segunda-feira, 21 de agosto de 2017

puruba 4


estamos sós
temos um ao outro
e em comum lembranças navalhas
impiedosamente cortantes
dentro dos nossos olhos
estamos sós
temos um ao outro
e em comum o destino deste rio
que atravessa o sertão para acasalar
com outro rio diante do mar
estamos sós
temos um ao outro
e em comum as manhãs e noites
desse tempo de matanças que o capitalismo
promove como política estratégica de extermínio
para preservação do status quo dos que estão
no topo da cadeia alimentar
estamos sós
temos um ao outro
e em comum a floresta escura e imensa
com seus caminhos que contém
a sabedoria do mundo
que teremos que decifrar sozinhos
com nossos pés feridos e inchados
akira - 29/07/2017.




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