segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
O jardim de Hideko (5)
na boca da noite
chove pesado o verão
sobre o frágil jardim
gotas de chuva
são fontes de alegria
e cada flor uma irmã
apesar disso, hideko
não se lembra do mês
de floração dos girassóis.
akira - 13/12/2010.
Agenda Metrô (9)
Edvaldo Rosa, metroviário, poeta.
Dada as circunstâncias dos nossos pendores...
Vou enfeitando-te o corpo inteiro,
Parte por parte, sem mínimos pudores!
Enfeito teus pés com as mais lindas flores,
Cuidando de retirar seus espinhos...
Lavo teus pés com lavandas, com delicados perfumes
Enxugo teus pés com meus amores, todo carinhos!
Teus pés, mil desejos em mim provoca
Loucuras que explodem em meu coração,
Que vou saciando, com caricias, com a boca!
Teus dedos, cada um, deliciosa guloseima,
Vão sendo pouco a pouco tocados pela minha língua...
Abrasando mais a sempre nova chama, que a muito me queima!
Edvaldo Rosa
01/10/2010.
Minha mulher...
Minha mulher tão timida,
apaga as luzes de nossa alcova,
para só assim tirar a roupa...
E deixar abandonar-se em mim!
Minha mulher tão ávida,
em minhas costas as ulhas crava,
como a querer dividir-me em nacos,
enquanto seu corpo vai me consumindo
pedaço por pedaço!
Como se eu não tivesse fim!
Minha mulher tão louca,
mete a boca em mim e me suga,
com seus lábios de volupia,
carnudos, como polpa de fruta!
Minha mulher agindo assim
faz de mim seu manjar...
E se farta, e se sacia,
para deixar-se descansar sobre meu corpo,
como se não o tivesse cavalgado!
Eu... Eu me aninho em seu ninho de pecado,
para apaziguar as volupias de meus sentidos,
e refazer um todo,
de todas as partes de meu corpo,
que jaz inebriado!
Edvaldo Rosa - 12/05/2006.
Edvaldo Rosa é empregado do Metrô de São Paulo onde trabalha como Agente de Estação na Linha Azul (Jabaquara/Tucuruvi) e tem mais de 20 anos de casa. Fora da Companhia, nas horas vagas, ele se transforma em poeta e ativista que movimenta o cenário cultural da cidade com o seu site www.sacpaixao.net, onde divulga os seus poemas construidos com refinada técnica e abre espaço para o surgimento de novas gerações de poetas.
Conheci o Edvaldo em 2005 quando eu estava iniciando o Projeto Cesta de Artes na Sexta, no Metroclube onde trabalho, e ele respondeu a um chamado para realização do 1º Sarau do Cesta na Sexta. Foi sacpaixão à primeira vista e desde então já realizamos juntos, vários eventos onde ele comparece trazendo consigo dezenas de poetas que gravitam em torno do seu sacpaixaonet.
Poeta do primeiro time, Edvaldo construiu uma carreira consistente há décadas, com vários livros publicados, participações em Bienais, intenso ativismo literário e etc etc, e, principalmente, poemas de ótima qualidade que compoem uma obra múltipla e homogênea, de onde sobressai a sua vertente lírico/amorosa, única e incomparável.
Alguns dias atrás fui surpreendido com a publicação no sacpaixaonet, de alguns poemas meus e de um elogio imerecido, sem falsa modéstia, o qual credito à generosidade e afeto sem tamanho do Edvaldo com seus amigos. Sendo assim peço a todos que entrem e bisbilhotem à vontade no sacpaixao, que oferece guarida a uma porrada de bons poetas. Akira – 13/12/2010.
Teus pés
Dada a natureza de nosso sentimento,Dada as circunstâncias dos nossos pendores...
Vou enfeitando-te o corpo inteiro,
Parte por parte, sem mínimos pudores!
Enfeito teus pés com as mais lindas flores,
Cuidando de retirar seus espinhos...
Lavo teus pés com lavandas, com delicados perfumes
Enxugo teus pés com meus amores, todo carinhos!
Teus pés, mil desejos em mim provoca
Loucuras que explodem em meu coração,
Que vou saciando, com caricias, com a boca!
Teus dedos, cada um, deliciosa guloseima,
Vão sendo pouco a pouco tocados pela minha língua...
Abrasando mais a sempre nova chama, que a muito me queima!
Edvaldo Rosa
01/10/2010.
Minha mulher...
Minha mulher tão timida,
apaga as luzes de nossa alcova,
para só assim tirar a roupa...
E deixar abandonar-se em mim!
Minha mulher tão ávida,
em minhas costas as ulhas crava,
como a querer dividir-me em nacos,
enquanto seu corpo vai me consumindo
pedaço por pedaço!
Como se eu não tivesse fim!
Minha mulher tão louca,
mete a boca em mim e me suga,
com seus lábios de volupia,
carnudos, como polpa de fruta!
Minha mulher agindo assim
faz de mim seu manjar...
E se farta, e se sacia,
para deixar-se descansar sobre meu corpo,
como se não o tivesse cavalgado!
Eu... Eu me aninho em seu ninho de pecado,
para apaziguar as volupias de meus sentidos,
e refazer um todo,
de todas as partes de meu corpo,
que jaz inebriado!
Edvaldo Rosa - 12/05/2006.
sábado, 11 de dezembro de 2010
O jardim de Hideko (4)
manhã de primavera
hideko contempla o jardim
da porta da cozinha
os olhos distantes
xícara de chá fumegante
nas mãos esquecidas
pesam sobre as flores
gritos abafados de solidão
e o silencio dos bentevis.
akira – 11/12/2010.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Toshiaki
toshiaki (+08/12/2010)
desculpe, toshiaki-sama
sei que não ardi lentamente
nem restei cinza graves
ou tênue espiral de fumaça
do teu incenso de morte
conforme determinam
os ritos milenares
dos cerimoniais de partidas
talvez por isso, toshiaki-sama
fui o único a perceber
a presença dos bentevis cantadores
na árvore mais próxima
dezenas deles em formação de coral
dezenas deles em formação de coral
- pensa que não advinhei
no seu rosto
nessa hora
no seu rosto
nessa hora
um relâmpago de contentamento?
sim, enquanto as pás cumpriam
o seu destino de preenchimentos
sei que agora, toshiaki-sama
a vida organiza-se com naturalidade
em torno de pressentimentos
ventos que mudam de direção
e repentinos bateres de asas
- responda-me então, com sinceridade
como é morrer depois
de ter virado um passarinho
cantando para os condes?
de ter virado um passarinho
cantando para os condes?
sim, mesmo agora, toshiaki-sama
que os bentevis fizeram silencio
e partiram em revoada
guardando rígida formação de escolta
e a sua alma também voou
através do portal.
akira – 09/12/2010.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O jardim de Hideko (2)
motor de moto na rua
manhã de primavera
no jardim de hideko
na haste da antena
benteviu-me
tres vezes seguidas
akira - 06/12/2010.
sábado, 4 de dezembro de 2010
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