Overdose de Káfka, foi uma semana difícil e estressante, um
corre-corre feroz e sem fim atrás do próprio rabo, saindo às
seis da manhã e voltando meia-noite, arrumando casa e
ordenando documentação no serviço para auditorias dos
sistemas ISO, OHSAS e Ambiental na quinta-feira, centenas de
documentos para ler, pilhas de planilhas para revisar,
registros
e evidencias para controlar, e de quebra ainda, organizar os
campeonatos de xadrez e futebol para o sábado.
E Projeto Bentevi na Casa de Farinha, também no sábado, com
Osnofa e Sílvio Araújo. Eu tinha combinado com Sílvio e
Osnofa
para falar alguns poemas na apresentação dos dois mas se não
sobrou tempo nem para escolhê-los o que dirá e então, para
dar uma passada? Então, paciencia, vai na raça mesmo, isso é
que dá querer abraçar o mundo com as mãos.
Cheguei em casa, do campeonato de xadrez, a cabeça inchada
de reis, rainhas, roques e sistemas suiços, por volta de 17h,
tomei um banho, mastiguei alguma coisa enquanto assistia à
decisão por pênaltis da Liga da Europa entre Bayer e
Chelsea,
um locutor falando que era desumano para os atletas uma
decisão por pênaltis após uma partida de 90 minutos e mais
uma prorrogação de 30 minutos.
Desumano, seu locutor, é sair de casa no Itaim Paulista às
seis da manhã, ônibus lotado, metrô lotado em Itaquera,
baldeação em Sé, metrô lotado de novo e marcar o cartão
em Jabaquara às 08h30, saída às 17h30 e fazer o mesmo
percurso de volta para chegar em casa cansado, moído e
vencido lá pelas 20h. Isso sim é desumano, seu locutor,
para ganhar o que estes privilegiados ganham só para jogar
futebol eu quero as cãimbras, as dores e a desumanidade de
uma decisão destas por semana.
Recolhi apressadamente alguns poemas e quando cheguei
na Casa de Farinha era mais ou menos sete da noite, não
havia ninguém na sala de eventos mas palco e equipamento
de som já estavam montados e as posições dos microfones
e violões evidenciavam que Sívio Araújo e Osnofa já tinham
passado o som com o Sílvio Kono, japinha que merece um
capítulo especial qualquer dia destes.
Sozinho no salão vazio pensei que daqui a pouco o público
começará a chegar, os amigos virão para celebrar de novo
a alegria e a amizade, sim, o Projeto Bentevi é apenas um
pretexto para ações e celebrações entre amigos que se
conhecem há mais de 30 anos mas é também um momento
riquíssimo para avaliar com isenção o patamar de cada
participante na procura da palavra maior.
Pensei, então, que mal fazem 03 meses que sentamos numa
mesa de boteco na Jacuí, eu, Luiz Casé e Sílvio Kono para
tirar do papel o Projeto Bentevi. Desde então muita água
correu por baixo da ponte, o show com Osnofa e Sílvio já é o
terceiro do projeto, o meu livro “Bentevi,Itaim”, já está em
fase de orçamento e quanto à produção do CD de mesmo
nome, Sílvio Araújo já gravou no Estúdio dos Mi’s, do Mizão
e
Mizinho ou do Mi maior e Mi menor, como queiram, a primeira
das canções que realmente ficou massa demais.
Pensei por fim, ao término da brilhante e aplaudidíssima
apresentação de Osnofa e Sívio Araújo, coadjuvados por um
convidado muito especial, o poeta, cordelista e compositor
Xico Leite, de Irecê – BA, que estava dando sopa na casa de
Sacha e não podíamos perder a oportunidade de ouvir e
deixar-se encantar pela fala de um dos maiores poetas do
Brasil, pensei humildemente que não mereço os amigos que
tenho nem a alegria que eles me proporcionam.
Akira – 21/05/12.
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