terça-feira, 17 de junho de 2014
dedo mole 21
hoje os meus mortos
- até que tava demorando
vieram desfilar pra mim
na passarela iluminada
das minhas lembranças
vieram zoinho de mestre sala
caixa d’água de porta bandeira
e os primeiros que eu zerei
- os que nem rostos tem mais
na comissão de frente
hoje a ala que doeu mais
foi a daqueles que morreram
pedindo misericórdia
piedade pelo amor de deus
porque tinham mulher
e filhos pra sustentar
mas em justa compensação
deslumbrou-me os olhos hoje
o luxuoso carro alegórico
dos policiais achacadores
e dos padres e padrastos
molestadores de crianças
ardendo no fogo do inferno
enquanto ainda evolui
a bateria nota dez
composta de inocentes
traíras e desavisados
entre uma ave maria
e duas marias moles
hoje eu peço pra morrer
peço pra nunca ter nascido
nem nunca ter existido
e pra nunca recomeçar
akira – 17/06/2014
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