sábado, 14 de maio de 2011

Um pé no cotidiano de novo


Motoclubismo, poesia, rock e solidariedade

Juntamos novamente a trupe do “Um pé no cotidiano”, só faltou o compadre Cléston Teixeira, para uma presepada poético-musical. Foi na última sexta-feira, 06/05/11, no Metroclube Itaquera.
Lá estávamos nós de novo correndo perigo no palco inseguro das dependencias mútuas, nem parecia que o tempo tinha passado. Gilberto Braz, Raberuan e eu rascunhamos alguns quadros inseguros, a poesia é destino e insegurança, com alguns poemas e canções de nossa autoria e passamos umas duas vezes para testar se dava liga ainda e para sentir se era possível recuperar o prazer, a eletricidade e o frio na barriga antes de subir na corda bamba.
Deu liga sim, duas passadas foram suficientes para derreter a ferrugem e pegar um pouco de confiança, mas como não havia tempo para nenhuma carpintaria tivemos que pegar no tranco. O evento em questão era um encontro de tres motoclubes de metroviários para promover uma causa nobre, a campanha do agasalho de 2011.
Gente saindo pelo ladrão na festa, todos devidamente caracterizados no melhor estilo easy rider e liberdade desmanchando os nossos cabelos e embalados por bandas de rock’n roll, cada uma tocando mais pesado e nervoso que a outra, os grandes clássicos do rock de todos os tempos. Já passava da meia noite quando subimos sob olhares desconfiados e narizes torcidos daquele povo de blusões de couro, botas de cano alto e tatuagens espalhadas pelos braços e por onde as peles fossem visíveis.
Lá estávamos nós de novo, Raberuan sentando os dedos no seu negro Yamaha de pescoço fino e eu e Gilberto Braz soltando o verbo e libertando os adjetivos, e então o burburinho foi cessando, narizes se destorcendo e um silencio foi baixando, um silencio de se ouvir um vôo de mosca, amplificado pelas caixas de som.
Sentamos as vozes sem dó e então baixou a velha magia de sempre. A velha eletricidade arrepiante e anestesiante que só aparece quando o “Um pé no cotidiano” está no palco, respondeu presente durante a meia hora de poesia total e espantos supensos e eternizados nos olhos descrentes e nas bocas abertas que durou a nossa interferencia.
Quando terminou quase afogamos no tsunami de abraços e aplausos intermináveis, tantos que quase não consigo segurar as lágrimas. Foi por pouco.

Akira – 08/05/2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

CIDADE NOVA SÃO MIGUEL RECEBE O PROJETO RE-PRAÇA, DO BURACO D’ORÁCULO

Pessoal

O IPEDESH – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Social 
e Humano, em parceria com a Associação de Amigos da 
Cidade Nova São Miguel, convida a todos para participar em 
maio de 2011, de uma grande celebração do teatro popular, o 
PROJETO RE-PRAÇA.
Depois de itinerar por mais de dois anos, por dezenas de 
bairros da capital e cidades do estado, o RE-PRAÇA, projeto 
idealizado e sob batuta do Buraco D’Oráculo, chega finalmente 
à Cidade Nova São Miguel, com seis apresentações imperdíveis 
e inesquecíveis de teatro de rua.
Confiram a programação e apareçam com suas famílias para 
não se arrepender depois.

Um abraço do Akira.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não falei das flores

estou aqui
para ser eu
só te ofereço
uma flor
perdi o resto
pelo caminho.

akira - 02/05/2011.

domingo, 1 de maio de 2011

Compras

fui no supermercado
para comprar somente
pão de forma, mussarela
e um pé de alface
quando passei no caixa
estava com o carrinho
até a boca

mó prejú, meu
fora o estresse na fila
odeio definitivamente
ir às compras com miyuki
trinta anos de casado
e não aprendo mesmo.

akira – 01/05/2011.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ivan Neris é o convidado especial do próximo Sarau da Casa Amarela


(O texto, precioso, dessa chamada é do Claudemir Santos, do Alucinógeno Dramático. Além de grande autor teatral, ator, diretor, poeta inspiradíssimo e agitador cultural dos mais inquietos e inquietantes, o Claudemir é o melhor texto que eu conheço e não preciso dizer mais nada. Akira.)

No mês de maio, em plena sexta feira 13, Ivan Neris é o artista convidado do SARAU DA CASA AMARELA.
Neris, segundo ele próprio, multi artista, começou a escrever poemas com 13 anos - mesmo sendo questionado por professores e acusado de plágio. Iniciando seus estudos teatrais em 1995, entrou no Alucinógeno Dramático em 1996, participando de espetáculos como "Tempestade & impeto", "Uma noite lírica: Álvares de Azevedo em Transe", "Terra em Estilhaços"  e "Um Vampiro no Kaos", além do saudoso Arte Canal, do qual muitas vezes foi o anfitrião. Saiu do AD em 2004, formando parceria com Tarcisio Hayashi e criando composições para o músico (algumas destas canções poderão ser ouvidas no disco do G.R.A.Ve). Neste meio tempo, criou o grupo teatral Arte Real Fora do Tempo e apresentou-se em saraus, eventos e atividades artisticas.
Inquieto, escreve  poemas, peças teatrais e canções. Fala o que pensa - estando certo ou errado - e assume verdades pessoais de forma transparente, o que o torna um bode na sala em muitos ambientes artisticos. Ivan Neris é um maldito e sua arte está recheada de verdade, lirismo  e provocações. Não é possível passar pela arte de Neris sem refletir sobre a existência.
Pois bem, dia 13 de Abril, uma sexta feira, a partir das 20h, a Casa Amarela estará aberta e, sob o comando de Akira Yamasaki, teremos vários artistas se apresentando, e Ivan Neris apresentando parte de seu trabalho numa noite onde ele é o convidado especial.
Saravá!

SARAU DA CASA AMARELA

Local: CASA AMARELA
           Rua Julião Pereira Machado, 07
           São Miguel Paulista – São Paulo
           (rua do Colégio Hugo Takahashi, perto da SABESP)
Data: 13/05/2011
Horário: 20h
Entrada: Gratuita
Artista Convidado: IVAN NERIS
Exposição de Arte: ELIANA ALVES GASPAR

O palco do Sarau estará aberto a todos os presentes que queiram expor sua arte, ler seus poemas ou os poemas preferidos, cantar, dançar, expressar-se, enfim. Toda Edição Akira convida um artista para apresentar sua arte e, se possivel, criar um debate entre público e artista. Ou seja: Cultura, Informação e Reflexão numa sexta feira mais inteligente. Venha e faça parte. ou melhor: FAÇA ARTE!


CLAUDEMIR SANTOS - 28/04/2011.

sábado, 23 de abril de 2011

Chip


nessa manhã de repente
não sei o que aconteceu
mas meu chip morreu

desintegrou os circuitos
pifou, deu um saracotico
apagou como um ticotico

alma, cérebro, coração
restam silencios siliciais
nas agendas de cristais

cozem meu luto fechado
mãos glaciais, sepulcrais
amém, descanse em paz.

akira – 22/04/2011.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Desgosto

a verdade dói demais
diz um ditado antigo
como um tapa na cara
uma cuspida, um soco

meu cachorro morreu
numa noite de agosto
de solidão e desgosto
de velho, cego e louco

berrei de tanta culpa
enterrei-o no jardim
entre plantas e flores
ressecadas aos poucos

enterrei-o em cova rasa
cavada no pé do muro
que perdeu com o tempo
ums pedaços de reboco

hoje bebi uma cachaça
com os nós dos dedos bati
nos versos do meu poema
que ecoou estranho e ôco.

akira yamasaki – 21/04/2011.