segunda-feira, 31 de agosto de 2015

oliveiras blues 8



 
dois tipos
de motoqueiros na noite escura
entregadores de pizza
e guardas noturnos

dois tipos
de vampiros na noite gelada
mercadores de corpos
e traficantes de drogas

dois tipos
de lobos na noite da lua sórdida
uivam o sono dos justos
em peles de cordeiros

o pastor de almas
que afana as economias dos fiéis
e o político que desvia
a grana da merenda escolar


dois tipos
de cavalos ainda estão de pé
feridos de morte
na noite derrotada

um deles sangra
pelos cortes e reza o pai nosso
o outro relincha de pavor
e implora perdão ao diabo

akira – 30/08/2015.

terça-feira, 23 de junho de 2015

minha rua


moro na rua assis freitas
esquina com a adriane garcia
e paralela à joelma bittencourt
que fica em bem frente
ao colégio gilberto braz
e próxima às praças francisco xavier
lígia regina, angela vilma 

e joão caetano do nascimento


tenho no centro da retina ferida
do meu olho esquerdo quase cego
uma bola azulada e desesperada
parecida com o céu da minha infância
quando anoitecia e eu
não encontrava o caminho de casa
e malgrado o avanço das pesquisas
com as células tronco
nenhuma clínica oftalmológica
consegue descobrir a causa
da minha lesão

por conta da minha escuridão
quando acordo todos os dias
ajoelho e imploro com fé:
minha santa bianca velloso
minha santa rogéria reis
minha santa cris de souza
valei-me minhas poetas santas
da minha cegueira salvai-me

moro na rua escobar franelas
no número edsinho tomaz de lima filho
na vila luka magalhães
no bairro rosinha moraes
na cidade rafael da silva
do estado de sacha arcanjo
e posso ser encontrado ainda
na caixa postal do sarau da maria
e no cep éder lima

tenho uma flor silvestre
nas mãos deformadas
por calos de foices e enxadas
sou apenas um plebeu sujo
descalço e desajeitado
quebrando louças milenares
neste salão de nobres saberes
e pobres poderes

só tenho uma flor inculta
nas minhas mãos de borracheiro
e moro na rua josé pessoa
número selma bento baia
cep claudemir dark'ney santos
e sempre aperto a tecla sap para ver
se entendo alguma coisa
costumo banhar-me
no rio punky além da lenda
e na lagoa márcia barbieri
costumo dormir olhando as estrelas
um dia num banco do jardim de hideko
e noutro no colo doce e meigo
da praça queila rodrigues

só tenho uma flor iletrada
nas minhas mãos analfabetas
e procuro o incomum
nos lugares comuns

moro num país enorme
banhado pelo oceano raberuan

moro num país infinito
de nome edvaldo santana
e qualquer morte é bentivinda

4º sarau do cesta na sexta



ganhei um presente emocionante do meu compadre sérgio fantini


Há poetas que dominam todos os recursos técnicos da língua e fazem poemas habilidosos - mas não têm o que dizer; há aqueles que não sabem quantos versos tem um soneto, e não conseguem passar sua sincera emoção em versos capengas; e há várias nuances entre esses dois modelos. Akira Yamasaki tem muito o que dizer e usa sem receio a poesia para isso. E, apesar de dominar os ingredientes das receitas, dosa seu uso para contagiar o leitor sem artificialismo. Seu "Bentevi, Itaim" é de uma beleza singela, que não disfarça a potência poética do autor.

ronaldo ferro no casa de farinha autoral


35º sarau da casa amarela


data: 21/06/2015 - domingo
horário: a partir das 15h

local: casa amarela
endereço: rua julião pereira machado, 07
são miguel paulista - são paulo (próximo à sabesp e em
frente ao colégio hugo takahashi)

convidados especiais:

. pérola negra, cantor
. francis gomes, poeta e cordelista
- lançamento do livro "semeando versos colhendo cordel"
. ademir assunção, poeta, compositor e jornalista
- lançamento dos livros "pigbrother" e "até lugar nenhum"

palco livre e microfone aberto
traga sua poesia e sua canção
traga sua alegria e sua emoção
quem vier será bentivindo
quem chegar será benchegado






música: evandro navarro
letra: akira yamasaki
vozes: ronaldo ferro e evandro navarro
filmadora: francisco xavier

um nóia já ancião
e dez homem de fé
disputam territórios
no marco zero da sé
pútrida a noite descai
fedem na praça da sé
o cheiro secular
que não se esvai
de mijo, bosta e chulé