sábado, 27 de março de 2010

Osnofa, a bola da vez (2)




ÚLTIMO REDUTO

O jogo acidentado que essa vida corta
É fogo disputado na avenida morta
É mão que se embaraça e a notícia engole
No chão se desenlaça a fictícia prole

A fome então consome mais um lar impuro
Sem nome e sobrenome, sem lugar seguro
É sobra que atormenta mais um passo curvo
Manobra que arrebenta , é o fracasso turvo

É gente se espalhando numa dor pungente
É o pródito e o pródigo uma só mistura
É a gota dividida, é o sono ardente
É a rua da amargura, é a rua da amargura

É o tombo derradeiro na parede fria
Assombro no terreiro, a sede de orgia
O grito tão funesto que esta luz encerra
O atrito, o manifesto por um grão de terra

É o suspirar moroso de um peito aflito
É o murmurar choroso no leito maldito
É o trato e o distrato de quem come e nega
Retrato tão ingrato de uma fome cega

É o espelho e a silueta que oculta a gente
É a saliva seca, é a espuma ardente
É o cheiro das cinzas que o vento espalha
É o último reduto de quem só atrapalha

É gente se espalhando numa dor pungente
É o pródito e o pródigo uma só mistura
É a gota dividida, é o sono ardente
É a rua da amargura, é a rua da amargura.
OSNOFA / EDSON LOPES.

Nenhum comentário:

Postar um comentário