domingo, 14 de novembro de 2010

Pertencimento

voce nunca entendeu
a flor dilacerada da minha aflição
e apesar de emudecida
a mim pertencida permaneceu
 
voce nunca entendeu
mas ouviu comigo
o uivo doloroso e negro
da minha estrela em extinção
 
permaneceu comigo
e viu inchar o coração hipertenso
do vento traiçoeiro
no meu rosto transformado
em floresta de rios derrotados
e árvores petrificadas
 
permaneceu comigo
quando ocorreu o explendor
da rosa cancerosa
no jardim dos meus sonhos devorados
pelos dentes cariados dos cachorros loucos
 
ainda agora que a juventude se foi
- terá sido um sopro ruim?
e a memória apodreceu
e a ilusão apodreceu
e estou alquebrado pelas doenças
ainda agora voce não entende
mas com paciencia maternal
conduz-me pelas mãos.
 
akira – 13/11/2010.

3 comentários:

  1. Pertencimento

    Aquele que corre
    pelas ruas de chão batido
    chutando bola de meia,
    pisando cacos de vidro
    juntando latas, panelas velhas, sucatas
    fazendo carreto na feira
    descendo na vula a ladeira
    deitado no carrinho de rolemã:
    Aquele lá era eu.

    Aquele era o lugar meu.
    terra de ninguem, uns diziam.
    Mas aquilo tudo me pertencia

    porque mesmo os meus pertences
    vindo do lixo, da rua, do terreno baldio
    não há história que valha
    as histórias que eu vivi

    Aquele lá era eu
    e este que aqui resiste
    só existe como agora existe
    porque aquele que me pertence
    foi aqui que me pertenci.

    Gilberto Braz – 16/11/2010.

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  2. A bola sumiu!!!

    Levantaram a bola pra mim.
    Mas sempre disse
    - Não sou bom nestas coisas dos meninos normais:
    bolas, pandorgas, peões.
    Levantaram a bola pra mim
    e ela simplesmente passou e eu não vi
    sumiu,
    Foi gol, ponto, sei lá, do adversário
    pensava eu, em coisas mais altas
    que a bola que me levantaram.
    marquei um gol ,um ponto pessoal, sei lá.

    15/11/2010.

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  3. Bola de Vidro Jogo de Mulambo

    Bola de” gude”
    Pingo de vidro colorido
    No esconde-esconde dos buraquinhos
    No chão rústico do oitão da casa de barro
    O Barrigudinho arrebenta
    No jogo da bolinha de “gude”

    Bola de meia
    Cheia de nada ou de mulambo
    No jogo de salvar o rango
    Alguém só com meia bola
    Tropeça de trivela na canela fina

    O outro com a bola toda
    Ultrapassa a linha do gol
    E engasga na rede de bola e tudo
    Para um é o jogo da vida
    Para o outro, o jogo do fim do mundo.

    Ceciro Cordeiro ( Ciço do Som)
    16/11/2010.

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