terça-feira, 27 de agosto de 2013

16º sarau da casa amarela, uma lição de vida com Alessandro Buzo



quando digo que sou o cara mais desligado do mundo
ninguém acredita mas é a mais pura expressão da
verdade. apesar de morar no itaim paulista / curuçá
há 49 anos eu não sabia da existência de alessandro
buzo até o início deste ano quando fui apresentado a
ele no sarau dos umbigos, em uma edição em que a
galera dos umbigos estava homenageando o meu
chapa edvaldo santana e na ocasião o buzo estava lá
com uma câmera e alguns holofotes entrevistando os
presentes ao evento e sem mais essas ou aquelas ele
disparou um convite para eu lançar o meu livro, o
“bentevi, itaim”, e ao edvaldo para lançar o seu cd, o
“jataí”, na livraria suburbanos convictos, em um sarau
que ele realiza às 3ªs feiras no bixiga. como eu não o
conhecia perguntei ao meu amigo daniel marques, um
dos organizadores do sarau dos umbigos quem era o
tal de buzo e então eu soube que ele era um poeta do
itaim paulista, um contista, escritor, cineasta, um cara
ligado ao hip hop e fazia um quadro sobre movimentos
culturais na periferia para o sptv da globo. imaginem,
um cara assim, nascido e morador na itajuibe, quase
ao lado da minha casa e eu nunca tinha ouvido falar
dele, sou um desligado mesmo. se eu fiquei meio de
nariz torcido com o buzo no começo, pensei, um cara
das quebradas do itaim fazendo matérias para a globo
sobre arte e cultura na periferia, isso desapareceu
quando estive na suburbanos convictos para lançar o
meu livro e, com mais calma, ele me resumiu a sua
trajetória de vida, a infância pobre e difícil no itaim,
os subempregos na juventude, o envolvimento com
drogas, o trem da central lotado no pico e o destino
de anonimatos ou coisas piores que já vem traçado
no dna dos que nascem nas quebradas da periferia e
o resgate para a vida através da arte, - fui salvo das
drogas e da miséria pelo hip hop, ele diz, fazendo da
adversidade o seu negócio quando escreve um livro de
contos e poemas sobre suas experiências dolorosas
no percurso itaim ao bráz e vice-versa no horário de
pico no último vagão da variante, o vagão do baseado
onde centenas de vezes fiquei muito louco por tabela.
- tudo começou no vagão do baseado, ele diz. puta
história, pensei, precisa ser contada no sarau da casa
amarela e sem pensar duas vezes eu o convidei. e não
é que ele veio ontem? veio, sim, para nos dizer que é
possível construir um caminho com honestidade,
ternura e generosidade sem ter que pisar nos manos e
nos compadres.

akira – 26/08/2013. 













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