quinta-feira, 22 de maio de 2014
aconteceu no sarau da casa amarela de maio - 02
o destino de raberuan era de passarinho sem ninho,
passarinho cantador sem eira nem beira, passarinho
poeta sem pouso ou algibeira, passarinho dobradura
que muitas vezes não tinha nem onde dormir. lembro
que da última vez que raberuan ficou no olho da rua
e não tinha mais pra onde ir, adilson aragão o levou
para morar em sua casa onde ele ficou por uns dois
anos. e porque raberuan não passava de um simples
passarinho sem compromisso nem responsabilidade
com nada, às vezes adilson ficava puto da vida e
perdia a paciência com ele e gritava, xingava e falava
um monte mas nunca o mandou embora da sua casa.
tô contando essa história porque quero dizer que,
aconteça o que acontecer, adilson aragão, do jeitão
dele nunca deixa um amigo na mão e digo é porque
testemunhei algumas passagens com estes olhos que
a terra há de comer. certo dia adilson me apareceu
totalmente emocionado e me mostrou uma canção
que ele tinha feito de um poema meu dos anos 1970
que eu nem lembrava mais e também nunca poderia
imaginar que pudesse virar música:
borracharia
música: adilson aragão
letra: akira yamasaki
voz: adilson aragão
acompanhamento: banda seminovos & ousados
pesado
sujo
nojento
é um trampo
tão do cacete
meu mano
que chego de noite em casa
garganta entupida de graxa
o corpo no bagaço
e ordeno num fio de voz
esquenta a janta, nega
a arruma a cama
pra nós duas
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