Na noite de 16/06 – sábado passado, enquanto rolava o
Show de Lançamento do CD “Ouvindo o Coração”, de
Gildo Passos, pelo Projeto Bentevi na Casa de Farinha
bombada de gente saindo pelo ladrão, um filme passou
lentamente pela minha cabeça quando Edvaldo Santana
começou a cantar a música que dá título ao CD, de sua
autoria e do Gildão, numa levada blues.
Foi no comecinho de 2011 que fizemos, eu e Raberuan,
uma primeira conversa com Gildo Passos em sua casa,
com a proposta de gravarmos um CD com suas músicas
pelo Projeto Memória Musical em São Miguel Paulista,
em parceria com o IPEDESH.
Tínhamos acabado por essa época de lançar o terceiro
CD do projeto, o “Pra Mim”, do Osnofa, e já tínhamos
fechado junto com Edsinho Tomaz de Lima e Sueli
Kimura que Gildo Passos era a bola da vez no Memória
Musical.
Após resumirmos conceitos, objetivos e breve
histórico do projeto, ainda que meio ressabiado, o
Gildão topou realizar a parada e combinamos uma nova
data para ouvir as suas canções e começar a preparar o
repertório do CD. Uma coisa que eu não esqueço até
hoje é do olhar desconfiado e pragmático da Chuchú,
esposa do Gildão, quando nos despedimos naquele dia,
um olhar do tipo “só vendo pra crer”.
Voltamos à casa do Gildo alguns dias depois, e desta
vez com Letícia e Cléston Teixeira a tiracolo. Lembro
que era uma noite de chuva e havia um cheiro de
cachorro molhado por todos os lados enquanto o Gildão
cantava as canções escolhidas para esta audição.
Confesso que sai deste encontro de nariz meio torcido
com o repertório mela-cueca e repleto de todos os
clichês possíveis do pop rock que ouvi nessa noite e não
fosse o entusiasmo de Letícia e Raberuan que já sairam
cantarolando os refrões de fácil assimilação das canções
e, também pelo carisma do Gildão, eu teria desistido e
tirado meu time de campo ainda naquela noite mesmo.
Ainda por cima fui acusado de preconceito mas é que eu
tinha na lembrança a imagem do Gildo Passos dos
tempos heróicos do Migalhas na Mesa.
Lembro também que tivemos que atravessar algumas
dificuldades durante a produção do “Ouvindo o Coração”,
das quais destaco duas: 1ª) quando o Gildão teve que
fazer uma cirurgia de hérnia que abriu uma avenida de
mais de trinta centímetros na sua barriga, nem tive
coragem de visitá-lo no primeiro mês de convalescença
e quando fui fiquei de longe; e 2ª) quando Raberuan
passou dessa pra uma melhor em novembro de 2011,
aí sim, desisti de tudo, chega, parei, não quero mais.
No filme que passou pela minha cabeça enquanto o
Gildo Passos encerrava o show e era aplaudiso de pé
pelo público presente à Casa de Farinha, eu só não
desisti mesmo e continuei porque era o último projeto
do Raberuan.
Akira – 18/06/2012.
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