sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Meus poetas preferidos (08)

CLESTON TEIXEIRA

Poeta e compositor dos bons, cantor, autor e diretor teatral, produtor e agitador cultural, beberrão e glutão contumaz, e o que mais aparecer pela frente, Cleston Teixeira é o tipo do multi-artista completo que se encaixa e escapa ileso de todos os contexto e mídias. Dentre as faces múltiplas de Cleston a que mais me fascina e seduz é a do moderno menestrel romântico, quase ingênuo nesses tempos de barbáries ao vivo e online em que vivemos, que resgata em suas canções de amor e paz, a força da simplicidade do sentimento humano. Uma outra face envolvente e cativante de Cleston é a do cronista do cotidiano que descreve com humor perpiscaz e sutil ironia, cenas despercebidas do nosso dia. Ontem ele enviou-me um relato.



HISTÓRIA DE PESCADOR

Um Sol pra cada um, sábado de carnaval em Itanhaém.
Maior praião e eu voltando de um raid de bike, ida e volta ao Suarão, suadão e cansadão. Larguei a bicicleta alugada no quiosque já cravando na memória a cerveja que me esperava, porque afinal tinha que repor as energias perdidas, e fui pra água desviando do povaréu e das caixas de som tocando batidão sertanejo, repertório preferido da caipirada que refestelava suas barrigas e bundas nas cadeiras de plástico.
Aí vem a turma das tendas, ou as tendas das turmas da farofa, devolvi uma bola (não sei por que, mas as bolas sabem a quem procurar) e comecei a pisar no molhado. Água quentinha, mijinho de gato pra alguns, lá vou eu passando as piscinas e os bancos de areia, até que vejo na última arrebentação, uma antes dos surfistas, um grupo de marmanjos, todos olhando para um cara que vinha carregando um troço brilhante que no começo, não conseguia identificar. Quando cheguei mais perto vi que o troço se mexia se debatendo... Era um peixe preso pela cauda na mão do para o preocupado e sorridente pescador sortudo. Ele sustentava a cabeça do peixe fora d’água, e tinha que levantar o braço acima do ombro. O bicho era grande e eu me aproximei o suficiente pra ver que tinha umas rugosidades, umas corcovinhas ao longo do seu dorso, sei lá que peixe era, mas era mais para comprido do que gordinho.
- Você pegou esse bicho na mão?
- É... Aí na arrebentação.
Fiquei na dúvida e cheguei nos marmanjos que olhavam que confirmaram.
- Pegou na mão mesmo!!!
Foi o maior fuá na praia. Da turma da tenda ou da tenda da turma já saíram as máquinas fotográficas, os celulares contando pra todo mundo.
Voltei pra água e fui pegar meus jacarés, que é coisa que eu faço com o corpo inteiro e não preciso pegar na mão.
Cleston Teixeira. 

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Bom poeta ruim

tanto afirmam e repetem
que eu sou um poeta
que até quase acredito
que sou um poeta sim

meus versos na verdade
se muito dão pro gasto
e escondem uma certeza
sou um bom poeta ruim

nem todos têm a sorte
de nascer gilberto braz
sacha então nem de longe
ceciro respeito demais

pedra preciosa, o verso
de cléston teixeira reluz
cláudio gomes é estrela
águia guia que me conduz

nem todos são edvaldo
raberuan não deixa dúvidas
severino do ramo é maior
maiores são minhas dívidas

todos são poetas maiores
se muito sou assim, assim
mas só meus versos clareiam
a severa escuridão de mim.

akira.

emeioprákirá

meu caro,
já faz tempo que admiro sua lata cheia
de mimos pro mundo.
star existe para brilhar sempre.

mas quando o poeta se diz ruim,
meio assim..assim...
pode ser metáfora da sua lata sem fundo
vejo em seus olhos que vê o brilhus do tudo,
hum em todas voltas da kundalini,
coração ardente na rodação do centro
do peito, tálamo,mapadamão
e do céu da boca
donde o verso & o inverso inflama e flui
ampliando o comparsa ouvinte & vivente

criando entrelinhas de raios, lustrando o ser

um poeta assim ... meio ruim?
um poeta assim ! sem fim !
meio bom ?
um poeta sim, orientando a palavra
um poetator transorando as vocálicas!

humpoetaohm.


cláudio gomes
(no meio da primeira sexta da sexta lua crescente do cinquentenário)

Sabe o que parece, e é o que me deixa feliz?
Parece que todos esses nomes
São na verdade heterônimos
Desse poeta um
E ser pedra
De um
É ser feliz como uma pedra na mais alta montanha.

Abraços, Cleston.

e eu Akira?
Que eu tô fazendo aqui, se nem versos eu pratico, nem alma, nem corpo presentifico, só sigo, sigo e não sirvo...
Parabéns, puta texto do caralho!!! Queria eu ter as pernas menos quebradas pra escrever a altura, mas eu faço fisioterapia, pódexá!!!

abraços do Tiago.

Caro Akira,
seus versos dão vontade de conhecer mais e mais a sua poesia. Ela flui porque tem ritmo. Tem também melodiosidade: no caso desse seu poema, ora pelas rimas, ora pelas assonâncias, e também pela sonoridade interna. Você, enquanto poeta, não precisa explicar o que faz; faz e ponto. Explico eu, que não sei fazê-la; sei apenas saboreá-la. Mas, como profissional do ensino da leitura, sua poesia me induz a busca dos porquês desse efeito fascinante que entrelaça de maneira brilhante forma e conteúdo.
Também faz parte da boa tradição poética cantar os poetas contemporâneos a quem se admira: Drummond, Cabral, Bandeira fizeram isso.

Abraço,
Jobi.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Meus poetas preferidos (07)

Carlos Alberto Rodrigues

 

Não conheço Carlos Alberto pessoalmente, mas assim como eu ele é um bom poeta ruim. Assim como eu ele escreve muitas babaquices e mediocridades, mas às vezes acerta em cheio como nesse poema inquietante, intrigante e instigante.



Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
 
  
Às vezes sou a Piñata
Às vezes sou a vara
Às vezes sou a mão do batedor
 
Minha mãe morreu
Meu casamento acabou
Os documentos não saem
Minha obesidade aumentou
Minha vida segue sendo uma eterna busca
De bancos e cadeiras que me sustentem
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos maus
 
Às vezes sou a mão do batedor
Às vezes sou a vara
Às vezes sou a  Pinãta
 
Muitas vezes sou os olhos cegos pela venda
Que tem a função de confundir o caçador
Às vezes sou Piñata
Às vezes sou o feto dela
Às vezes sou a corda que a sustenta
Às vezes a vara que lhe rebenta
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos dependentes
 
Meu amor acabou
Meu pneu murchou
Gastei mal meu dinheiro
Minha vida (tão triste) parece não ter fim
 
Só me resta esperar a morte
Que às vezes é a sorte
Da Piñata que ninguém acerta
E continua grávida na festa dos loucos
Sobrevivendo por breves momentos a mais
 
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Acabou o saco de pão, não tenho mais onde escrever
Escureceu-se o céu, o sol deve vir
Mas ainda demora, talvez chegue depois de minhas lágrimas
Iracundo mundo de las Piñatas pingentes
Somos fracos.

Carlos Alberto Rodrigues.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Buraco d'Oráculo no Jardim das Oliveiras

BURACO D’ORÁCULO NO JARDIM DAS OLIVEIRAS

Pessoal

Convido, ou melhor, convoco a todos em nome do IPEDESH, para assistir um grande espetáculo de Teatro de Rua que vai acontecer no próximo domingo, 21/02/2010, às 17h, no Jardim das Oliveiras – Itaim Pta., na Rua Enseada de Itapacoróia, em frente à EE João Prado Margarido. Nesse dia baixará por aqui trazendo momentos de magia, alegria, afetividade, reflexão e identidade com nossos problemas cotidianos, a trupe do Buraco d’Oráculo com sua última peça, o Ser TÃO Ser – Narrativas da Outra Margem.
Construido a partir de relatos de histórias de vida dos moradores do extremo leste da cidade de São Paulo, o Ser TÃO Ser dá voz e leva para o palco (a rua) homens que estão fora do seu território e jogados à margem da grande cidade, oprimidos e quase sempre derrotados por lutarem em separado. Dessa forma o espetáculo lança um foco de luz sobre as vidas desses homens, mostrando a beleza de suas histórias e os momentos decisivos de reflexão sobre suas condições de vida, o que os empurra para uma luta maior.
Ser TÃO Ser é a saga de homens simples que constróem a riqueza do país e é também a 8ª produção do Buraco d’Oráculo, grupo que nasceu em 1998 e construiu desde então uma das mais belas páginas do nosso teatro popular com espetáculos que tem como fonte geradora de inspiração, a cultura popular e a discussão do homem urbano contemporânelo e seus problemas.

FICHA TÉCNICA

Ser TÃO Ser – Narrativas da Outra Margem
Elenco Adailton Alves
Edson Paulo
Johnny John
Lu Coelho
Selma Pavanelli (atriz convidada)
Direção Adailton Alves
Texto Buraco d’Oráculo
Colaboração de Armando Liguori.

Não percam porque é imperdível. E como ninguém é de ferro vamos tomar uma cerveja e comer um espetinho de gato depois do evento.

Um abraço do Akira.

PS: Em caso de chuva a apresentação será realizada dentro da EE João Prado Margarido.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Meus poetas preferidos (06)

Francisco Fernandez

Chicão é um irmão de sinas e nossas aflições são semelhantes. Sua poesia é chumbo grosso, de forte pegada e sofrimentos que dilaceram o tutano do osso. Fiquei sabendo que atualmente ele se recupera de alguns extremos hepáticos e tenho rezado para que a sua poesia grandiosa possa ajudar a salvá-lo. Ontem ele me encaminhou 02 poemas por um amigo comum, o Domenico, e um deles é uma resposta ao poema Butecos Fuleiros que escrevi recentemente. Tirem as crianças da sala.

Akira.

 

ARREMEDO 37

Domenico fiquei contente
em receber o Akira
e mesmo estando doente
vou afinar minha lira
para acompanhar meu canto
e que me ajude um sacrossanto

Eu já fui nesses lugares
já percorri tal roteiro
visitei todos os bares
realmente eram fuleiros
uns até tinham ares
de pocilgas, de chiqueiros

Me falavam dos perigos
de frequentar tais paragens
mas sempre levei comigo
a força e a coragem
e se brigar fosse preciso
em casa eu deixava o siso

Também joguei futebol
no Manchester do Cangaiba
meia esquerda de escol
num uniforme siba
mas logo parei de jogar
pois ao campo preferia o bar

Primeiro parei de jogar
depois parei de beber
apesar das minhas preces
sofri tal metamorfose
e desses momentos de prazer
o gol que marquei foi a cirrose.




ODEIO A LUA – 3

Estou em órbita , satélite desprezado
tal qual cavaleiro errante
gostaria de ser amado
mas agora estou minguante
 
Sigo meu giro tetracíclico e penduricalho
sendo colocado à prova
ainda mostro o que valho
sinto chegar lua nova
 
Não posso acelerar minha peregrinação
porem , com esta esperança latente
que enche o coração da gente
cheguei à lua crescente
 
Muito tenho a contar sobre esta cavalgada
corre o sangue que ferve na veia
alegria que estonteia
hoje sou lua cheia
 
Agora, ciclo encerrado
tenho uma nova missão
voltar a ser o que eu era
alcançar a redenção

Mesmo que isso me custe
muito caro pagarei
serei honesto e bondoso
amável e carinhoso

Como centro do universo
me sentirei orgulhoso
por voltar a minha origem
ser o sol, o astro rei. 

Francisco Fernandez.





domingo, 7 de fevereiro de 2010

Festa de Lançamento do CD SACHA, 60

FESTA DE LANÇAMENTO DO CD SACHA, 60

 

"Sacha é a constatação que a vida pode ser boa com paciencia e muito respeito, a iniciativa desse projeto é o sinal que a amizade é o nosso grande trunfo. Quantos artistas maravilhosos tem esse país que nunca são lembrados, acredito que esse lugar que a gente plantou a semente da arte é muito especial. Parabens para todos e é claro para o Sacha pela obra e pela amizade.

Edvaldo Santana"
 

Pessoal

Sei que não gostamos de uma boa farra mas como não tenho opção sou obrigado a convidá-los para uma grande cantoria no Bar do Wlad: A FESTA DE LANÇAMENTO DO CD SACHA, 60. Pela estatura e envergadura artística e cultural do nosso poeta, compositor e cantador Sacha Arcanjo, natural de São Gabriel – BA e que acaba de completar 60 anos de idade, 40 de São Miguel e, de poesia - algumas eternidades, devemos fazer todos um esforço e sacrifício e comparecer, repito que sei que detestamos um bom oba-oba baba ovo, mas acho que o artista em questão merece o nosso prestígio e consideração.
Brincadeiras à parte faço o convite em nome dos meus chapas Cleston Teixeira, Raberuan, Edsinho Tomaz, o grande artista plástico/gráfico Wilson André Filho, Mizão e Mizinho de Carvalho do Musical em Mi Estúdio, competência técnica que dispensa comentários, e também do Silvinho Kono que  integramos à força no meio do caminho, ao processo de produção do CD. Faço o convite, também, em nome do IPEDESH, na figura da sua presidenta, Dona Sueli Kimura, que prestou um valioso apoio na formatação conceitual do Projeto SACHA, 60, e principalmente em nome das dezenas de artistas amigos que participaram da homenagem ao poeta.
Brincadeiras à parte peço o comparecimento de todos e informo de antemão que as ausencias não serão perdoadas, com exceção daquelas motivadas por força maior. Informo também, que todos deverão levar uma grana, uns R$5.00 (cinco reais) cada um para ajudar na carne, enquanto o consumo das bebidas será realizado no próprio Bar do Wlad, que é a paga pela cessão do espaço.
E brincadeiras à parte, fazer o que? Já que ninguém me convida para ir na igreja rezar sou obrigado ao sacrifício.

Evento              FESTA DE LANÇAMENTO DO CD SACHA, 60
Local                 CONDE WLAD ROCK BAR
Rua Shobee Kumagai, 26
(esquina com a Miguel Rachid) 
Ermelino Matarazzo – SP
Data                 26/02/2010 - sexta-feira
Horário              20h
Informações      Akira         9971 4559
                        Cleston      7689 6071
                        Raberuan   2297 9177

Um abraço do Akira.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Resposta ao amigo Nando Z

butecos fuleiros

prezadíssimo amigo nando z
novamente acertaste na mosca
devo humildemente reconhecer
de bola e tudo, de letra e rosca
marcaste mais um gol de placa
com direito até a drible da vaca

trabalho de pesquisa necessário
é muito bem-vindo o inventário
dos butecos fuleiros da região
que se pela idéia já é hilário
é mais valioso pela intenção
este etílico e didático itinerário

importuguável amigo nando z
não tenho bravatas para cuspir
nem há vanglórias no meu dizer
prova que não me deixa mentir
meu fígado é testemunha e réu
purgatório entre inferno e céu

alguém como eu que joga e bebe
desde os catorze anos de idade
o começo atrás de muros e sebes
na infância ainda, na puberdade
nos bares da vida mais fuleiros
tanto melhor se mais rampeiros

nas vilas clara e curuçá, nando z
jardins noêmia, maia, são vicente
vilas mara e barbosa, jardim ipê
fiz meu nome no independente
no santos do morro e no avante
seguro e clássico médio volante

futebol, beira de campo, samba
fel na primeira dose da cavalinho
olho vivo no violão dos bambas
na pitú, riopedrense e tatuzinho
no dreher, o vilão dos conhaques
kent, astorga, cigarros mandrake

mas a primeira escola, nando z
foi na boca de porco do mussum
vinho capelinha, como esquecer?
três fazendas e cinqüenta e um
pif-paf, rouba-montinho, caxeta
menor ainda de penetra na roleta

vinte e um, o vício o mais comum
mata-mata e vida nas tampinhas
lei do cão, o coração pumpumpum
no meu jogo preferido, a porrinha
suspense e silencio na lanchonete
o aluguel pendurado na bola sete

o que procuraste amigo nando z
no líquido ardente, vil e espesso
é o mesmo que implorei esquecer
menino ainda e desde o começo
de bar em bar, de mesa em mesa
medos, assombrações, incertezas

nos copos também procurei errante
a dor dos meus fantasmas acalmar
pacificar minha tristeza dilacerante
deixar o cão da loucura descansar
e livrar-me finalmente dos fardos
dos meus aflitos poemas bastardos

akira – 06/02/2010.

 

Recomendo com louvor

CASA DO NORTE CUMBUCA CHEIA
Ou simplesmente Bar do Pernambuco
Fica no centro do Jardim das Oliveiras, infelizmente esqueci de anotar o nome da rua e o número, mas não tem o que errar, é no ponto final do Oliveira, bem em frente às Casas Bahia. Tudo o que o Perna serve no seu bar é de primeira, desde a favada até o arrumadinho, passando passando pelo mocotó, galinhada, galo, costela, costelinha e outros, mas vou falar somente da sua feijoada. Aliás, nem vou falar. Vou resumir numa única frase: a melhor que provei nos meus 58 anos de vida. A feijoada grande custa R$40,00 mas comem 06 pessoas tranquilamente e ainda sobra para a janta. Um senão é que o buteco é pequeno e se voce não chegar cedo pega fila. O outro senão é que o Pernambuco também é filho de Deus e de vez em quando toma umas e outras e entorna o caldo, os seus porres são homéricos e duram vários dias. Nesse período a freguesia fica a ver navios em pleno Oliveirinha.


 

CASA DO NORTE RAINHA DE UBERABA
Mais conhecida como Bar do Baixinho

Fica em Itaquaquecetuba, na Vila Virgínia, na Avenida Uberaba, 717. Deste antro de perdição de centenas de cachaças vís em carteira e estóque, centro de perigos e maldição para todos os regimes iniciados, quero recomendar a carne seca na chapa, o popular jabá, o charque ou qualquer nome que o considerado freguês preferir. Como o Baixinho prepara a indaga vou ficar devendo, simplesmente não sei a não ser que é simples porque ele coloca o fardo de jabá inteiro na chapa e a gosto do cliente vai arrancando lascas, cortando pedaços e dilacerando nacos que derretem na boca. Recomendo de olhos fechados com arroz branco.

Akira - 06/02/2010.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Meus poetas preferidos (05)

Escobar Franelas

Por ser todo composto de ternas sutilezas e claros instantâneos delicados, Escobar Franelas é incapaz de uma grosseria e sua poesia é limpa, clara e terna.

Akira.
 
 REZA

quando estiver em silêncio
não feche a porta
elas azedam a textura
da quietude

ouça:
é leve o zumbido
de pensamento luzidio
que trafega no vácuo
da memória
conserva ele num tonel
de distâncias indisfarçáveis

impenetrável
o silêncio - você o sabe -
é ouro em suspensão
amigo sem comoção

DA INFÂNCIA E SEUS INSTANTÂNEOS 

nem sabia o que era
quimera
mas gostava da palavra
rimava com primavera

não sabia o que era uma rima
tampouco primavera

POEMA SEM TÍTULO PARA RAQUEL
era pra ser amor era pra ser amora
ela que sempre gostosa ele que sempre gostara
ele que se amara ela que se fôra
ela que sempre será ela que se apavora
em tê-lo dentro e fora
ele que se devora comendo o futuro agora
ela que inaugura o ímpar do par que enamora

Escobar Franelas.