Quem tambem deu o ar da graça e bateu ponto no
8º Sarau da Casa Amarela foi Sacha Arcanjo que
deu uma canja e cantou "Menina Singela", dele e
do saudoso Raberuan. Muita gente se emocionou,
houve quem chorasse.
Na última sexta-feira - 27/01, no Sarau da Casa Amarela,
de dentro do baú de recordações de Jocélio Amaro
emergiu uma história deliciosa da sua infancia em
Cajazeiras - PB. Confiram.
Última sexta-feira, 27/01. Jocélio Amaro chegou à Casa
Amarela por volta de 20h30, depois de atravessar a
cidade dominada por uma cena comum no cotidiano dos
paulistanos: chuva intermitente e irritante, roupas e
sapatos encharcados, enchentes em várias ruas e
bairros, congestionamentos, metrôs e ônibus lotados, e
gente estressada falando sem parar nos celulares.
Depois de cumprimentar os presentes que assim como
ele conseguiram chegar apesar do dilúvio, Jocélio plugou
o violão na mesa, testou o som e abriu o seu baú de
canções, cantigas, repentes, baladas, recordações e
histórias da sua vida e da sua carreira artística. Pelas
duas horas seguintes abriu o seu coração de poeta maior
e deixou a todos supensos na emoção e na beleza da sua
música emoldurada por sua voz forte de cantador forjada
nos picadeiros de circo, pontas de feira, cantorias e
festivais de Cajazeiras, sua cidade natal na Paraiba.
E pelas horas seguintes Jocélio abriu seu coração como
eu nunca tinha visto. Soubemos então da sua infancia e
do início da sua carreira nos programas de calouros de
Cajazeiras, das suas principais influencias musicais e
culturais representadas nas figuras de Luiz Gonzaga,
Teixeirinha, Fernando Mendes, José Augusto, Roberto
Carlos e a mais marcante delas, Geraldo Vandré, que ele
descobriu quando entrou na Universidade da Paraíba.
Soubemos também, da sua chegada em São Miguel
Paulista há cerca de 12 anos atrás, quando conheceu
Zulú de Arrebatá, Raberuan, Edvaldo Santana e Sacha
Arcanjo, responsáveis por incorporar ao leque temático
da sua obra a problemática urbana e por estabelecer
no bairro, uma base para vôos futuros e maiores.
Por cerca de duas hóras Jocélio Amaro comoveu a Casa
Amarela com suas canções inspiradas na verdade da sua
vida e de quebra ainda surpreendeu e cativou a todos
com uma faceta desconhecida: a de contador de casos.
Já era madrugada quando dissemos adeus na porta da
Casa Amarela, a Jocélio que ia direto para Cumbica para
voar para o Nordeste, onde vai cumprir uma agenda de
shows. A chuva cessara e algumas estrelas eram visíveis
no céu.
Akira Yamasaki – 29/01/2012.
PS: Deixo de brinde um momento especial do último
Sarau da Casa Amarela, a canção “Morena”, do poeta
e compositor Naeno, de Terezina - PI.
“Porto” é a última canção do CD SACHA, 60, que
realizamos em 2009, no Projeto Memória Musical
em São Miguel, para homenagear os 60 anos do
poeta e compositor Sacha Arcanjo. É a canção
que Raberuan escolheu cantar no CD, dentre as
centenas da dupla, e é a última porque ele quis
assim.
É a última do CD mas a primeira a ser gravada,
lembro bem que no dia cheguei atrasado ao
estúdio dos Mi’s, pai e filho, e quando entrei,
surpreendi Cléston Teixeira, Mizão e Mizinho de
Carvalho, Raberuan e Silvio Kono mergulhados
no mais comovente dos silencios. Julguei ter
visto lágrimas furtivas nos olhos de Cléston e
Raberuan e perguntei o que acontecera, ao que
Mizinho respondeu apenas apertando o play no
“Porto” que tinha acabado de ser gravada.
Antes de chegar à metade da canção eu não
conseguia difarçar as lágrimas também.
Soube então, que tudo tinha sido de primeira.
De repente deu a louca no Mizinho que sentou
no piano e criou o arranjo. Deu a louca também
no Raberuan que entrou no estúdio e colocou a
voz de prima. Rápido e limpo.
Apresento clipe caseiro da canção "O maior carente", de Sacha Arcanjo, mais uma pedra preciosa extraida do garimpo do nosso grande poeta e compositor que foi registrada no CD SACHA, 60, em 2009, no Musical em Mi Estúdio's, para comemorar o seu aniversário de 60 anos.
A interpretação, preciosíssima também, é de Cléston Teixeira, com arranjos de Mizão e Mizinho de Carvalho e Direção Musical de Raberuan. As fotos e Edição do clipe são de Sueli Kimura.
O 8º Sarau da Casa Amarela acontecerá no dia 27/01/2012 – sexta feira, e o formato será o de sempre, uma primeira parte com microfone aberto a todas a expressões e linguagens artísticas presentes, e um segundo momento dedicado a um convidado especial.
No dia 27 o nosso convidado será o muito especial Jocélio Amaro, genial poeta, compositor e cantor paraibano que chegou há mais de 12 anos em São Miguel Paulista onde plantou uma base sólida para construir um caminho cheio de sacrifícios mas vitorioso, com 04 CDs gravados e uma legião de admiradores por toda cidade.
Agendem essa data e não deixem de comparecer. Jocélio falando seus poemas, cantando suas canções e respondendo sobre a sua arte e carreira será imperdível.
8º Sarau da Casa Amarela
Data 27/01/2012 – sexta feira
Horário 20h
Local Casa Amarela
Rua Julião Pereira Machado, 07
(rua do Colégio Hugo Takahashi
próximo à SABESP)
São Miguel Paulista – São Paulo
Convidado Jocélio Amaro
Realização IPEDESH e Alucinógeno Dramático
Poderia eu chorar no jardim de Hydeko?
Não sei.., talvez!
Não conheço Hydeko, tampouco seu jardim
Posso te-los vistos mas não percebi
Mas eles já existem em mim
Desde que parti por essas águas dos rios da poesia.
Vislumbrei em meus sonhos
O jardim com seus colibris
Suas pétalas róseas
Flores avermelhadas
Fêmeas de pássaros, azuladas
O jardim de Hydeko, está tão próximo do éden
Que dentro de mim luto para saltar fora
A serpente da desilusão.
Poderia eu chorar minhas tristes lágrimas no jardim de Hydeko?
Encharcando seu solo, dando vida aos insetos e pássaros.
A sabia natureza fez o jardim e botou lá dentro Hydeko
Para abençoar-nos.
Big Charlie - 11/02/2011
Nota do Akira: O Big Charlie, depois de chegar como quem
não quer nada, tomar a minha cachaça e a minha cerveja, tomar
posse da Casa Amarela, roubar os meus amigos, é um tal de
Big Charlie pra lá, Big Charlie pra cá, ele agora escreve poema
para Hideko e seu jardim sem siquer conhecê-los.
Soube que ele se aposentou e vai ter todo tempo do mundo
para azucrinar a vida dos amigos, agora quem vai segurar o Big
Charlie? Espero que ele arrume um novo emprego logo.
Esse Big Charlie é mesmo um cara de pau. Akira.
não tenho pra onde seguir
sou um fantasma de mim
perambulo ao meu redor
na dura e vazia escuridão
como as palmas das mãos
conheço vãos, corredores
e medos do meu coração
ecoam na noite sem fim
velhas palavras e olhares
perdidas paixões e amores
de outros tempos e lugares
quando não haviam ainda
dores e doenças frequentes
memórias de dias contentes
risos de alegrias inocentes
com os anos se tornaram
canções tristes e desertas
que varrem a noite incerta
e a solidão da minha alma
como um vento inclemente
como estrelas cadentes
os jornais estampam
nas capas e cadernos internos
fotos de meia página até
da legião de nóias
que caminham à luz do dia
pelas ruas do centro de são paulo
feito mortos vivos
farrapos humanos enrolados
em seus cobertores corta-frio
cada imagem
é um tapa que estala na cara
de mão aberta
e o que dói
é que não dói mais
Posto a seguir, link para o clipe caseiro de “Último reduto”, uma canção de autoria de Osnofa e Edson Lopes, provavelmente composta em meados dos anos 1970, que tive a honra de ajudar a produzir e gravar no CD “PRA MIM”, de Osnofa, pelo Projeto Memória Musical de São Miguel Paulista, com o objetivo de resgatar e registrar parte da obra poético/musical do nosso grande cantor e compositor.
Gravado no Musical em Mi Estúdio’s em 2010, com Arranjos de Mizão e Mizinho de Carvalho, Direção Musical de Cleston Teixeira e Raberuan, e Produção de Edsinho Tomaz de Lima e Akira Yamasaki, o CD “PRA MIM” foi realizado com recursos arrecadados no bom e velho formato “ação entre amigos” e venda antecipada de discos, que constituiram o grosso da grana necessária.
O clipe de “Último reduto” foi montado e editado por Claudemir Darkney Santos com fotos do Pré Lançamento do “PRA MIM” que realizamos no dia 20/11/2010 para entrega dos discos vendidos antecipadamente e agradecimento ao envolvimento dos amigos e pela confiança depositada no projeto. As fotos são de Carlos Alberto Rodrigues – o Big Charlie, Sueli Kimura e Akira Yamasaki.
Ah, antes que eu me esqueça, as vozes de “Ultimo reduto” são de Osnofa e Edsinho Tomaz de Lima.
Meu nome é Akira Yamasaki e nesse espaço vou contar minhas histórias. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que torna-me fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado.
Menino cheguei do interior do estado em 1964 na Curuçá - Itaim Paulista e desde então só tive dois endereços, a própria Curuçá e o Jardim das Oliveiras, onde moro desde 1975.
As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino.
Nunca mais parei. Foi no MPA também que conheci Sueli Kimura, magra como um ramo espichado de sakura, japonesa de olhos indaquentos e inteligencia incômoda, beleza oriental de traços suaves e intrigantes. Paixão fatal e casamento.