no jardim das oliveiras
sangra a tarde cinzenta
não há sonhos nem verões
e o tijuco preto não coagula
seu pús escoa escoltado
por exércitos de silêncios
ouço um gemido de dor
onde haviam goiabeiras
e mangueiras ainda ontem
um uivo de medo e horror
vara o asfalto das ruas
e pousa nas minhas mãos
como amianto e chumbo
pesa-me ainda no estômago
a feijoada do pernambuco
caminho descascando delírios
praças, árvores e silêncios
até que sobre somente o grito
como diria o carlos moreira
uma andorinha solitária
interrompe meus passos
última andorinha do oliveiras
ela desenha pêndulos no céu
feito menino malabarista
no vermelho dos semáforos
pergunta não quer calar:
como pode, andorinha
viver ainda nesse lugar?
como pode, amiga minha
ainda entardecer e voar?
akira – 16/03/2013.
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