domingo, 27 de dezembro de 2009

Dois poemas de Carlos Alberto Rodrigues




A mulher que viu a coisa preta
I
Vô contar com sua licença e vossa atenção
uma estória que de fato não é vendeta
sobre a disventura e triste situação
de dona muié que vio a coisa preta
II
Dona muié professora na grande cidade
acordô cedo pra fazê as necessidade
e no banhero quase dormindo ela entrô
meio cambaleante na boca larga se sentô
III
Ainda sonolenta e muitcho bocejante
de calçola arriada e camisola ao acaso
assunto embaixo de si algo borbulhante
nadando bem alegre na agua do vaso
IV
Si alevanto num pulo e sortô um grito
ficando com muitcho nojo e feia careta
apercebeu na agua com muito jeito
uma coisa asquerosa gosmenta e preta
V
Dona muié professora pros lado de inhauma
fico cum grande embrulho e friu na barriga
inté já istudô as minhoca e as lumbriga
acabô pensando que tinha parido uma
VI
Us cabelo assanhado se acabaro de arrepiá
pur causa daquela horrorosa visão
seu sangue congelô inté quasi desmaiá
saiu berrando porta afora cum a calçola na mão
VII
Dona muié em carrera desabalada
apavorada cum a calçola na mão
num percebeu que tava quasi pelada
só camisola, mas embaixo tinha nada não
VIII
Us vizinho mais a tia velhota
viero dispreça atesta o ocorrido
procuraro pela tal da coisa preta
mais a esperta já tinha si sumido
IX
Us vizinho se adivertiro a gosto
ai antão a professora ficô amarela
a pois ninguem vio o bicho do esgoto
mas acabaro vendo a coisa preta dela
X
Pelo bairro todo e rio de janero afora
de inhauma até na ilha de paqueta
ficarô sabendo de toda esta estoria
de doná muié que vio a coisa preta
XI
E nos finalmente desta adivertida retreta
num si sabe quem mais se assustô e nunca a de se sabê
se foi dona muié que viu a coisa preta
ou se foi a coisa preta que viu o que não queria vê
23/11/01
17:30
Itamambuca



Um dia igual aos outros

É Natal.
Em algum lugar do mundo
A neve cai e o chão esta branco coberto de neve.
O ar esta cheio de sorrisos e paz,
A música de Natal toca constantemente
As luzes brilham intensas no céu
É Natal.
Em algum lugar do mundo
As bombas caem e a terra esta recheada de minas
O ar esta cheio de medo e angústia,
A sirene de aviso toca constantemente
Os morteiros e bombas brilham intensos no céu.
É Natal.
Em algum lugar do mundo
A mesa esta posta cheia de doces, carnes, bebidas finas
O pinheiro colorido esta rodeado de presentes esperados
E as crianças satisfeitas e ansiosas sorriem profundamente
Nos olhos de suas mães desce uma lágrima feliz
Gostariam que esta festa nunca tivesse fim
É natal.
Em algum lugar do mundo
A mesa esta vazia, cheia de poeira e migalhas
O presente tão esperado é um prato de comida rala que não vem.
E as crianças temerosas e famintas choram profundamente
Nos olhos de suas mães desce mais uma lágrima infeliz
Suplicam para que este tormento tenha fim.
É natal.
É mesmo Natal?

03/12/01
16:50
Itamambuca


O perfil do poeta, por ele mesmo

Sou paulistano, com 52 anos. Trabalhador desde os 14. Coincidentemente, quando comecei a trabalhar, comecei pela mesma época a escrever poesia. Tenho 10 livros montados, que talvez quando um dia minha covardia me abandonar eu finalmente crie coragem para envia-las a para uma editora. Sou suficientemente critico, comigo mesmo, para saber que muitas delas são ruins. Algumas são razoáveis,. Mas por outro lado,tem uma minoria mereçedora de atenção, e estas valem a pena por todas as outras, e me fazem continuar a escrever, mesmo que seja só para mim e para minhas gavetas.

Carlos Alberto Rodrigues.

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