Por volta de
1990, sob o impácto de um ocorrido na
rua calma
onde morava um amigo tranquilo, escrevi
um poema
chamado "Toque de recolher" que vim a
incluir em
2012 no meu livro/CD "Bentevi, Itaim".
Sábado
passado - 03/11, na Casa das Rosas, no
Sarau a
Plenos Pulmões, o multi-artista Shidon
Soares, um cara
que eu nunca tinha visto na vida,
arrancou-me
espantos e lágrimas quando falou o
"Toque
de recolher" para um público estarrecido.
E de quebra,
despertou-me para a inquietante e
brutal
atualidade desses versos.
Akira -
06/11/2012.
toque
de recolher
na noite passada
a guerra chegou à minha rua
pulou o portão de casa
e bangue, bangue
deixou o meu jardim
sujo de sangue
na noite passada
parecia queima
de fogos de artifício
centenas de estampidos
bangue, bangue , bangue
instalaram na minha rua pacata
a sua primeira chacina
nem bem tinha amanhecido
crianças de no máximo onze anos
(idade do meu filho)
bateram de porta em porta
impondo o toque de recolher
calçavam tênis da nike
usavam roupas e relógios de grife
e sob o moletom de suas blusas
percebi os volumes quadrados
das automáticas ponto quarenta
bangue
akira – 1990.
na noite passada
a guerra chegou à minha rua
pulou o portão de casa
e bangue, bangue
deixou o meu jardim
sujo de sangue
na noite passada
parecia queima
de fogos de artifício
centenas de estampidos
bangue, bangue , bangue
instalaram na minha rua pacata
a sua primeira chacina
nem bem tinha amanhecido
crianças de no máximo onze anos
(idade do meu filho)
bateram de porta em porta
impondo o toque de recolher
calçavam tênis da nike
usavam roupas e relógios de grife
e sob o moletom de suas blusas
percebi os volumes quadrados
das automáticas ponto quarenta
bangue
akira – 1990.
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