terça-feira, 27 de março de 2012

Projeto Bentevi, uma ação entre amigos


Os meus amigos armaram para mim uma afetuosa presepada,
que me deixou pendurado na brocha, comovido e envaidecido
como nunca, e à qual não consegui negar-me à participação,
mesmo que um tanto quanto constrangido, por parecer estar
advogando em causa própria. Sei que os bandidos que estão
encabeçando essa ação são Silvio Kono, Luiz Casé, Ronaldo
Ferro,  Silvinho Araújo e Sacha Arcanjo mas muitos outros
estão envolvidos no complô, todos bandidos da mais alta
periculosidade.
Estes meus amigos cismaram porque cismaram que eu devo
publicar um livro de poemas ainda em vida e como em agosto
vou completar 60 anos de vida, eles decidiram que a hóra é
agora e vão prestar-me uma homenagem levantando recursos
para a produção de um livro com meus poemas e um CD com
canções compostas em parceria com músicos da região de São
Miguel Paulista. Bandidos, não pude dizer não à iniciativa.
Então ficou assim:
01.  Faremos o registro em livro intitulado “Bentevi, Itaim”,
de poemas meus escritos a partir de novembro de 2009
e publicados no Blog do Akira. O título do livro remete
ao bairro do Itaim Paulista como cenário principal, tema
e palco das ações da maioria dos poemas do livro, e
como justa homenagem ao cantor e compositor
Raberuan, bandido falecido no ano passado.
02.  Faremos o registro em CD, também intitulado “Bentevi,
Itaim”, de canções que foram compostas a partir de
poemas meus, por compositores da região, os bandidos
Edvaldo Santana e Osnofa dentre outros. Neste CD,
as músicas serão interpretadas pelo poeta, cantor,
compositor e bandido Silvio Araújo, que emprestará o
seu talento e sensibilidade para essa empreitada.
O lançamento do livro e do CD está marcado para o dia
18/08/2012.
03.  Faremos realizar no período de 07/04 a 18/08/2012,
na Casa da Farinha em São Miguel Paulista, o PROJETO
BENTEVI, onde acontecerão 08 (oito) eventos artísticos
e culturais, com performances músicais, poéticas e de
artes plásticas, com ingressos no valor de R$10.00,
para angariar fundos para a produção do livro “Bentevi,
Itaim”. O título, “Projeto Bentevi”, remete também a
uma homenagem a Raberuan.
Dezenas de artistas da região já confirmaram presença no
Projeto Bentevi, conforme comprovado pela programação na
grade de eventos do flyer postado a seguir. A participação de
bandidos do naipe de Cláudio Gomes, Escobar Franelas,
Gilberto Braz, Gildo Passos, que lançará na sua data o CD
“Ouvindo o Coração” e terá a companhia do grande Edvaldo
Santana nesse dia, além de Ronaldo Ferro, Caio Vandré,
Sheilinha Procópio, Fábio Lima, Adilson Aragão, Ravi Landin,
Cléston Teixeira e, tantos outros, dezenas de outros, todos
Bandidos maravilhosos e afetuosos, enche meu coração de
vaidade e gratidão.

Akira Yamasaki – 27/03/2012.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Afeto furtivo

afetos menores
que nascem onde
menos se espera
sem fazer alarde
nem cobrar trôco
um obrigado siquer

afetos furtivos
quando percebemos
já estão instalados
posseiros parasitas
protegidos por títulos
de uso capião

akira – 23/03/2012.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Fábio Lima no Sarau da Casa Amarela (3)

Devido ausencias de Big Charlie e Escobar Franelas, impedidos
por força maior de comparecer ao Sarau do dia 09/03/2012 que
tinha como convidado especial o poeta, compositor e cantor
Fábio Lima, fui eu mesmo para o sacrifício e tentei filmar alguns
momentos do evento com uma máquininha fotográfica, apesar de
não ter nenhuma intimidade com a dita cuja.
Posto a seguir uma destas imagens, quando Fábio cantou "A
Chegada", composta por ele por ocasião do nascimento de seu
filho que hoje está com 10 anos de idade. Espero ter preservado
pelo menos a alegria, singeleza, beleza e emoção da canção.

Akira - 19/03/2012.
 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fábio Lima no Sarau da Casa Amarela (2)

fábio lima
é pássaro leve
cantador suave

que possui da manhã
o desfecho e a chave
e do sol a clave

é espécie de ave
da estirpe de raberuan
livre e suave na nave

akira – 15/03/2012.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Fábio Lima no Sarau da Casa Amarela (1)

Valter Passarinho proporcionou um momento de
alta sensibilidade musical que comoveu a todos os
presentes na última sexta-feira, 09/03/2012, no
Sarau da Casa Amarela que focou a obra do
cantor e compositor Fábio Lima.
Valter Passarinho, companheiro de longa data de
Fábio Lima, juntos e dentre outras coisas, e com
outros músicos da região, eles idealizaram e
montaram ainda na década de 1980, uma das mais
importantes bandas musicais da Zona Leste de São
Paulo, o Semente Africana, cujo som hipnotizante
arrasta uma multidão de seguidores por onde passa.
Valter Passarinho cantou "Roots Reggae", uma
canção de sua autoria, e quebrou a minha cara
porque eu pensava que ele era apenas um ritmista
genial e um importante militante cultural na região.
Para mim foi uma grata revelação esse seu lado
poeta e compositor, vivendo e aprendendo, meu
pai não cansava de me ensinar.
Posto a seguir o momento proporcionado por
Valter Passarinho na Casa Amarela, peço apenas
a compreensão de todos para a qualidade desse
video devido a precariedade do equipamento
utilizado e a nenhuma intimidade desse câmera
com a maquininha fotográfica.
Culpa do Escobar e do Big Charlie que deram
de faltar no mesmo dia ao sarau.

Akira - 12/03/2012.

Enorme ausencia

só faltou o charlie no sarau da casa amarela
na noite em que fábio lima era o convidado
ele não compareceu por motivo de doença
seu corpo estava moído, seus pés inchados
e todos ficaram aflitos com a sua ausencia

será que ele ainda está vivo? ele melhorou?
por via das dúvidas ontem acendi uma vela
bati tres vezes em madeira de lei e mesmo
ateu, rezei para que ele continue seu show
de alegria itinerante e prazer colhido a esmo

akira - 11/03/2012.

domingo, 11 de março de 2012

Sarau com Fábio Lima, por João Caetano

Akira e Sueli:

Que noite agradável foi a da  última sexta.
Que alegria reencontrá-los, rever o Zulu, Ceciro, o
Sacha e também conhecer novas gentes, novos
rostos, novos talentos.
Como me surpreendeu favoravelmente o Fábio! E
também os que deram uma pequena canja no sarau.
Quando tive de falar, nem sei o que falei. Espero não
ter dito bobagem. Valeu pela noite, pela alegria e
pela acolhida na casa.
Abaixo uma pequena  brincadeira, que é a melhor
forma de dizer que gostei  profundamente de rever
vocês.

Abraços:
JC

Casa Amarela


Foi uma noite de estrelas
Na humilde e tão bela
Eu diria até singela
Casa que se batiza
De Casa Amarela


Na noite repleta de brilho
Músicos, cantores e poetas
Cintilando em cada estribilho
Instantes mágicos  de festa


Foi noite de volta ao passado
Mas sem se sair do presente
Onde ouvimos emocionados
A cantoria de tanta gente.


A casa é mais do que casa
É abrigo, é doce lar
Para ajudar a criar asas
A quem nasceu para voar.


João Caetano – 11/03/2012.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dos varais de poesia do MPA (2)

Um poema de Ceciro Cordeiro


TERRA PACATA

Vivendo em terra pacata
No solo das jurubebas
Dentre patetas e pebas
No pólo da terra santa

Quando o juriti não canta
Avelóis é aventura
Que envolve serpente-cega
Calando macaco môco

Tenho medo e tenho amado
O eme da mão meu grito
A raiva o sorriso entrega
Calado alado e aflito

Somente a pena me apega
Quase sem cor sem coragem
Um segredo o sonho nega
Pra valer uma viagem.

Cecyro Cordeiro.

terça-feira, 6 de março de 2012

Dos varais de poesia do MPA (1)

Um poema de Edsinho Tomaz de Lima


O caminhão de lixo

Olha, lá vem
o caminhão de lixo, que bom....
uma vez que ele veio,
trouxe uma boneca para minha maninha.

Da outra vez trouxe um vestido igual
aqueles daquelas mulheres madames
que eu vejo na televisão
minha maninha ficou tão bonita...

Teve uma vez que o caminhão trouxe
bastante comida com sobremesa
e a gente comeu como nunca.

Ah!... Eu ia me esquecendo
teve outra vez que o caminhão
trouxe uma fitinha verde e amarela
que a gente pendurou na porta
para enfeitar o barraco.


Edson Thomaz, o Gordo (mais ou menos de 1979).

segunda-feira, 5 de março de 2012

O mutirão da catarata

no mutirão das cataratas, por mais de treze horas, a
espera indigna na fila quilométrica sob o sol suplicia
velhinhos ceguetas;

da entrada do shopping interlar, descendo e dobrando
a aricanduva por mais de dois quilomentros, eu nunca
tinha visto tamanha concentração de velhinhos por
metro quadrado, e ainda nem eram oito da manhã;

lá estavam eles, velhinhos, velhinhas e acompanhantes,
distintos em suas roupas de domingo, centenas deles
viraram a noite na fila e ainda faziam humor com a
própria desgraça: “nem gado é pior que velho nesse
país, é do curral para o matadouro”, “vida de velho é
uma bolha de sabão e o destino, e um sopro”, tá ruim”
e vai ficar pior;

lá estavam eles, vindos de todos os bairros da zona
leste, da móoca até itaim paulista e guaianazes, 
passando pela penha, tatuapé e cangaiba, belém, são
miguel, são mateus e itaquera, ermelino, sapopemba
e braz, cidade tiradentes, ae carvalho, artur alvim, vila
matilde e vila progresso, jardim robrú, jardim helena,
carrão, cidade líder e parque paulistano, patriarca,
engenheiro goulart e curuçá, todos os becos e vilas da
zona leste responderam presente e com seus velhinhos
fizeram-se representar;

lá estavam eles,
velhinhos e velhinhas
chegaram em comboio
das cidades vizinhas,
ferraz, mogi e itaquá,
suzano, biritiba e poá,
veio velho até de arujá;

lá estavam eles, vieram em todo tipo de condução, de
trem, de ônibus, a pé ou de bicicleta, de carro, carona
e até de lotação, de qualquer jeito que foi possível
chegar, com suas muletas e cadeiras de roda, velhinho
empurrando velhinho, todos trouxeram nos corações e
nos olhos embaçados pela catarata, a esperança da
claridade no sonho da cirurgia a laser para  enxergar de
novo com firmeza;

lá estavam eles, chegaram em progressão geométrica
no breu da noite, em jorros de enchentes e enxurradas
enquanto a porra da fila só começou a andar às oito e
trinta da manhã, em lentos passos de conta-gotas, em
lenta e indignante judiação e tortura de velhinhos sob
sol escaldante, quem chegou ä meia-noite foi atendido
às onze da manhã;

helicópteros sobrevoaram a longa serpente humana
como urubus e o prefeito aproveitou para sorrir e
acenar para a multidão sem rosto e os ambulantes
que aproveitaram o dia para fazer a festa, enquanto
aspones risonhos distribuiam santinhos de vereadores
e deputados na maior cara de pau, com ar de quem
faz o maior favor;

“políticos filhos da puta”, entredentes e estridente um
velhinho murmura, “falta de vergonha e respeito, até
em cima de catarata de velho querem ganhar votos”.

akira yamasaki.

Um poema de João Caetano, do tempo do MPA

O poeta Zé Vicente de Lima, que hoje em dia mora no Paraná
disponibilizou no Facebook um poema de João Caetano, dos
tempos do MPA. Faço questão de republicar aqui esse poema
que é um tsunami de de ternura e lirismo para cantar a sede  de
liberdade e justiça.

Akira - 05/03/2012.


Vou partir,
Mas não estou triste,
Pois o que me move são certezas
Que desconhecem fronteiras e correntes.
Ao longe, há um cheirinho bom de liberdade,
E os meus olhos famintos
Pressentem o brilho da estrela mais incandescente,
Anunciando terra nova, tempo novo
De água pura jorrando da fonte
Para lavar a alma torturada por tantos sofrimentos
Aquela canção mais bela
Que secou dentro da minha garganta
Vai raiar, colorida amanhã
De girassóis nas janelas abertas.
Minha voz não será mais esse gorjeio deserto
De ave de arribação
Livre cantarei em festa
A justiça filha dos calos de muitas mãos.
E livre cantarei também
Um corpo de mulher
Com olhos de orvalho e relva
Na pureza de uma nudez sedenta de amor.
Hoje, vou partir
Não como um fugitivo,
Mas como quem vai para encontrar
No fim desta estrada
Uma primavera nascendo
Num tempo feito para o amor

João Caetano.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sarau do Nhocuné, gol de placa do poeta Batalhafan


O Zé Carlos Batalhafan, poeta gigantesco e figura de proa
e emblemática da arte e cultura da Zona Leste marcou
mais um golaço de placa com o lançamento do Sarau do
Nhocuné que aconteceu no sábado passado, 25/02/2012,
no Bar Boa Boca, que fica na Avenida Gamelinha.
Começou com o pé direito o Sarau do Batalhafan, com
direito a lançamento e projeção de um Vídeo do jovem e
talentosíssimo cineasta David Wesley, o ArteRevolucionário,
e performances de vários poetas e músicos presentes que
falaram, cantaram e abrilhantaram a noite: Rosana Abou
Adal, Tiago Rufino, Enio Roberto da Silva, Luiz Gonzaga
dos Santos, Akira Yamasaki, Jocélio Amaro e o anfitrião
Zé Carlos Batalhafan.
E para fechar a noite com chave de ouro, o super-poeta e
escritor Escobar Franelas, a atração principal do 1º Sarau
do Nhocuné usou e abusou do seu direito de encantar e
fascinar os presentes com sua poesia e inteligencia e por
mais de uma hora declamou seus poemas, falou da sua
vida e carreira e caitituou o seu último livro, o ótimo
romance “Antes de Evanescer”.
Por tudo isso eu afirmo que começou com o pé direito o
Sarau do Nhocuné. Vida longa, então, ao Sarau do
Batalhafan.

Akira Yamasaki – 02/03/2012.