segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aconteceu no Sarau da Casa Amarela com Gildo Passos

Gildo Passos pegou pesado quando abriu sua participação
no Sarau da Casa Amarela da última sexta - 11/05/2012, e
logo de cara começou relembrando o começo de tudo há
mais de 30 anos atrás com o Grupo Migalhas na Mesa, que
nasceu dentro do MPA, formado por ele e pelos poetas e
compositores Roberto Claudino, Miguel Arcangelo, Éder
Vicente e outros de quem não lembro agora.
Ele pegou pesado mesmo quando falou de um poema, o
"Guaximim", do inesquecível Severino do Ramo, musicado
por Éder Vicente, que emblematizou e imortalizou o
Migalhas no imaginário daqueles anos loucos de resistencia
cultural promovida pelo Movimento Popular de Arte na
zona leste de São Paulo.
Pegou pesado quando começou a falar os primeiros versos
de "Guaximim", dedilhando as primeiras notas da canção
que descreve a dor dizimante do massacre dos potiguares,
acompanhado no Baixo pelo seu filho Gilvan, testemunha
indesmentível da passagem de mais de tres décadas.
E eu, que estava indefeso demais devido à felicidade pelo
Pré-lançamento nesse sarau, do CD do Gildo, o "Ouvindo
o coração", o 4º do Projeto Memória Musical em São
Miguel, e ao filme passando dentro da minha cabeça nos
acordes e na letra de "Guaximim", não aguentei mais
quando olhei do meu lado e vi o Jorge Gregório tentando
deter algumas lágrimas.
Gildão pegou pesado mesmo. Abracei o Gueguê e chorei
silenciosamente pelos nossos últimos trinta anos e pela
extinção de tantos povos indígenas.

Akira - 14/05/2012.



  

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