Posto a seguir algumas respostas e comentários em forma de poesia, que recebi dos meus compadres cifrados, a uma provocação que fiz, intitulada "Batebola e Pertencimentos". Batebola, brincadeira de bobinho, a bola está comigo, não está mais comigo. Exercício de enganar tiziu. Akira - 22/11/2010.
Pertencimento
Aquele que corre
pelas ruas de chão batido
chutando bola de meia,
pisando cacos de vidro
juntando latas, panelas velhas, sucatas
fazendo carreto na feira
descendo na vula a ladeira
deitado no carrinho de rolemã:
Aquele lá era eu.
Aquele era o lugar meu.
terra de ninguem, uns diziam.
Mas aquilo tudo me pertencia
porque mesmo os meus pertences
vindo do lixo, da rua, do terreno baldio
não há história que valha
as histórias que eu vivi
Aquele lá era eu
e este que aqui resiste
só existe como agora existe
porque aquele que me pertence
foi aqui que me pertenci.
Gilberto Braz – 16/11/2010.
Bola de Vidro Jogo de Mulambo
Bola de” gude”
Pingo de vidro colorido
No esconde-esconde dos buraquinhos
No chão rústico do oitão da casa de barro
O Barrigudinho arrebenta
No jogo da bolinha de “gude”
Bola de meia
Cheia de nada ou de mulambo
No jogo de salvar o rango
Alguém só com meia bola
Tropeça de trivela na canela fina
O outro com a bola toda
Ultrapassa a linha do gol
E engasga na rede de bola e tudo
Para um é o jogo da vida
Para o outro, o jogo do fim do mundo.
Ciço do Som - 16/11/2010.
pertos
sangue vermelho empapou o meião prá sempre
a chuteira ficou pro pivete
dedão entortou
anos antes viu na tv
um avião cair na periferia de Londres: ficou a certeza.
adotou o banjo do avô
com aquela música da tv na cabeça
quando aprendeu a gostar
da amarelinha do casteluche
:sangue se modificou outra vez
sempre troca as cordas do banjo antes de entrar no avião
e carrega o nº21 do Vila Antonia na carteira
Cláudio Gomes – 21/11/2010.
A bola sumiu!!!
Levantaram a bola pra mim.
Mas sempre disse
- Não sou bom nestas coisas dos meninos normais:
bolas, pandorgas, peões.
Levantaram a bola pra mim
e ela simplesmente passou e eu não vi
sumiu,
Foi gol, ponto, sei lá, do adversário
pensava eu, em coisas mais altas
que a bola que me levantaram.
marquei um gol ,um ponto pessoal, sei lá.
Carlos Alberto Rodrigues - 16/11/2010.
trivela
avoado, vi santos cruzando arcos
perdendo o fôlego em rodopios
isensatos e magros como eu
galopando em um sol feito de pássaros
beija-flor-cinza-fuligem
pardal-mutreta, maritaca-céu-aberto
sangravam os meiões
de gilbertos, adalbertos,
carlos, cláudios e afins
todos profetas, poetas
anormais e querubins
que cuspiam capotão
e disparavam pro abraço
sem esquecer que trocavam
do banjo, as cordas de aço
do sopro, as veias do coração
Tiago Araújo – 21/11/2010.
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"Zagueiro"
ResponderExcluirO tempo é o melhor zagueiro!
Não sei onde ouvi - ou li - isso
mas desconfio que há um resoluta
verdade nesse enunciado.
O Tempo defende a área
contra o inimigo comum: a pressa adversária.
Ele retém a bola, domina no peito,
cabeceia, reboteia, e às vezes fura,
fica na barreira, grita com o avante,
fica de capitão (sendo também técnico
e cartola!).
Puxeta, trivela, bicicleta,
três-dedos, canela, carrinho,
voleio, de-mão, de peixinho,
tudo é possível ao Tempo,
zagueiro às vezes Dunga,
em outras tantas um da Guia,
mas sempre, na frente da área.
O Tempo só não faz gol,
nunca!,
pois isso é capricho da Beleza.
Escobar Franelas – 23/11/2010.