Pessoal
Em 2004/2005 gravamos de forma independente e a duras penas, com recursos angariados no velho, bom e infalível sistema do “ação entre amigos”, o CD “Tião”, do cantor e compositor Raberuan.
Lembro que na época incomodamos e até constrangemos os amigos utilizando todos os instrumentos que tínhamos na mão para levantar grana para o “Tião”, desde venda antecipada de CDs e promoção de pré-lançamentos, passando pelas fatídicas rifas de DVDs e máquinas fotográficas e, inclusive, promovendo na maior cara de pau a ressurreição do livro de ouro, onde tomamos o cuidado de colher primeiro as assinaturas e os valores dos mais endinheirados para intimidar os próximos da fila, tudo por uma boa causa – o registro do trabalho do Raberuan.
Lembro comovido, como se fosse hoje, um monte de amigos que compraram de prima a idéia e lançaram-se de olhos fechados na empreitada, não medindo tempo nem esforços, cada um dentro do tamanho da sua possibilidade. Amigos como Gerson Sadao Miyoshi, Edsinho Tomaz de Lima, Luis Casé, Wilson André Filho, Celso Frateschi, Mizão e Mizinho de Carvalho, Domenico Tinelli, Robson Martins, Walter Passarinho, Mario Landim, Ronaldo Ferro, Valdir Aguiar, Gilson Passos, Heron Alcantara, Cida Arizona e Sueli Kimura.
Em 2009 gravamos o CD “Sacha, 60”, também de forma independente, que teve por mote principal a comemoração dos 60 anos de idade do poeta de São Gabriel – BA, que chegou há 40 anos em São Miguel Paulista para ajudar a plantar aqui a semente de um dos mais importantes movimentos de arte e cultura popular do país. Já a produção do “Sacha, 60”, contou com a participação de outros amigos como Cleston Teixeira, Silvio Kono e André Marques que juntaram-se ao núcleo inicial que realizou o CD “Tião”, isso sem contar o apoio e a participação de toda a comunidade artística e cultural da região que cantou a obra do poeta no CD.
Lembro que foi no calor da gravação do CD “Tião” que formatamos, eu, Raberuan e Sueli Kimura, os conceitos básicos do Projeto Criação de Memória, para promover o resgate e o registro da riquíssima obra musical produzida desde os anos 1970 na região de São Miguel Paulista, que é um celeiro abençoado de poetas, compositores e músicos/grupos musicais de muito talento que, por força dos mais diferentes impedimentos, não conseguem registrar e veicular os seus trabalhos. De cabeça cito alguns dinossauros: Gildo Passos, Eliel Lima, Luis Casé, Grupo Ururaí, Tião Baia, Líder’s do Chorinho, Osnofa, Betinho Rios e Ronaldo Ferro. Da nova geração lembro dos talentosíssimos Rodrigo Marrom, Claudemir “Dark’ney” Santos, Vinícius Casé, Caio Vandré, Tarcisio Hayashi, Carlão + um Guerreiro da Leste, Nando Z, Ivan Néris e Tiago Araujo.
Alguns artistas como Edvaldo Santana, Zulú de Arrebatá, Jocélio Amaro, Sacha Arcanjo e Ceciro Cordeiro, uns menos e outros mais, ainda conseguem romper o muro de impossibilidades que separa o existente do registrado. No mais o que existe é uma grande obra musical e poética produzida há décadas na região, que está esquecida e condenada ao desaparecimento ou à espera de um projeto que estruture mecanismos que promovam o registro, disseminação e consumo dessa obra.
Durante a realização do “Sacha, 60” conseguimos costurar e resumir em alguns pontos os objetivos do Projeto Criação de Memória Artística e Cultural na Região de São Miguel Paulista:
ü Promover o resgate e o registro dos trabalhos poéticos e musicais existentes na região utilizando as formas convencionais no mercado, como CDs, DVDs, livros, clip’s, documentários e outros;
ü Promover a disseminação das obras registradas utilizando os instrumentos existentes no mercado, como shows, palestras, audições, saraus, internet e outros;
ü Promover na região, de forma organizada e sistemática, a criação de público consumidor para as obras registradas, por meio da realização de eventos específicos para esse fim (shows, palestras, audições, saraus e outros), em escolas, teatros, casas de cultura, bibliotecas, faculdades, entidades sociais e religiosas, associações de bairro, bares, logradouros públicos e outros.
Atualmente o Criação de Memória está sendo formatado por Cleston Teixeira, Raberuan, Sueli Kimura e Akira Yamasaki e um dos objetivos principais com o projeto é captar recursos para a gravação de uma dúzia de CDs que contemplem o registro da obra musical e poética existente na região de São Miguel Paulista, a sua disseminação e também, a criação de um mercado consumidor para essa obra registrada.
Mas não é porque o projeto ainda não existe e nem existem os recursos financeiros à disposição, que temos que ficar parados na praça dando milho aos pombos e esperando a banda passar. Conseguimos realizar com muitas dificuldades, o “Tião” e o “Sacha, 60”, e não podemos deixar a poeira baixar, o feijão esfriar.
Temos que continuar com o projeto. A bola da vez é o cantor e compositor Osnofa, um poeta popular que morou a sua vida inteira de mais de 60 anos na Vila Jacuí, na mesma batcasinha de sempre. Não menos genial que os já focados Raberuan e Sacha, Osnofa reproduz com uma sonoridade particular, ora popular ora erudita, ora alegre, debochada, irônica, ácida e amarga, e ora séria, sisuda e severa, em suas letras e músicas, um universo único e singular de referencias culturais.
Fundador e participante do Movimento Popular de Arte nos 1970 e 1980, Osnofa sintetiza em seu balaio de circunstâncias e influencias, que vão do rock ao chorinho, passando pelo samba, pop, maxixes, baião e outro, até sua experiencia como baixista e crooner de conjuntos de baile, a simplicidade do seu dia a dia nas Jacuís da vida, que é igual à Curuçá, ao Robrú, à Sinhá, Nitro-Operária, Romano, Helena e tantas outras.
A idéia dessa vez é efetuar o registro da obra única e incomparável do poeta, cantor e compositor Osnofa, e tirar do limbo canções extraordinárias como Último Reduto, Crepúsculo, Agamelanciou, Boleramba de Breque e Zé Neguinho, para ficar em alguns exemplos, que comovem apenas a um círculo restrito de ouvidos privilegiados.
A idéia é gravar o CD “Osnofa” e não temos recursos, continuamos duros. Portanto estamos realizando uma venda antecipada de CDs do Osnofa para levantar grana para a sua produção, que deverão ser entregues por volta de agosto de 2010, que é o prazo que fixamos para a sua confecção.
Peço, portanto, aos amigos que ajudem a financiar o CD do Osnofa comprando antecipadamente os discos. Quem puder comprar um compre um, quem puder dez, dez, quem puder cem, cem. O valor de cada CD é de R$15.00 (quinze reais) e as aquisições podem ser combinadas pelo email akira-yama@hotmail.com ou com o Akira nos telefones 2562 0392 e 9971 4559.
Um abraço do Akira.
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O dez deles – comentários
ResponderExcluirMaravilha de texto! As letras estão dançando o samba do poema, no bamboleio extrínseco do futebol. Parece um Obina tresloucado em tarde fulgurante de domingo.
A propósito, levei uma proposta ao Sacha de uma mostra expositva de poemas/artes plásticas/futebol na Of. Cult. LG, dentro do contexto do que já havia comentado contigo (ano de Copa do Mundo, essas coisas, etc & tal).
Vamos ver se tem retorno...
Recuperou-se? Já está em férias?
Há braços,
Escobar Franelas
Akira,
o dez deles na verdade deve ser o "dez" do palmeiras, pois não passa de enganação.
Abraço e parabéns.
Antonio Marcio – MTO
Salve, Akira, bom dia
Leio frequentemente seu blog, como ja comentei antes, e tenho notado que fico ancioso pelas atualizações dele. Cada nova atualização sou apresentado a poetas magnificos, que nem de longe eu saberia da existencia deles, Tais como Raberuan, Sacha, Andre Marques, Tiago Araujo, além do Cleston Teixiera, e voce claro. Parabéns.
abraços a todos
Carlos Alberto Rodrigues
Meu caro poeta,
A sua poesia é dez.
Onze seria se fosse soma
Maior ainda com lucidez.
A tez que descreve
É mesmo de sarará:
A cor da pele e do número atribuído.
Grande abraço
Tião Soares