terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meus poetas preferidos (03)


Sacha Arcanjo


Sacha é a semente dividida que vingou alem fronteiras, alem sonhar. Fincou raízes, mas com a sabedoria de se alimentar da seiva de águas salobras, do feijão nascido nas roças do sertão de Irecê e São Gabriel. Semente dividida que vingou pela sabedoria da música e da poesia.

Edson Tomaz




Os cabelos prateados do poeta, nada mais são que cachos de estrelas dançando com a sua música. O poeta resistiu ao estio de São Gabriel para reflorescer nas esquinas de Sampa.
Jocélio Amaro

Para mim a palavra que melhor traduz Sacha Arcanjo é aconchego, porto seguro onde encontram abrigo certo todos os amigos que ali aportam. 
Sueli Kimura


Viu Tomé... branquinha ou amarela? 
Qualquer uma Simão, passa a régua!!
Raberuan




Sacha Arcanjo: amigo, irmão, mentor, influência artística, confessor, professor. Tudo em seu momento oportuno! Uma das melhores pessoas que conheci no mundo! Salve, Arcanjo!

Claudemir Santos.


O Brazil não conhece o Brasil. A canção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós (“As querelas do Brasil”) continua atualíssima. Não dá para entender por que artistas de grande talento como o cantor e compositor Sacha Arcanjo não são ouvidos hoje pelo público de todo o País.
Há uma dívida de reconhecimento ao seu trabalho, ao menos há 32 anos, quando iniciou a carreira.
Gilberto Nascimento, editor da revista Carta Capital.


Fala, vagabundo

Fala, vagabundo
Quem foi que te libertou
Do vazio submundo
Do jornal que se queimou
Daquelas nebulosas
Torrentes de águas ardentes
Das pesadas cangas
Nos teus ombros doentes
Dos vermes, das traças
De afiados dentes

Fala, vagabundo
Da dor que te cortava
Do vício fecundo
Que teu corpo calejava
Dos antigos imbecis
Da banda dos baturas
Dos sapatos furados
Do amor das prostitutas
Da legião dos farrapos
Na sombra úmida das grutas

Fala, vagabundo
Que quer reviver outrora
Coçar marca de fungo
E roncar no romper da aurora
Assoviar com as ventanias
Banhar com as tempestades
Brincar com os pirilampos
Quando cairem as tardes
Brigar com os viralatas
E vomitar lorotas covardes

Fala, vagabundo
Daqueles caminhos tortos
Daquele recanto imundo
Onde os planos foram mortos
Contudo não cores
A tua face enrugada
Onde já rolaram prantos
De saudade bem salgada
De palavras que ficaram
Na garganta engasgada

Fala, vababundo
Porque razão sepultaste
Em fossos profundos
Os que pra ti foram trastes
Que agora é outras notas
Outros símbolos, outros elos
Que os que foram já eram
E outros ficaram amarelos
E que no teu pomar de lodo
Hoje reinam cogumelos

Fala, vagabundo.

Sacha Arcanjo.

 

6 comentários:

  1. É o Sachão de Sueli que mais se aproxima do Sachão que, aos 14 anos, conheci num São Miguel de outro tempo de uma juventude aparentemente mais interessada, avidamente engajada, e, consequentemente, mais admirada. admirada pelos caras de outras épocas, de épocas de ouro, de chumbo, ferro e prata. Caras como o Sacha, rochas sedimentares repletas de minérios essenciais à vida!
    Tiago.

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  2. Sacha e Sueli

    Saboreiem palavras verdadeiras e cheias de afeto de um grande poeta, o Tiago.

    Um abraço do Akira.

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  3. Tiagos!

    Só mesmo um cara como Tiago
    para pensar e dizer isso
    fazer na minha alma um afago
    dizer porque me enfeitiço
    com a seiva da juventude
    que me entende em plenitude
    que me abraça sem sumiço.

    Sinto saudades de gente
    que me enxerga com carinho
    que me vê como cadente
    mas que segue meu caminho
    derruba as sombras com luz
    amalgama a minha cruz
    prá não pesar meu pelourinho.

    Tiagos hão-de surgirem
    em carcaças de humanos
    fazendo letras bulirem
    nas folhas brancas e nos panos
    prá enriquecer nossa cultura
    ocupar canais e estruturas
    roubar a cena sem danos.

    Sacha Arcanjo
    SP-12/02/2010

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  4. Tiago e Sueli

    Ninguém mandou provocar o homem
    aliás, provocá-lo vale bem a pena
    se cada provocação valer um poema.

    Akira.

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  5. Estou arrebatada. Há muito não via esse volume de criação literaria. Parece que abriram as comportas do inconsciente coletivo da criatividade. E viva! Que não se fechem mais.

    Sueli.

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