quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Meus poetas preferidos (07)

Carlos Alberto Rodrigues

 

Não conheço Carlos Alberto pessoalmente, mas assim como eu ele é um bom poeta ruim. Assim como eu ele escreve muitas babaquices e mediocridades, mas às vezes acerta em cheio como nesse poema inquietante, intrigante e instigante.



Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
 
  
Às vezes sou a Piñata
Às vezes sou a vara
Às vezes sou a mão do batedor
 
Minha mãe morreu
Meu casamento acabou
Os documentos não saem
Minha obesidade aumentou
Minha vida segue sendo uma eterna busca
De bancos e cadeiras que me sustentem
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos maus
 
Às vezes sou a mão do batedor
Às vezes sou a vara
Às vezes sou a  Pinãta
 
Muitas vezes sou os olhos cegos pela venda
Que tem a função de confundir o caçador
Às vezes sou Piñata
Às vezes sou o feto dela
Às vezes sou a corda que a sustenta
Às vezes a vara que lhe rebenta
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos dependentes
 
Meu amor acabou
Meu pneu murchou
Gastei mal meu dinheiro
Minha vida (tão triste) parece não ter fim
 
Só me resta esperar a morte
Que às vezes é a sorte
Da Piñata que ninguém acerta
E continua grávida na festa dos loucos
Sobrevivendo por breves momentos a mais
 
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Acabou o saco de pão, não tenho mais onde escrever
Escureceu-se o céu, o sol deve vir
Mas ainda demora, talvez chegue depois de minhas lágrimas
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos fracos.

Carlos Alberto Rodrigues.

Um comentário:

  1. Carlos Alberto, zelador do Brooklin20 de abril de 2010 às 07:11

    Salve Akira,
    finalmente descobri como postar comentarios aqui no blog.
    A respeito do "IRACUNDO MUNDO DE LAS PIÑATAS PINGENTES", So posso agrader de coração a publicação dele neste seu valoroso espaço. Ele surgiu de uma frase que ficou martelando na minha cabeça durante mais de um ano, e eu não tinha a minima idéia do que fazer pra me livra dela. Até que um dia baixou, numa manhã de sábado, um cabloco mexicano em mim, talvez da região de Chiuaua, e como um cão esgarnecido de tanto latir, me fez regugitar das entranhas estas palavras que se transformaram neste poema. Pari finamente, o pertubador que me atordoava.

    Abraços

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