quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

João Caetano, o meu poeta mais preferido

Prezado Adalberto Akira:

Eu sou o João Caetano. Nem sei  se você ainda se lembra de mim.
Faz, creio eu, quase trinta anos que não o vejo, nem a Sueli. Dia
desses, não lembro quem, me disse que o Raberuan estava doente.
Não tinha mais contato. Pela internet, ao procurar pelo Raberuan,
descobri o blog da Sueli e o seu. Descobri também que o Raberuan
tinha morrido.
Descobri mais. Que seus filhos cresceram. Que a Clarice já e uma
moça, enfim, o tempo correu, deixando apenas rastros na ladeira
da memória e o futuro continuar a ser construído.
Como vai você. Como está o pessoal?
De minha parte, continuo morando no velho Itaim, procurando, à
medida do possível, continuar fiel aos princípios e dando murro em
ponta de faca. Tenho dois bebês, uma menina com 28 anos e um
menino com 25.
Mande um abraço pra Sueli também.
 
Em tempo – Ao ver o blog de vocês, revivi um pouco os velhos
tempos e resolvi arriscar a perpetrar uma pequena brincadeira
decassílaba que posto abaixo.
 
Abraço do velho (e bota velho nisso) amigo
 
João Caetano – 20/01/2012.

João

Nunca esqueci voce e o tenho na conta de amigo querido e amado,
como Cézar Baiano e Raberuan que perdemos no ano passado.
Nunca esqueci voce e várias vezes quase procurei voce para pedir
desculpas por algumas atitudes do passado motivadas por
intransigencias idiotas e palavras mal colocadas, mas não sabia
como seria recebido. Por isso esse "recado de um velho amigo"
aliviou a minha alma e tirou um fardo das minhas costas, voce não
imagina a minha alegria em receber essa mensagem. Fiquei muito
feliz com seus dois bebês, puxa, quase as mesmas idades de André
e Clarice, quero conhecê-los um dia.
Continuo no Jardim das Oliveiras, continuo no Metrô e em matéria
de murros em pontas de facas já sou diplomado. Fiquei mais feliz
ainda por constatar que a sua mão continua justa e precisa na
garimpagem dos versos, se voce permitir gostaria de postar a sua
"pequena brincadeira decassílaba" no meu blógue.


Um grande abraço do Akira.
26/01/2012.

Adalberto Akira:

Fiquei muito feliz com a sua resposta. Quando a gente remexe as
cinzas do tempo, as brasas se avivam e tudo volta de novo a
incendiar. Revivi os velhos tempos de nossa breve, mas
inesquecível convivência. Tempos que mudaram minha vida.
Tempos que deixaram marcas.
Ao descobrir seu blog , vi fotos, revi rostos, relembrei  de
tantas pessoas amigas. Pois é, o  tempo passou. Fiquei mais
velho. Uma das vantagens  e desvantagens  da velhice é
mergulhar nas lembranças e viver acossado pelo esquecimento. 
De nossos entreveros, confesso que esqueci, mas não me
esqueci de um poema seu, que até hoje sei de cor: “Pássaro
Cigano”. Sinto nele retratada um pouco da minha vida.
E é isto que ficou.
E por falar em vida, espero ainda revê-lo, enquanto estamos
vivos. Fica a dor pelos nossos amigos mortos. O Severino,
agora o Raberuan, o Cezar Baiano (da morte dele eu também
não sabia). Quero saber dos outros como estão, o que estão
fazendo, etc?
Me liga, vamos marcar um dia desses pra gente  conversar e
você me passar notícias dos amigos. Quanto ao poema, “Rimas
ao tempo”, fiz ele carregado pela emoção de redescobrir você e
a Sueli  através do blog. Portanto, considero-o como sendo seu.
Faça dele, o que achar melhor. Ele era mais longo, mas podei
alguns versos. Ao reler, com os cortes, achei que ficou um pouco
sem sentido.  Daí, fiz umas pequenas, poucas mudanças, como
você verá abaixo.

Abraço:
 
João Caetano – 30/01/2012.

Rimas ao tempo

Muito se perde no varrer do vento
As coisas viram pó, merda, excremento
E a gente corre com os passos lentos
Frágeis naufrágios no barco do tempo
Dores que se afogam sem um só lamento.
Mas ressurgem, indômitos rebentos,
Nas vidas mornas, sem contratempos,
Cantos de vida, gritos de contento
Restos de aurora em nosso firmamento.
Mágica poção, de um estranho ungüento,
Passado que escapa do esquecimento
Fonte de vida, aos lábios sedentos,
De nossas chagas, cura os ferimentos
Por tantas mortes, um renascimento.

João Caetano - 30/01/2012.

3 comentários:

  1. Coisa boa receber notícias de João Caetano, pena que não tenha deixado rastro ao passar pelo meu blog.
    Vamos marcar para breve o nosso reencontro.
    Que tal um sarau na Casa Amarela?

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  2. Pensamos que a vida as vezes prega algumas peças... Ledo engano, a vida tem um jeito, todo dela, de nos ensinar. O desencontro é o caminho e a porta para o reencontro... que é uma maneira de aprimorar o encontro... Abraços

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