)
    ,por

    corpos, abraços


    e jamais pelas almas
    [queessasnãocabemali]
    por conta do espaço ocupado
    pelos incontáveis traumas


    (Akira, meu amigo, essa é minha parca forma de dizer que poema está ducaralho! Obviamente, meu texto é uma acessório para que o brilho do seu, seja ainda mais intenso... grande abraço velho samurai.

    P.S. na verdade, o poema tem uma forma diferente, mas acho que o editor do blogger não aceita... por isso te mandei uma cópia por e-mail)

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  8. Próxima estação...

    E fosse eu um tigre
    e fosse eu papel
    e fosse o sol de vidro
    e fosse freio o céu

    ainda assim despertava
    ainda assim viciado
    ainda assim suicida
    ainda assim não realizado

    esperando o toque atrás da linha amarerla
    plataformado e conciso
    em filas, (ou desertos?)
    na serpente que preciso e

    invado, esperando

    ,sem
    querer(?)
    ,por

    corpos, abraços

    e jamais pelas almas
    [queessasnãocabemali]
    por conta do espaço ocupado
    pelos incontáveis traumas

    Tiago Araujo – 15/11/2010.

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