inverno inclemente
cerejeira demente
o cão cego rasteja
no chão de nãos
inverno inclemente
cerejeira dormente
o cão cego desaprende
que a dor não mente
inverno inclemente
sagrada cerejeira
o cão cego se enforca
na cólera da coleira
inverno inclemente
cerejeira florida
o cão cego escala de ré
o caroço do nunca
inverno inclemente
piedosa cerejeira
o cão cego se lambe
no nó da pica.
akira – 08/07/2011.
Akira San, nunca vi cerejeira tão lúbrica! Tava com saudades, tô de volta mais uma vez. Abração!!!
ResponderExcluirCÃO CEGO 2
ResponderExcluirCÃO DOIDO DE TUDO...
DE SURDO, DE MUDO,
E DE CEGO.
CÃO SOLTO EM CÓLERA
COM O ABSURDO
AUSENTE DO OSSO
LATINDO NO FUNDO DO POÇO
SEM CORDA ATÉ PRA COLEIRA.
CÃO DOIDO E SEM CADELA
PRA TANTA DOIDEIRA...
CANCÃO DE FOGO,
ESSE AGOSTO DE CACHORRO LOUCO
GALOPANDO NUM CAVALO DO CÃO.
BESOURO DE PATA NA SARNA...
VIRA LATA DESSA VIDA ILUMINADA
PRA CACHORRO CEGO.
CACHORRO COM OLHO DE LOUCO,
SOLTO DA RAIVA E CHEIO DE MEDO
DESSE ESCURO TODO.
CIÇO DO SOM, O SEU CIÇO
12/07/11.
Inverno inclemente
ResponderExcluirnós na cama
eu ela e o cão
cego sono
Sono inclemente
inverno na cama
eu ela e o cão
nós cegos
Eu e ela na cama
cego sono
cão inclemente
nós no inverno
Inverno inclemente
sono o cão
na cama
nós
eu e ela
Marinho – 12/07/11.
cão cego
ResponderExcluirego no chão
verbo no prego
prego em vão
mas vergo e não quebro
quedo e não nego
cego e cão.
Gilberto Braz – 12/07/11.
cão puto
ResponderExcluirlate late late
e ninguém o socorre
e ele corre e corre
de um lado ao outro do engate.
uiva uiva uiva
e ninguém tem dó
se ele morde o nó
da velha coleira suja.
morde morde morde
e o dono nem liga
se ele seca a barriga
se engasga quando dorme.
grune grune grune
na espera de um osso
e a ferida do pescoço
com moscas o pune.
sacha arcanjo – 120711.
Cão Cego Quatro
ResponderExcluirCão cego, de tão cego eu seu verbo nego,
Cão cego, gemendo a dor do ego,
Na sombra da manhã que chega.
Cão amigo e roto,
Cosendo seu suplicio entre risos,
Carecendo de apetite e esperança.
Criança de pelos sujos,
Confiante na queda inevitável,
Que acompanha toda caminhada,
Virá você latindo novamente?
Cão cego arfante e insondável,
Rememora a solitária angustia do saber,
A perspicaz certeza sobre o sonho,
A delirante lágrima solta pelo destino,
Ao ver um dia nascido seu dono.
Ivan Neris 13/07/2011.
O cão cego
ResponderExcluirna caixa
brinca com a bola.
Um tátil sentir,
uma alegria escura.
Se visse
diferenciaria caixa e bola?
Se espantaria com sua dona nua?
Enxergaria São Jorge na lua?
Será que veria Deus?
Marinho