Quando a porta do elevador se abriu Meu coração saiu rolando, Meio que sem pensar direito, O segui desembestadamente pela rua, Era horário de rush e o vai e vem de esfomeados do capitalismo, Tornava extremamente difícil, alias quase impossível, Manter os olhos atentos a sua rota, Percebi que meu coração se move a uma velocidade antinatural, Nunca havia pousado a atenção ao fato, De ter no peito um coração que almejava secretamente, Correr o mundo e mapear o desconhecido, Por incrível que pareça, sempre achei que tivesse um coração pacato, Um coração resignado diante da vida morna e previsível, Sentenciada a ralé pela classe dominante. Mas aquele coração que vi saltando bueiros, Não era nem de longe um coração conformado, Era um coração selvagem e destemido, Ele foi assim rolando furtivamente entre os passos dos transeuntes, Eu corria atrás dele sentindo um misto de desespero e orgulho, Desespero com a possibilidade do esmagamento E orgulho ao ver que meu coração enfim rebelara-se comigo, Sem a menor hesitação ou arrependimento. Que coração corajoso eu pensava! E pensava também não pisa! Mas eu percebi que se tratava de um coração astuto, Que sabia como poucos desviar-se dos acidentes no caminho, Como também não tremia diante dos riscos da liberdade. De tanto correr acabei conseguindo alcança-lo, O difícil foi agarrá-lo, tratava-se de um coração muito escorregadio, Tive que tirar a camisa e jogar sobre ele para captura-lo, E posso afirmar com certeza absoluta que não há animal neste mundo, Que tenha se debatido tanto ao ver-se interceptado, Mas por fim sem forças para continuar a disputa, O coração fujão voltou para o seu lugar de origem, meu peito.
Ivan Neris 29/07/2011
Acabei de chegar da faculdade e por isso não pude estar com voces nesta noite especial...
Cão cego? (ou a história de Bianca, que nunca vai ser assim)
"alguém me dê um tiro por favor" acordei com isso na cabeça repeti três vezes em voz alta e por três vezes não achei absurdo por três vezes não neguei como paulo, ou pedro, ou judas ou qualquer outro filho da puta não foi cegueira a raiva, medo, caganeira foi eu me lambendo sob o edredom e o cobertor (empoeirados e emprestados) que uso desde no último mês forrando meu chão
mas também não foi por isso... também não foi um talvez foi um sorriso.
Em todo lugar há sempre: um cão que caga e espalha seu húmus um coração que foge, e fode a gente um esperma que salta e vira semente um poema que colhe tudo isso: é o seu sumo.
Meio atropelado e caindo aos pedaços Sucata em fim de depreciação Estava ali ao léu Perdido em pensamentos sem nexo Colando os pedaços das sobras do sentimento emoção!
Na falta de um dos sentidos Estava ali quase perdido A procura de qualquer sentido Que lhe recobrasse a visão
Cão cego era o pseudônimo apropriado Para aquele que se achava são Mas não vê um palmo além do nariz E mesmo no claro encontra-se na escuridão!
Enquanto o pavor do escuro o apavorava Um grito em estampido saia do ego E a sombra da culpa lhe replicava: Cão cego, cão cego, cão cego,...
Meu nome é Akira Yamasaki e nesse espaço vou contar minhas histórias. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que torna-me fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado.
Menino cheguei do interior do estado em 1964 na Curuçá - Itaim Paulista e desde então só tive dois endereços, a própria Curuçá e o Jardim das Oliveiras, onde moro desde 1975.
As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino.
Nunca mais parei. Foi no MPA também que conheci Sueli Kimura, magra como um ramo espichado de sakura, japonesa de olhos indaquentos e inteligencia incômoda, beleza oriental de traços suaves e intrigantes. Paixão fatal e casamento.
Muito boa a sequencia dos cães cegos e tb do vira-lata. :) Saudades daqui também, assim como do blog do Celso.
ResponderExcluirBelo poema sobre gatos e cães desarvorados!
ResponderExcluirFuga de um coração
ResponderExcluirQuando a porta do elevador se abriu
Meu coração saiu rolando,
Meio que sem pensar direito,
O segui desembestadamente pela rua,
Era horário de rush e o vai e vem de esfomeados do capitalismo,
Tornava extremamente difícil, alias quase impossível,
Manter os olhos atentos a sua rota,
Percebi que meu coração se move a uma velocidade antinatural,
Nunca havia pousado a atenção ao fato,
De ter no peito um coração que almejava secretamente,
Correr o mundo e mapear o desconhecido,
Por incrível que pareça, sempre achei que tivesse um coração pacato,
Um coração resignado diante da vida morna e previsível,
Sentenciada a ralé pela classe dominante.
Mas aquele coração que vi saltando bueiros,
Não era nem de longe um coração conformado,
Era um coração selvagem e destemido,
Ele foi assim rolando furtivamente entre os passos dos transeuntes,
Eu corria atrás dele sentindo um misto de desespero e orgulho,
Desespero com a possibilidade do esmagamento
E orgulho ao ver que meu coração enfim rebelara-se comigo,
Sem a menor hesitação ou arrependimento.
Que coração corajoso eu pensava! E pensava também não pisa!
Mas eu percebi que se tratava de um coração astuto,
Que sabia como poucos desviar-se dos acidentes no caminho,
Como também não tremia diante dos riscos da liberdade.
De tanto correr acabei conseguindo alcança-lo,
O difícil foi agarrá-lo, tratava-se de um coração muito escorregadio,
Tive que tirar a camisa e jogar sobre ele para captura-lo,
E posso afirmar com certeza absoluta que não há animal neste mundo,
Que tenha se debatido tanto ao ver-se interceptado,
Mas por fim sem forças para continuar a disputa,
O coração fujão voltou para o seu lugar de origem, meu peito.
Ivan Neris 29/07/2011
Acabei de chegar da faculdade e por isso não pude estar com voces nesta noite especial...
Cão cego? (ou a história de Bianca, que nunca vai ser assim)
ResponderExcluir"alguém me dê um tiro por favor"
acordei com isso na cabeça
repeti três vezes em voz alta
e por três vezes não achei absurdo
por três vezes não neguei
como paulo, ou pedro, ou judas
ou qualquer outro filho da puta
não foi cegueira
a raiva, medo, caganeira
foi eu me lambendo sob
o edredom e o cobertor
(empoeirados e emprestados)
que uso desde no último mês
forrando meu chão
mas também não foi por isso...
também não foi um talvez
foi um sorriso.
Tiago Araújo - 30/07/20111
"Daquele jeito"
ResponderExcluirEm todo lugar há sempre:
um cão que caga e espalha seu húmus
um coração que foge, e fode a gente
um esperma que salta e vira semente
um poema que colhe tudo isso: é o seu sumo.
Escobar Franelas
UMA VARIÁVEL QUALQUER DE CÃO CEGO
ResponderExcluirMeio atropelado e caindo aos pedaços
Sucata em fim de depreciação
Estava ali ao léu
Perdido em pensamentos sem nexo
Colando os pedaços das sobras do sentimento emoção!
Na falta de um dos sentidos
Estava ali quase perdido
A procura de qualquer sentido
Que lhe recobrasse a visão
Cão cego era o pseudônimo apropriado
Para aquele que se achava são
Mas não vê um palmo além do nariz
E mesmo no claro encontra-se na escuridão!
Enquanto o pavor do escuro o apavorava
Um grito em estampido saia do ego
E a sombra da culpa lhe replicava:
Cão cego, cão cego, cão cego,...
Assis: 31/07/2011.