domingo, 18 de setembro de 2011

Ternura tirana 2

toda vez quando perco voce
contrato pelotões de colibris
vôos de borboletas amarelas
e escolta de soldados bentevis
para encontrar aquelas tardes
onde em mel de abelhas jataís
deixei para sempre gravada
a sua ternura como cicatriz

akira -17/09/2011.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sacha no 6º Sarau da Casa Amarela

Local: Casa Amarela
         Rua Julião Pereira Machado, 27
         (perto da SABESP, em frente ao
         Colégio Hugo Takahashi)
         São Miguel Paulista – São Paulo
Data: 07/10/2011 – 6ª feira, às 20h
Convidado especial: Sacha Arcanjo

Pessoal
Sou suspeito para falar do Sacha Arcanjo, a quem conheci de forma impessionante em 1978, na Mostra de Arte e Cultura realizada na Capela Histórica de São Miguel Paulista, que aliás, deflagrou o processo de construção do Movimento Popular de Arte – o MPA. Impressionante porque por si só, Sacha naquela época era uma figura impressionante, lacònico, barbudo, cabeludo e desgrenhado, vestia uma capa longa e surrada que lhe davam um jeito de Antonio das Mortes do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Nesse dia  eu vi aquela figura mais para profeta do para poeta, pendurando poemas escritos à mão com pincéis atômicos, em enormes folhas de papel embrulho de cor cinza, desses encontrados facilmente nos armazéns na época, no varal de poesia instalado na capela - ajeita daqui, um pouco mais para lá, essas coisas.
E para compor mais ainda o cenário impactante, no momento que cheguei à capela arruinada, a figura sinistra estava justamente pendurando o poema “Fala, Vagabundo”, de sua autoria, que era uma grande porrada social e política em plena ditadura militar. Li o poema num papel de quase dois metros de altura, preso na chão com um paralelepípedo que naquela época era comum, gostei demais do poema mas pensei comigo – esse é doido de pedra, e foi assim que conheci o Sacha de quem tornei-me amigo para sempre.
Além do poeta genial, compositor genial e cantador genial que o Sacha é, tem um outro aspécto que me chama demais a atenção na sua trajetória, a sua contribuição  para o desenvolvimento cultural da zona leste de Sampa, ele que chegou em São Miguel Paulista, vindo de São Gabriel – Ba, há mais de 42 anos, e aqui virou personagem essencial.
Contribuição tão importante que dá para escrever um livro, alguém com aptidão para biografias devia incumbir-se disso. Contribuição tão fundamental que acho que devíamos iniciar já um movimento para que a Câmara Municipal de São Paulo outorgue ao Sacha o título de Cidadão Paulistano, isso sim é uma boa idéia.
Pois é esse impressionante Sacha Arcanjo que estará no 6º Sarau da Casa Amarela no dia 07/10/2011 e por isso todos já sabem que será imperdível e impressionante, e por isso ninguém poderá faltar.
Um abraço do Akira. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tarcisio Hayashi manda notícias da Geladeira Independente ou Morta


Amigos!

Óia eu aqui de novo!
Saudando a Independência decretada pela Geladeira. Mais uma vez.
Saímos numa correria danada pelo meio da Vereda Paulista, com Alma de Caminhoneiro, em uma fuga desenfreada para chegarmos a tempo de encontrar o povo do CECAC-Serrana e de lá seguirmos para Monte Alto.
Tem uma coisa neste roteiro que não mudou. A tal indaga Geladeira x GPS. Ao que parece estes dois aparelhos não se conversam muito bem. Precisamos evoluir algumas tecnologias, mas seguimos em frente, enfrentando o “Diabo Velho”, o tal do Anhangüera, sem paradas para chegarmos a tempo ao nosso destino.
Chegamos. O Preto-Velho um pouco antes, a Nega-Jurema 30 min. depois.
Já em Serrana, após algumas voltas em quarteirões, chegamos ao Parquim do CECAC, e foi o tempo de esticarmos as pernas para encontrarmos a Van que nos levaria ao Monte Alto. Depois da Van, encontramos o Brasileiro que já nos saudou com sua corriqueira e bem-quista atenção.
Uma breve conversa sobre a hospedagem e com tudo resolvido fomos procurar, com Coração de Roadie, espaço na Van para os instrumentos e equipamentos. Com a ajuda do Léo, outro cabra-da-peste do CECAC, ajeitamos tudo e partimos para o primeiro show do fim-de-semana Independente ou Morte.
Indagas mil na Van, com histórias sobre os primórdios do Ira!(!) contadas pelo Brasileiro, papos sobre a cena alternativa, cachaça (Satan na Van) e chegamos a Monte Alto.
Parada na Carrocinha de Cachorro-Quente pra dar aquela forrada no bucho e novamente com Coração de Roadie montamos o set do G.R.A.Ve. que abriu a Noite Fora do Eixo no Botequim do Herculano (Herculano, você andava com o seu chapéu de pano?). Passagem de som, com a ajuda do Léo e do Brasa (agora só te chamo assim, Brasileiro) e porrada na oreia dos ouvintes.
Coração de Roadie novamente para abrirmos espaço (Lá ele!) para a banda Kidzilda de São Simão com seu rock muito bem trampado.
Fim da noite, indagas um milhão, coração de roadie, equipamentos/instrumentos na Van e voltamos para Serrana.
Nos acomodamos nas instalações do CECAC e fomos esperar as Graviolas, Nando Z na frente, Rodrigo Marrom e Tarcísio Hayashi (parecendo dois exús) atrás.
Graviolas devidamente recepcionadas e bora descansar, pois ainda não acabou.
No segundo dia do fim-de-semana Independente, acordamos um tanto atordoados, com a visita de uma vizinha indaguenta. Mas nada que uma Geladeira Barulhenta não dê conta. Uns pra cá, outros pra lá, uns compondo, outros comendo um rango de primeira na casa do Brasa, preparado pela Vanessa.
Descansar e nos preparar para o show de Serrana, agora na sede do CECAC. Esses caras são rápidos. Em meia hora a estrutura estava toda pronta para receber o público que ia chegando. Foi quando chegou o casal 20.000 do curto-circuito: Que Miras Chicón?, nossos parceiros nessas estradas.
E começa a segunda noite com shows das bandas lá do Parquim, uma performance memorável do Léo na bateria.
Sonzeira foda dos Epcos, com um rock instrumental de prima (trocamos figurinhas com os caras, que além de mandarem um som muito bom são gente boa mermo).
Nossa vez de assumir o palco do CECAC e bora quebrar tudo e gritar independência até o Dom Pedro levantar da tumba.
Indagas 1 bilhão e descanso para o futebol do dia seguinte, onde Rodrigo Marrom representou o G.R.A.Ve. com três gols (só faltou pedir música no Fantástico). Rango fera na casa do Brasa e descanso para recuperar o fôlego para a derradeira noite, agora como espectadores.
Gago Grego e Marrom participaram da apresentação do Maracatu Chapéu de Sol e, apesar da necessidade de ir embora, não poderíamos perder o show do Que Miras Chicón junto com Os Rélpis. Êta show indaguento. Fueda por demais como diria o Danilo.
E pra fechar a noite a galera do Corvo de Vidro, com quem tivemos muitas indagas (Salve Ratão!), mas infelizmente não pudermos assistir ao show. A hora já era braba e o Diabo Velho nos aguardava para a volta.
Mais uma vez foi FODA levar a Geladeira pra passear. Que venham as próximas!

Tarcísio Hayashi.

Um poema de Zé Vicente

O poeta Zé Vicente, meu amigo por acaso,
anda psicografando a si mesmo de muitas
luas atrás. Doutor em poesia o Zé, não é
mesmo?

Akira - 14/09/2011.


Do Poeta

A poesia
Muitas vezes
Vem
Como faca
Que sem piedade
Corta
Com golpes lentos
O coração do poeta
Em mil pedaços.

Então
Ele afasta
A caneta
E se esconde
Para em vão
Tentar não expor
Suas fraquezas
E evitar
A confissão
De seus fracassos

Zé Vicente 14.09.2011

Cicatriz



o tempo cirurgião
emenda a fissura
entre dor e aflição
com precisas suturas

o tempo cirurgião
com exatas costuras
refaz as epidermes
e conserta rupturas

o tempo cirurgião
é parte da sua cultura
cicatrizar as feridas
sem promover a cura

akira – 14/09/2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aconteceu no Sarau da Casa Amarela (4)

5º Sarau da Casa Amarela
02/09/2011

Edvaldo Santana canta "Canção pequena para ninar um menino morto", música tema do espetáculo de teatro do mesmo nome, do Núcleo Teatral Periferida, grupo que participava do Movimento Popular de Arte - o MPA de São Miguel Paulista e atuou na zona leste de Sampa, no período de 1979 a 1986.
. Canção pequena para ninar um menino morto (1979)
- Música: Edvaldo Santana
  Letra: Akira Yamasaki


canção pequena para ninar um menino morto

agóra o menino dorme
na sua postura correta
sozinho na noite enorme
como quem dorme
de forma completa

por não ter havido outro jeito
senão crescer depressa e a mesmo
na escola das ruas e ter feito
de si o indefeso refém de si mesmo

por não ter havido diferença
entre as coisas da vida e da morte
foi morto com bala de polícia
mas podia ter sido de fome ou de corte

e na poça de sangue que anoitece
no jardim de pedras que apodrecem
abre-se na terra o noturno girassol
que seus negros cabelos tecem

passarinho não cantou
nessa madrugada
foi o jeito que ele arrumou
pra ser camarada
(Incidental: "Passarinho", de Edvaldo Santana)

Ternura tirana


quando perco voce
fico contando as tardes
que passam sem existir

são algemas de aço
correntezas amazônicas
a sua ternura tirana

cataventos colibris
testemunham borboletas
sentinelam bentevis

akira – 12/09/2011.