enquanto gilberto braz
tá na praia salgando a bunda
e amando sua doce carmelita
no feriadão ensolarado
meu programa é mais simples:
vou à feira comprar umas cositas
e dou uma parada estratégica
na flor do oliveiras
para uma cerva quatro ponto um
em pleno pobre sábado de aleluia
que há muito já perdeu o sentido
porque faz décadas não vejo
um judas ser espancado
a padaria faz fundo com o tijuco preto
e suas favelas dolorosas a céu aberto
não conheço ninguém em seu interior
mas todos sorriem e erguem-me um brinde
que, sei, não é pelos meus belos olhos azuis
talvez um dia peter micharia me explique
essa confraternização em suas memórias
troca de turno na flor do oliveiras
uma balconista sobe na traseira
de uma yamaha zero e reluzente
e sai a cem liberdades por hora
outra, uma loiraça paraguaia
demora-se um instante antes
de entrar num opala negro da cor
do assum preto que deixa vazar
luan santana a todo volume
e uma outra ainda sai pedalando
uma baike para evaporar depois
da esquina do posto de gasolina
akira – 30/03/2013.
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