a verdade dói demais
diz um ditado antigo
como um tapa na cara
uma cuspida, um soco
meu cachorro morreu
numa noite de agosto
de solidão e desgosto
de velho, cego e louco
berrei de tanta culpa
enterrei-o no jardim
entre plantas e flores
ressecadas aos poucos
enterrei-o em cova rasa
cavada no pé do muro
que perdeu com o tempo
ums pedaços de reboco
hoje bebi uma cachaça
com os nós dos dedos bati
nos versos do meu poema
que ecoou estranho e ôco.
akira yamasaki – 21/04/2011.
Olá Akira!
ResponderExcluirO pingo faleceu mesmo?
Que dor no coração! Meus sentimentos.
Tenho muitas saudades de todos.
Abcs,
Luiz Gongora.
No tempo de um cigarro
ResponderExcluirMinha alma é um mosaico sem cola
Minha personalidade, não.
Meus dedos dos pés
São da dinastia dos Domingos
Mas meu documento diz Araújo Vieira
Meu nome só importa até
O dia em que eu me tornar outro
Quando a saudade do que eu não sou
Virar a saudade do que eu fui
E meus olhos, assim
Quebradiços de glicose,
Como meus braços finos de tentáculos
E as pernas cabeludas de
Flamingos-saracuras,
Empalhados no espelho
Feito o buraco em
Minha caixa torácica
Que fura meu pulmão em todo
O trago, em todo o caso
Desbastando meu pinto mediano
E eu.
No dia seguinte, no dia seguinte,
A base de rivotril, listerine e atenção
Suicídio, suicídio, suicídio:
Gaudí na memória, sem o santo,
Sem o sacro, sem a cola. Interminável.
Mas minha personalidade, não.
Excêntrica da essência
Vazada de luz, de gases, e
Relações quânticas, tânticas,
Fânticas, pâncreas, dândicas,
Em ordem pré-estabelecida
Como tudo o que imaginam de
Mim e de todas as velas
Que ascenderam sobre meus cabelos
Sem nunca, de fato, os terem tocado.
Tiago Araújo