sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

josé pessoa


certa tarde ele apareceu
parecia meio assustado
eu diria até encabulado
no sarau da casa amarela
e ficou por ali pelos lados
olhava tudo maravilhado
trazia um livro em suas mãos
com a história da sua vida
descrita de forma singela
palavras ditas com o coração
uma história comum a tantas
pra contar na casa amarela
quando ele foi chamado então
ao palco simples e pequeno
tremendo de medo e emoção
contou que veio ainda menino
do nordeste pra são paulo
perseguindo sorte e destino
pela primeira vez num palco
quase não conseguiu falar
que sofreu muito pra vencer
na cidade passou fome e frio
o pão que o diabo amassou
ele disse eu tive que comer
foram muitos anos de luta
construiu uma casa e casou
criou os filhos, se aposentou
descansou merecidamente
sem desviar de sua conduta
de honestidade e dura labuta
então por uns tempos ficou
enchendo a bunda de cachaça
dando milho aos pombos na praça
como diz a canção popular
até que certo dia se cansou
de esperar a morte chegar
comprou cadernos e canetas
abandonou bares e baralhos
pediu licença à sua patroa
e foi praticar o seu direito
de contar a história de vida
de josé severino pessoa
certa tarde ele apareceu
no sarau da casa amarela
trazia um livro em suas mãos
com uma história tão singela
escrita com tintas e lembranças
cultivadas em seu coração
akira – 02/01/2018.

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