sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cão cego 2

inverno inclemente
cerejeira demente
o cão cego rasteja
no chão de nãos

inverno inclemente
cerejeira dormente
o cão cego desaprende
que a dor não mente

inverno inclemente
sagrada cerejeira
o cão cego se enforca
na cólera da coleira

inverno inclemente
cerejeira florida
o cão cego escala de ré
o caroço do nunca

inverno inclemente
piedosa cerejeira
o cão cego se lambe
no nó da pica.

akira – 08/07/2011.

7 comentários:

  1. Akira San, nunca vi cerejeira tão lúbrica! Tava com saudades, tô de volta mais uma vez. Abração!!!

    ResponderExcluir
  2. CÃO CEGO 2

    CÃO DOIDO DE TUDO...
    DE SURDO, DE MUDO,
    E DE CEGO.
    CÃO SOLTO EM CÓLERA
    COM O ABSURDO
    AUSENTE DO OSSO
    LATINDO NO FUNDO DO POÇO
    SEM CORDA ATÉ PRA COLEIRA.
    CÃO DOIDO E SEM CADELA
    PRA TANTA DOIDEIRA...
    CANCÃO DE FOGO,
    ESSE AGOSTO DE CACHORRO LOUCO
    GALOPANDO NUM CAVALO DO CÃO.
    BESOURO DE PATA NA SARNA...
    VIRA LATA DESSA VIDA ILUMINADA
    PRA CACHORRO CEGO.
    CACHORRO COM OLHO DE LOUCO,
    SOLTO DA RAIVA E CHEIO DE MEDO
    DESSE ESCURO TODO.

    CIÇO DO SOM, O SEU CIÇO
    12/07/11.

    ResponderExcluir
  3. Inverno inclemente
    nós na cama
    eu ela e o cão
    cego sono

    Sono inclemente
    inverno na cama
    eu ela e o cão
    nós cegos

    Eu e ela na cama
    cego sono
    cão inclemente
    nós no inverno

    Inverno inclemente
    sono o cão
    na cama
    nós
    eu e ela


    Marinho – 12/07/11.

    ResponderExcluir
  4. cão cego
    ego no chão
    verbo no prego
    prego em vão
    mas vergo e não quebro
    quedo e não nego
    cego e cão.

    Gilberto Braz – 12/07/11.

    ResponderExcluir
  5. cão puto

    late late late
    e ninguém o socorre
    e ele corre e corre
    de um lado ao outro do engate.

    uiva uiva uiva
    e ninguém tem dó
    se ele morde o nó
    da velha coleira suja.

    morde morde morde
    e o dono nem liga
    se ele seca a barriga
    se engasga quando dorme.

    grune grune grune
    na espera de um osso
    e a ferida do pescoço
    com moscas o pune.

    sacha arcanjo – 120711.

    ResponderExcluir
  6. Cão Cego Quatro

    Cão cego, de tão cego eu seu verbo nego,
    Cão cego, gemendo a dor do ego,
    Na sombra da manhã que chega.
    Cão amigo e roto,
    Cosendo seu suplicio entre risos,
    Carecendo de apetite e esperança.
    Criança de pelos sujos,
    Confiante na queda inevitável,
    Que acompanha toda caminhada,
    Virá você latindo novamente?
    Cão cego arfante e insondável,
    Rememora a solitária angustia do saber,
    A perspicaz certeza sobre o sonho,
    A delirante lágrima solta pelo destino,
    Ao ver um dia nascido seu dono.

    Ivan Neris 13/07/2011.

    ResponderExcluir
  7. O cão cego
    na caixa
    brinca com a bola.
    Um tátil sentir,
    uma alegria escura.
    Se visse
    diferenciaria caixa e bola?
    Se espantaria com sua dona nua?
    Enxergaria São Jorge na lua?
    Será que veria Deus?

    Marinho

    ResponderExcluir